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11 alimentos importados perigosos

A Coldiretti é a associação italiana de agricultores, uma raça em fase de extinção.
Autênticos dinossauros, teimam em lançar alarmes que têm como base um hipotético quanto misterioso conceito de “alimentação saudável”, sendo por isso ignorados por boa parte da população.

Tive a ocasião de conhecer um bom números de associados da Coldiretti em tempos: indivíduos esquisitos, que vivem no meio dum ambiente selvagem, rodeados de animais exóticos quanto perigosos (“Estas são as galinhas e aí temos os coelhos” diziam eles), praticando um estilo de vida antinatural: quem no seu perfeito juízo comeria algo que pouco tempo antes estava plantado na terra, entre vermes e formigas? Fruta e verdura nascem e compram-se no supermercado, como sabemos; mas tentem fazer entender certas coisas a pessoas como estas…

Não admira, portanto, que estes agricultores passem o tempo em actividade fúteis tal como analisar os produtos importados: não apenas não conseguem perceber a razão pela qual na Italia são importadas laranjas sem que haja necessidade alguma disso (tentar explicar o correcto funcionamento da economia é missão impossível perante certas pessoas), como até controlam nas mesmas laranjas a presença ou menos de ingredientes que eles consideram como “perigosos” (sic!).

E, uma vez encontrados, agitam-se, gritam, tentam montar um escândalo, sem perceber que o único resultado é aquilo de parecer ainda mais patéticos e desactualizados.

Falam de “produtos químicos em excesso”, sem perceber que são aqueles mesmos produtos químicos que conferem ao fruto um aspecto delicioso, como se tivesse acabado de sair da fábrica. Falam de fito-fármacos como se estes fossem uma praga: mas não são os fármacos algo que protege contra as doenças? Se sim, como podem ser maus?

O último alarme, da semana passada, inclui uma lista de produtos que, segundo a Coldiretti, põe em risco a saúde do consumidor: frutas e vegetais que contêm doses elevadas de “químicos”.
Eis a lista:

  1. Pimenta do Vietnã (irregular no 61,5% dos casos)
  2. Romã da Turquia (40,5%) 
  3. Figos do Brasil (30,4%)
  4. Maracujá da Colômbia (25,0%) 
  5. Lentilhas da Turquia (24,3%) 
  6. Laranjas da Uruguai (19,0%) 
  7. Abacaxi do Gana (15,6%) 
  8. Folhas de chá da China (15,1%) 
  9. Arroz da Índia (12,9%) 
  10. Feijão do Quênia (10,8%) 
  11. Caqui de israel (10,7%)     

Agora, é normal ter atenção perante os produtos de israel: uma pessoa deixa um caco sozinho e quando volta encontra a cozinha ocupada já com alguns colonos a construir casas.

Mas o resto? O chá da China? O chá é o produto chinês por definição! Os chineses têm uma tradição milenária no assunto e bem sabem utilizar os químicos que conferem ao chá um bom aspecto, os químicos para protege-lo das doenças, os químicos para exaltar o seu sabor, os químicos para que resista durante o transporte. A bem ver, é normal que no chá haja mais químicos do que chá.

Mesma coisa pode ser dita acerca do arroz da Índia (para o qual temos que acrescentar os químicos de branqueamento: quem deseja comer um arroz com imperfeições?).

Pegamos no caso do pimentão do Vietnam, no qual foi encontrada a presença de Difenoconazole, de Hexaconazol e Carbendazim. Então?
– o Difenoconazole é um fungicida, isso é, destrói cogumelos. E acho muito bem: compro um pimentão e tenho que levar cogumelos também? Onde está a minha liberdade de escolha?
– o Hexaconazol é outro fungicida, elimina Ascomycota e Basidiomycota: já dos nomes percebe-se que estas são coisas feias, bem venha o Hexaconazol. E paciência se este for cancerígeno, cedo ou tarde todos temos que morrer de alguma forma.
– o Carbendazim é usado para controlar doenças vegetais. Estudos descobriram que o Carbendazim destrói os testículos de animais de laboratório. Mas não compramos o pimentão do Vietname para consumi-lo à mesa, não em laboratório, portanto não há problema.

“Mas”, diz a Coldiretti, “muitos destes químicos estão proibídos em Italia e em muitos outros Países europeus”.
Olha, uma boa ocasião para actualizar as leis, evidentemente obsoletas.

Não caiam nesta, ignorem estes profetas de desgraças, comprem com imutada confiança os produtos da lista, comprem sobretudo produtos importados, porque é assim que podemos fazer crescer o PIB mundial: ajudando as fábricas de frutas e vegetais de Países que precisam, o facturado das empresas que produzem químicos, os transportadores, os distribuidores, os produtores de petróleo…
É todo um mundo que agradece.

Ipse dixit.

Fonte: Coldiretti