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Copa do Mundo 2014: talvez alguns problemas

A pouco menos de um mês e meio do início da Copa do Mundo, o que sabemos na Europa da
situação no Brasil?

Não muito: alguns trabalhadores que precipitam nas obras, alguns choques nas favelas. E de vez em quando temos até que ouvir Pelé.

A violência nas favelas chegou a níveis preocupantes. No início de Abril, mais de 2.500 policiais e fuzileiros navais foram enviados nas áreas mais sensíveis para ajudar a polícia local e manter a situação sob controle, mas sem grande sucesso. Na periferia do Rio de Janeiro, até o exército foi enviado nos confrontos entre a polícia e a população.

Na verdade, o problema não são os habitantes das favelas, mas os bandos que aí operam e que fazem crescer os índices de criminalidade de forma exponencial. Em particular, na favela Mar, não muito longe do aeroporto de Rio, há uma sangrenta guerra de bandos: Terceiro Comando Puro dum lado e Comando Vermelho do outro, com ataques contra unidades policiais no meio segundo as autoridades.

Até agora, este ano, 16 policiais foram mortos no “Programa Pacificador”, conforme definido pelo governo há dois anos, quando foi implementado para reduzir o nível de criminalidade nas favelas.

Ao Sunday Telegraph, um membro dessas comunidades disse:

A verdade é que não há paz. A polícia fica no interior das favelas, mas o tráfico de drogas continua e nada mudou. Tudo isso é para os turistas e para a Copa do Mundo, mas não vai mudar nada.

Além disso, muitos acusam a polícia de uso indiscriminado e excessivo de violência até provocar a morte de inocentes. No passado 22 de Abril, um famoso cantor local, Douglas Rafael da Silva Pereira, foi morto em Pavão Pavãozinho, uma favela perto de Copacabana, e a população está convencida de que a polícia foi a responsável. A situação tornou-se tão perigosa que os hotéis na área tiveram que barricar as portas, com a polícia que fechou as estradas e a estação do metro nas proximidades.

Um morador desta favela em Copacabana disse à Associated Press:

Este esforço para pacificar as favelas é um fracasso; a violência policial substituiu a que era praticada pelos bandos do tráfico de drogas.

De facto, muitas pessoas argumentam que este programa, concentrado principalmente no interior da cidade, não tem feito nada mais que deslocar as actividades criminosas desde o centro para os subúrbios, onde os níveis de criminalidade têm aumentado significativamente: de acordo com um relatório da ONU no ano passado, onde os roubos eram 4.700 no ano passado, agora são 6.700 este ano; ainda mais grave é a taxa de homicídios, 50.000 por ano, o que torna o Brasil mais perigoso do que Ruanda, Serra Leoa ou Nicarágua.

No entanto, é importante relatar que inicialmente este programa de pacificação tinha conseguido algumas melhorias: em 2007 a ​​taxa de homicídios era de 37,8 por 100.000 habitantes, em 2012 foi reduzida pela metade (18,9).

A tensão é elevada: são esperadas 600 mil pessoas de todo o mundo e a presidenta Dilma Rousseff encontra-se em plena campanha.

A mesma FIFA está preocupada com a situação, nas palavras do director de marketing Thierry Weil: Entre os nossos parceiros comerciais há muita discussão sobre os distúrbios e se irão repetir-se na Copa das Confederações, por isso há um monte de perguntas. […] Acreditamos firmemente no País, nas cidades, no governo e no seu avançado sistema de segurança.

Mas há motivos de preocupação: o assassinato de Pereira provocou uma revolta violenta, onde os moradores fabricaram explosivos caseiros e puseram fogo em vários pontos de bairro.
E faltam um mês e seis dias…

Para acabar, eis a voz de Pelé, outrora um deus da bola, agora um indivíduo com alguns problemas:

Ipse dixit.

Fontes: International Business Times, Miami Herald