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Insólito: estrela ou planeta?

Estrelas, planetas, planetóides e…?
Pode haver algo mais.

A descoberta de Roxs 42Bb desafia as actuais teorias acerca da formação dos planetas, das estrelas, tal como a classificação dos corpos celestes .

É um objeto grande cerca de 9 vezes a massa de Júpiter, por isso enorme, mas ainda abaixo do limite reconhecido pela maioria dos astrónomos para marcar a diferença entre um planeta e uma anã marrom ou castanha: esta última é um corpo celeste de baixa luminosidade que não consegue iniciar a fusão do hidrogénio no seu núcleo.

Sendo que a sua massa é superior à de um planeta, mas não tão massiva quanto a de uma estrela, as anãs castanhas são consideradas estrelas fracassadas.

Mas não é este o caso de Roxs 42Bb. O objecto, que está localizado a uma distância da sua estrela 30 vezes maior daquela entre Júpiter e o Sol, na verdade não é grande o suficiente para ser classificado como uma anã castanha, e é demasiado longe da sua estrela para ser considerado um planeta “normal”. Roxs 42Nb fica assim numa área desconhecida do espectro entre os planetas e as anãs castanhas.

Fotografia de Roxs 42 Bb. A estrela principal, no centro da imagem, é ocultada para que a sua luz não ofusque os objectos nas proximidades (tal como o mesmo Roxs 42 Bb)

Thayne Currie, da Universidade de Toronto e autor principal do estudo publicado acerca do objecto, acredita que a descoberta de Roxs 42Bb pode preencher o vazio entre as duas classificações e estimular novas pesquisas na teoria da formação das estrelas e dos planetas.

Temos uma descrição muito detalhada do objecto que cobre um período de sete anos, em que foi medida a sua gravidade, a temperatura e a composição molecular. No entanto, não somos capazes de determinar se se trata de um planeta ou duma estrela falhada.

Outra dúvida: come pode ter-se formado um objecto como aquele?

As maioria dos astrónomos acreditavam que os planetas gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno, são formados por acreção da base, na qual antes é formado um núcleo sólido em torno do qual, em seguida, é constituído um “envelope” gasoso. Esta dinâmica parece funcionar de forma mais eficaz na vizinhança da estrela-mão (como no caso de Júpiter ou Saturno no nosso sistema solar), devido ao reduzido tempo necessário para a formação do primeiro núcleo.

Outra teoria atribui a formação dos planetas gigantes gasosos a instabilidade do disco de gás em torno de uma estrela jovem, um processo pelo qual uma parte do disco cai directamente sob a sua própria gravidade para formar um planeta. Neste caso, parte da nuvem de gás que formou o Sol “colapsou” sobre si mesma nas áreas onde hoje encontramos Jupiter, Saturno mas também Úrano ou Neptuno: é uma “instabilidade” do disco de gás e pó.

Continua Currie:

É muito difícil saber se este objecto pode ter sido formado como Júpiter. Além disso, tem uma massa muito baixa para ser considerada uma anã castanha típica . A instabilidade do disco pode funcionar dada a distância da sua estrela

Os pesquisadores acreditam que Roxs 42Bb poderia dar início a uma nova classe de objectos celestes: as anãs marrons com massa planetária.

Esta situação é um pouco diferente do que quando foi preciso decidir se Plutão era um planeta. A questão era saber se um objecto de massa tão baixa poderia ser considerado um planeta. Aqui, a questão é se um objecto tão grande, mas tão longe da sua estrela, é ou não um planeta. Se sim, como formou-se?

Ipse dixit.

Fontes: University of Toronto, Arvix, Il Navigatore Curioso