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A Fed e os lingotes anormais

…e hoje falemos de ouro.

Há um ano, no dia 16 de Janeiro de 2013, o Banco Central alemão, o Bundesbank , disse que iria trazer de volta para casa todas as 374 toneladas de ouro depositadas no Banco da França, em Paris, assim como as 300 toneladas detidas pela Federal Reserve em New York. Tudo isso não de imediato mas até o ano 2020.

Um ano depois, os alemães foram capazes de trazer para casa apenas ​​37 toneladas de precioso metal.
E apenas 5 toneladas vieram dos Estados Unidos, o resto de Paris. Mas a Fed detém (em teoria) 45 % do ouro alemão.

Escusado será dizer que isso tem provocado novas dúvidas sobre se o ouro da Alemanha ainda existe nos cofres de Manhattan ou se foi emprestado ou vendido. Na época do anúncio original da Bundesbank, havia rumores sobre o facto de que a Alemanha quisesse o seu ouro de volta por causa de um par de meses antes a Fed ter negado aos funcionários alemães a possibilidade de ver o metal.

As motivações fornecidas até aqui para justificar as “apenas 5 toneladas” de New York são basicamente duas, como reportado pelo diário Die Welt am Sonntag:

O Bundesbank explicou a situação dizendo que o transporte de Paris era mais simples e, portanto, foram capazes de começar mais rapidamente.

O que faz um certo sentido. Todavia 5 toneladas num total de 300 são mesmo pouca coisa. Eis portanto a segunda explicação:

Os lingotes depositados em Paris têm uma forma alongada com bordas arredondadas de acordo com o padrão London Good Delivery. Por outro lado, os lingotes guardados pela Fed têm uma forma mais antiga. Será preciso fundi-los novamente. E a capacidade de fundição é limitada.

Que como justificação é…”assim assim”. Sobretudo tendo em conta que a Alemanha pediu a ajuda do famigerado Banco de Compensações Internacionais, o “banco central dos bancos centrais”, que é especializado na actividade de transporte de centenas de toneladas de lingotes por ano.

O diário alemão publica também uma imagem que mostra as diferenças entre os novos e os antigos lingotes:

Ehhhhh, pois, temos de admitir: transportar um lingote assim não é nada simples…

A situação é bem resumida por Bill Gross, da Pimco, a maior empresa de gestão de dinheiro do mundo, que num tweet escreveu:

@ PIMCO Grosso: Há relatos de que a Alemanha está a trazer de volta o ouro de New York/Paris para Frankfurt. Os bancos centrais não confiam uns nos outros?

Pois.
Já em Novembro de 2011, por exemplo, a Venezuela importou cerca de 180 toneladas de ouro guardadas nos cofres de Londres e em outros lugares para armazena-las no Banco Central, em Caracas: ordem do falecido presidente Hugo Chávez.

Resumindo, fica a dúvida: ainda há nos cofres de New York o ouro “guardado” pelos outros Países?

 
Ipse dixit.

Fontes: Mining, Die Welt, LewRockwell