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Gerald Celente: as tendências de 2014

Podemos ou não gostar dele, mas Gerald Celente consegue boas previsões.

No começo do ano passado estava à espera de:

Portanto, não de verdadeiras “previsões” seria melhor falar, quanto duma atenta análise do presente para individuar as tendências no médio prazo. E nisso Celente é bom.

E acerca do ano 2014?
Vamos ver também neste caso quais as próximas “previsões”.

Um dos aspectos mais difíceis nas previsão das tendências é colocar os eventos na altura adequada. Dizer “cairá um avião” é bem diferente do que dizer “cairá um avião no dia 16 às 21:06”. E quando se trata de economia, há muitas variáveis desconhecidas que podem mudar as coisas.

Celente, por exemplo, tinha previsto o colapso de 1987, a crise monetária asiática de 1997 e o pânico de 2008, mas errou acerca de 2010, porque a Federal Reserve e bancos centrais de todo o mundo começaram a bombear dezenas de triliões de Dólares no sistema financeiro.

E agora? Agora podemos razoavelmente esperar que no mês de Março, mais tarde até o final do segundo trimestre, haja uma onda de choque económico que vai abalar os mercados accionários globais?
Celente acredita nisso. E ao ouvir o chefe do Banco Central Europeu, Mario Draghi, afirmar que “a crise passou”, eu também.

Podemos escolher um País ou continente qualquer, tanto faz: cada um tem a sua Chinatown. As maciças compras globais dos chineses, que estão actualmente em uma fase de crescimento, irão acelerar significativamente durante 2014.

Minas de carvão na Zâmbia, apartamentos de luxo em New Iorque, terras agrícolas na Ucrânia … uma variedade infinita de projetos chineses estão a incubar em todo o mundo . Se existe uma possibilidade comercial ou uma necessidade ainda não atendida, aí vão encontrar um chinês.

Ricos investidores, licenciados desempregados, trabalhadores qualificados e não qualificados, todos irão migrar duma Nação super-povoada, congestionada e altamente poluída.

O despertar começou. Nada de espiritual, ou melhor: não apenas isso. Aqui trata-se mais dum despertar bem mais pragmático.

Em 2013, a Casa Branca e o Congresso dos EUA têm mostrado uma extrema incompetência através de uma longa série de fracassos. A partir da “paralisação do governo” (o shut down, causado pela falta de acordo sobre o orçamento), do fracasso no “tecto da dívida”, a atitude sem sentido na Síria…

As pesquisas mostram que a maioria dos cidadãos tem vindo a acumular contra os políticos um desprezo e um senso de ridículo sem precedentes na América moderna. Mas este fenômeno não se limita apenas à América: a desconfiança dos cidadãos em todo o mundo está a tornar-se um desprezo universal para os partidos políticos. As medidas de austeridade draconianas e as políticas económicas punitivas atiraram milhões de pessoas para a pobreza e trouxeram milhões de manifestantes nas ruas.

Quais as possíveis consequências? Guerras civis, revoltas, rebeliões, motins? São estas as possibilidades duma população cansada, que em alguns casos não tem mais nada a perder.

Luta de classes? Sim, mas esqueçam Marx.

Os idosos constituem o segmento de usuários que mais está a crescer no mundo dos “media sociais” e no próximo ano veremos as empresas adoptar estratégias muito agressivas para desenvolver o potencial económico associado a este segmento.

O leque de possibilidades é grande: casas de repouso, campanhas políticas, direitos civis.

Independentemente de como os políticos profissionais ou os media costumam descrevê-lo, o “populismo” é uma mega-tendência que está a varrer a Europa, e logo se espalhará por todo o mundo.

Com os Países atolados numa longa recessão e forçados a seguir as medidas de austeridade do trio UE- BCE – FMI, com as pessoas revoltadas com a corrupção dos partidos políticos, os movimentos populistas irão tentar recuperar a identidade nacional e livrar-se da dominação do Euro e de Bruxelas. Esses movimentos vão querer derrubar os partidos do governo e construir novos.

A insatisfação na Zona Euro é tão profunda que os populistas ganharão cerca de 25% dos assentos no Parlamento Europeu nas eleições deste ano.

Diz o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta:

Corremos o risco de ter um Parlamento Europeu mais anti-europeu como nunca houve. O aumento do populismo é hoje o principal problema social e político europeu. Combater o populismo, na minha opinião, é uma missão, tanto na Itália como em outros Países.

Bravo Letta. Mas antes de começar o combate, pergunta-te por qual razão explodiu o “populismo”. E, em caso de dúvidas, compra um espelho.

A riqueza total das pessoas nos Estados Unidos alcançou 77mil biliões de Dólares. Impressionante, sem dúvida. Só que a maioria das pessoas vive com as migalhas, o numero de novos pobres não pára de crescer.

Numa uma economia agrícola baseada na produção em massa de alguns produtos, feitos em grandes plantações e impulsionada pelas necessidades de lucro das empresas, o resultado mais óbvio é um tipo de trabalho part-time, de baixa remuneração, projetados para fugir das responsabilidades sociais das empresas. O que aumenta o número de trabalhadores pobres, um grupo que inclui agora também licenciados, devedores, subempregados e idosos.

Entretanto, quase metade dos pedidos de auxílio (aqueles feitos para evitar a fome ou a falta duma habitação) vêm de pessoas com empregos a tempo inteiro. O que obriga a reflectir.

As greves de 2013 dos trabalhadores dos fast-foods, que exigiam um salário mínimo mais elevado, são apenas uma amostra do que está por vir.

Algumas das tendências de rápido desenvolvimento que foram identificadas para 2014 irão fundir-se numa inclinação positiva e altruísta: o bem comum e o bem-estar dos outros.

Mais voluntariado, mais busca do sentido da vida, mais consciência acerca do planeta, dos recursos dele: isso também para combater a pobreza e uma cultura mercantilizada.

Neste sentido, internet terá um papel de primeiro plano: as pessoas querem descobrir um lado mais humano e humanista da nossa sociedade.

Não há muito para dizer neste aspecto: a “mercantilização” avança, não poupa nada e ninguém. Nem a saúde das pessoas.

Os dados sobre o estado de saúde dos indivíduos, a conduta deles, os seus marcadores genéticos: tudo isso foi canalizado para uma ampla gama de bancos de dados. E isso tem implicações positivas e negativas.

Os pesquisadores, por exemplo, terão mais facilidade para antecipar e potencialmente prevenir as doenças. Mas, colocados nas mãos erradas, os dados podem ser usados ​​para explorar os indivíduos em prol dos lucros.

Nova geração? Mais ou menos. Falemos aqui das pessoas nascidas entre 1945 e 1965: e vamos ver um aspecto positivo desta crise global.
Se for verdade (e é bem verdade) que a crise atirou para a pobreza centenas de milhões de pessoas, é também verdade que nas condições negativas podemos encontrar as energias para renascer. É disso que falemos.

Trata-se de sobrevivência, trata-se de deixar de pensar numa reforma que provavelmente não existirá. Seja qual for a razão, há uma geração que será obrigada a repensar o próprio futuro e tomar novas decisões.

Sobrevivência, como afirmado, mas também vontade de expressão duma potencialidade cada vez mais enterrada por parte duma sociedade que não consegue dar respostas e oportunidades.

Mais empreendedorismo, mas também auto-realização e não apenas no âmbito material.

Os receios de que as plataformas de educação online não forneçam a profundidade e a eficácia da aprendizagem existem ainda, mas estão a desaparecer. Em todo o espectro da educação, a aprendizagem on-line será expandida para incluir não só os cursos de instrução, mas também experiências completas de vida real, com a notável participação da comunidade empresarial, sempre faminta por talentos.

As implicações serão enormes. E as possibilidades também para melhorar a própria formação e cultura.

Ipse dixit.

Fonte: King World News