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Light, probióticos, sugar free: mas úteis?

Mais alguns quilinhos?
Alguns sentidos de culpa?
Ou simplesmente a ideia de apresentar-se na praia em condições decentes?
Eis que chega a ajuda: a comida light.

Comida e bebidas, suplementos dietético, iogurtes probióticos, bolachas sugar free, menos 30% de gordura: estes são os produtos que prometem benefícios para a saúde e são os únicos cujos volume de negócios cresce constantemente.
São mais caros, mas vendem.

Tudo bem, mas pelo menos servem? Pago mais, mas aos menos emagreço?

O semanal Espresso submeteu ao exame de nutricionistas e juristas alguns dos produtos mais vendidos, os mesmos que podemos encontrar em qualquer prateleira dos supermercados.

O primeiro problema é que a comida light é um incentivo: o consumidor tende a consumir maiores quantidades de comida “leve” e se contarmos as calorias engolida num dia, o total é igual ao assumido com os produtos tradicionais.

Depois há o caso pior, no qual a comida light não substitui mas complementa os pratos tradicionais. E as calorias crescem ainda mais. 

Então é preciso ver como o limite de 0,1% de gordura gritado na embalagem for atingido.

No caso do leite, este é centrifugado para remover a gordura e tornar-se “leite com baixo teor de gordura. Mas desta forma são removidas também as proteínas e as vitaminas essenciais. No final, bebemos um líquido esbranquiçado, com pouco sabor, nenhum nutriente, algumas calorias.

Exacto: bem melhor o leite integral, tendo atenção à quantidade.

Em todos os outros casos (derivados de pão, bolachas, bolos, maionese, etc ), no processo de fabrico as gorduras devem ser substituídas por outro ingrediente, isso para manter o sabor e volume do produto. Qual este mágico ingrediente? Ar e da água. Resultado: a sensação de saciedade fica cada vez mais longe e temos vontade de comer mais.

Do ponto de vista fisiológico, os adoçantes estimulam os centros cerebrais do gosto de uma maneira diferente de quanto feito pelo açúcar: o efeito deles é maior (há ressonâncias magnéticas que comprovam isso), portanto aumentam o desejo de comer algo doce. Também alteram o metabolismo, pois o sabor doce não é seguido por uma ingestão de calorias, coisa que o cérebro espera acontecer: o resultado é que o corpo procura outro alimento doce, acumulando assim calorias não necessárias.

Nas cobaias os efeitos são óbvios: aquelas alimentadas com adoçantes artificiais, comem mais calorias totais e ganham peso mais rapidamente do que os animais que têm uma dieta que inclui o açúcar comum.

Nem vamos aqui aprofundar o discurso relativo ao aspartame, o adoçante mais utilizado no âmbito light:  são cada vez mais os estudos que confirmam esta como uma substância neurotóxica e cancerígena,  que interage com praticamente todos os medicamentos em circulação.

A situação piora no caso dos suplementos alimentares. Produtos a meio caminho entre comida e remédios, prometem benefícios de vários tipos: menor absorção de gordura, redução do colesterol “mau”, até protecção contra alguns tipos de câncer.

Neste caso, o raciocínio é perverso: se aqueles que comem muitas frutas e vegetais ficam melhores (e a epidemiologia confirma), porque não isolar os compostos químicos responsáveis ​​por esse efeito, transforma-los em comprimidos ou gotas e livrar-se do incómodo de comer a maçã ou a cenoura?

Eis portanto os suplementos com fibras, polifenóis, flavonóides, carotenóides, quitosana e glucomanan, cromo, iodo, extractos de algas e plantas exóticas. Por acaso:outro mercado em pleno crescimento.

Primeira coisa: o consumidor é capaz de entender se realmente os produtos contêm os elementos publicitados? E, mais importante ainda, em qual percentagem?

Nos dois suplementos analisados pela revista, o fermento Matt & Diet e um suplemento de Aloe Vera de Tradição, a alegação no rótulo sobre um produto “naturalmente rico em vitaminas do complexo B’ ou ‘rico em substâncias valiosas, incluindo os polissacáridos’ não encontram justificação numa tabela nutricional que permita verificar a presença de todas estas substâncias e a quantidade delas.

Mas mais uma vez são em particular os nutricionistas que desencorajam o uso destes produtos, a não ser em casos de especiais necessidades medicas. Andrea Ghiselli, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa sobre Alimentação e Nutrição

Não existe um alimento saudável, há apenas uma dieta saudável. Comer coisas simples, não muitas e variadas. Aqueles que seguem estas dicas e fazem um pouco de movimento podem ignorar todos os produtos light, probióticos ou qualquer outra coisa. A ideia de corrigir estilos de vida errados com alimentos “retocados” é perigosa. Basta olhar como faliu nos Estados Unidos, onde a epidemia da obesidade é imparável…

Ipse dixit.

Fonte: L’Espresso (edição nas bancas)