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O grande bolo

Calma, relaxem: esqueçam as dívidas, o dinheiro, os bancos.
Agora falamos do céu.

Então é assim.
Nós vivemos num Universo para explicar o qual foram criadas muitas teorias com o passar do tempo.

Nesta altura temos uma boa teoria, fruto em boa parte dos princípios intuídos por Albert Einstein. Temos uma hipótese acerca do nascimento do Universo (Big Bang), do seu desenrolar-se (a Teoria Inflaccionária), do aparecimento das estrelas, até temos uma ideia de como pode ter-se formado a Terra.

Dito assim parece um quadro bastante completo.
Afinal, o que falta?
Não muito, apenas um pormenor: o 96% do Universo.

Isso mesmo: não somos capazes de descrever mais de 90% do que nós rodeia. Temos hipóteses, teorias, mas faltam dados que possam comprova-las e todos os esforços, até agora, foram inúteis.

Segundo os cálculos, o Universo é formado da seguinte forma:

  • 74% Energia Obscura
  • 22% Matéria Obscura
  • 3.6% Gases Intergalácticos
  • 0.4% Estrelas, planetas e outra matéria visível.

Energia e Matéria Obscuras, que juntos formam o tal 96%, “devem” existir em algum lado, caso contrário, os nossos modelos astrofísicos acerca da estrutura (mas também do nascimento) do Universo pode ser atirados às urtigas.

Pergunta: mas porque raio têm que existir uma matéria e uma energia obscura? O Universo não pode ser constituído apenas pelas coisas que conseguimos ver? Estrelas, planetas, coisas assim?

Bravo Leitor, pergunta perspicaz.
O facto é que as observações não correspondem aos nossos modelos teóricos.

É um pouco como passar na frente duma montra e observar um grande bolo, com uma camada de
chocolate e morangos no topo. Nós observamos o bolo e pensamos: “Uauh! Este deve ser delicioso…no interior de certeza haverá outro chocolate e camadas de creme…”.

Compramos o bolo e, uma vez fatiado, descobrimos que o interior está vazio. Mas, segundo as nossas ideias, isso não é possível: deve haver algo que sustente as camadas externas de chocolate e morangos!

Os astrofísicos vêm o bolo (o Universo), mas não conseguem ver o recheio: assim como aparece, “vazio”, o bolo nem deveria existir. Portanto, grande esforço por parte da comunidade científica mundial para encontrar uma prova. E aqui entra em jogo LUX. Quem é este LUX?

LUX significa Large Underground Xenon experiment e é um dispositivo capaz de detectar a passagem de partículas maciças mas que reagem debilmente com a matéria (as chamadas WIMP, Weakly Interacting Massive Particles), entre as maiores suspeitas de constituir a Matéria Obscura.

LUX está em função na Sanford Underground Research Facility do Dakota do Sul (EUA), pesa como um autocarro e foi calado numa antiga mina de ouro, para defende-lo dos raios cósmicos. E para minimizar os efeitos da radiação natural. está rodeado de 300.000 litros de água.

Lançado há três meses, o LUX  desempenha um papel fundamental na tentativa de entender o Universo, nós incluídos: por isso a expectativa é particularmente elevada.

Afirma Mattew Szydagis, ccordenador da análise dos dados, é feliz:

LUZ está a produzir os melhores resultados no mundo.

O que conseguiu encontrar LUX? Nada.
Não “pouco”, mas nada mesmo.

É ele: é LUX!

Recentemente, um grupo que trabalha numa outra pesquisa tinha anunciado a identificação de três eventos que, nas intenções, deveriam ter “assinado” a passagem de partículas WIMP: todavia, o LUX, que é muito mais sensível, nada viu até agora.

Será que as Wimps existem? Será que as nossas teorias estão correctas? Será necessário esperar um novo “salto para frente” dos nossos conhecimentos para entender um novo conceito de espaço? Será que o “vazio” entre as galáxias afinal tão vazio não é?

Seja como for: a maior parte da matéria que constitui o nosso Universo permanece desconhecida. Não sabemos “no meio de que” vivemos.
E o pasteleiro gargalha.

Ipse dixit.

Fontes: AltroGiornale