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O que está por trás das conspirações


Ontem na internet italiana encontrei o seguinte artigo, assinado pro tal Nicoletta Forcheri:
 Atentado de Boston: previsto num cartoon?

De várias fontes podemos concluir que havia exercitações de demolição controlada Nota: em Boston. O artigo começa mesmo assim, ndt]. Prova é o twit do diário The Boston Globe: https://twitter.com/BostonGlobe.

Por segurança fiz um screenshot perto das 11:30 horas do 16 de Abril de 2013, isso é, hoje. Agora, na mesma altura, mas nos twitter aparece posteriormente ao atentado, ou seja uma vez o atentado TER ACONTECIDO, o anuncio da deflagração iminente duma explosão controlada tipo exercício na frente da biblioteca, textual: 

Funcionários: Terá lugar uma explosão controlada na frente da biblioteca, num minuto, como parte da actividade da equipa anti-bombas.

Mais acima, isso é em teoria DEPOIS do anuncio:

RT: Duas bombas na frente do Marathon Sports. Ossos, pedaços de pernas, sangue em todos os lugares.

Podemos ler no site Neovitruvian:

A história oficial do atentado é que os terroristas fizeram explodir dua sbombas na meta e que a equipa anti-bomba de Boston, magicamente, encontrou um terceiro engenho no raio dum quilometro e meio e conseguiu desarma-lo numa “explosão controlada” tudo no prazo de uma hora! Absurdo.

No Facebook circula esta notícia, um cartoon visto na televisão americana, com a legenda:

ARE YOU READY TO WAKE UP YET?Concerning the bombings at
the Boston marathon. If you view the Family Guy episode (Turban Cowboy)
which was aired on March 17, 2013 on Fox, You will see a Boston marathon
with people being killed, a library, terrorists and you will hear two
explosions, bombs detonated via cell phone and see one explosion of a
bridge from a bomb detonated via cell phone. Look into it.

Traduzido:

Estão prontos para acordar?
Acerca das bombas da maratona de Boston: se observamos o episódio do cartoon The Family Guy (Turban Cowboy) transmitido no dia 17 de Março de 2013 na Fox, podemos ver uma maratona de Boston com pessoas mortas, um abiblioteca, terroristas e podemso ouvir duas explosões provocadas com telemóvel. Vejam bem.

O próximo passo será com certeza acusar e procurar um terrorista de “pele escura”, melhor se sírio, norte-coreano ou iraniano.

Mais do que um artigo: uma obra prima. Até que decidi escrever duas linhas, eu que nem comento aqui no meu blog.

Desculpa Nicoletta, ma no Twitter ninguém fala de “excercitação”, foste tu que acrescentaste isso. Fala-se de actividade da equipa anti-bomba. Já ouviste falar de equipas anti-bombas que fazem explodir objectos suspeitos?

Desculpa Nicoletta, mas apesar das afirmações de Neovitruvian, as autoridades explicaram de forma  muito clara que não existiam outras bombas além das duas explodidas.

Desculpa Nicoletta, ma o vídeo no Youtube é formado por dois vídeos apresentados como um só (uma montagem, para esclarecer). Teria sido suficiente ler os comentários, entre os quais são presentes os daqueles que seguem a série.

Desculpa Nicoletta, mas dado estarmos no âmbito de idiotices, esqueceste da página de Facebook publicada no dia anterior e cujo título antecipava o atentado. Em boa verdade, é possível descobrir que o título foi modificado depois do atentado (há uma coisa chamada “Cronologia” no lado direito), mas tu não ligar e escreve outro artigo sobre o assunto.

Obrigado.

Foi estupidez minha ter respondido, admito. Porque é completamente inútil: dos 22 comentários publicados até agora, apenas 3 (incluído o meu) realçam estes factos, os restantes aceitam tudo como autentico e até dão os parabéns pelo artigo.
A verdade é que existe a necessidade de acreditar.

Há um atentado? É uma operação false flag.
Há um terramoto ou maremoto? Foi causado pelo HAARP.
Caem meteoritos? Não eram meteoritos mas armas secretas.
Há um reflexo numa fotografia? É um planeta misterioso.

Reparem: segundo as teorias da conspiração, a Terra é um lugar maravilhoso, onde as desgraças simplesmente deixaram de acontecer. Se acontecem é porque há umas obscuras manobras duma obscura seita de pessoas más.

Mas por qual razão hoje fala-se muito de conspiração, entregando ao povo verdades que em princípio parecem embaraçosas do ponto de vista do poder? Porque não podemos esquecer um pormenor: segundo a infantil visão dos “conspiradores”, tudo é um embuste, criado para enganar o povo, mas os poderes ocultos esqueceram-se de internet e deixam que a informação alternativa possa desmascarar tudo.
Poderes ocultos sim, mas um bocado atordoados.

Vislumbres da realidade

Agora, umas perguntas: quem fica beneficiado pelo facto de tratar de determinados assuntos? Estamos diante daquele muito superficialmente chamado de “processo regenerativo da divulgação” ou é uma mais fina estratégia do poder para obter uma mais radical manipulação das massas?

Pegamos no caso do canal televisivo History Channel: como é possível que um canal de televisão com uma audiência daquele tamanho conceda o privilégio de mostrar temas quentes como a presença oculta na história humana das sociedades secretas, como os Illuminati? Assuntos que em alguns casos são ainda desconhecidos perante a maioria das pessoas. Assuntos que em teoria deveriam ser desconfortáveis para quem está no poder a nível global.

Isto sem considerar que History Channel, tal como outros canais do mesmo género, são emanações directas daqueles impérios, políticos e meios de comunicação que deveriam fazer parte do poder oculto. Já esta simples constatação deveria fazer reflectir.

É verdade que as questões são tratadas de forma superficial e no final são apresentadas como assuntos apenas no nível de meras hipóteses especulativas. Mas o facto é que o efeito obtido no público é oferecer vislumbres duma realidade inédita: o que no passado era fruto duma ingénua conspiração, prerrogativa de algumas mentes paranóicas, agora torna-se um tema de domínio público.

A estratégia da raiva e do vazio

Duas considerações.

A primeira é banal: o verdadeiro poder permanece escondido. Caso contrário, que poder seria?

Se falarmos tanto sobre os Illuminati ou o Grupo Bilderberg, que em breve será também mencionado nos programas de receitas gastronómicas, é porque foi decidido falar de tais assuntos, responsabilizando aquelas entidades. Evidentemente, os que estiveram por trás, sentem-se suficientemente seguros e não ficam minimamente perturbados em alimentar certas especulações. Afinal, a pergunta “quem está por trás disso?” fica mais uma vez sem solução, o que é normal numa estrutura hierárquica complexa como a nossa.

A segunda consideração pode ser menos banal. O que parece é que nos últimos tempos o poder fez um notável salto no âmbito da manipulação das massa. Nestes dias, o objectivo não é apenas controlar o conhecimento ou os pensamentos das pessoas, mas também as “almas” delas. Termo assustador este, sem dúvida, que por isso fica com as aspas: tem que ser encarado no sentido abstracto, não religioso.
A alma aqui tratada é o aspecto mais importante das nossas vidas, a energia vital das pessoas, o que determina de uma forma ou de outra a própria qualidade do conhecimento e, em última análise, da vida.

Quem traz benefício pelo facto de deixar saber que tudo é manipulado, que tudo o que nos disseram, começando pela escola, é apenas o resultado duma interminável série de mentiras? Há duas possibilidades neste caso.

Há aqueles que parecem ter descoberto alguém que finalmente diz como as coisas realmente são, sentem-se completamente de acordo e respondem com um sentimento de grande indignação, e têm, portanto, a reacção de escolher um dos lados, aquele contra os manipuladores malvados.
O resultado é a criação duma maior separação entre os homens, uma outra divisão entre o bem e o mal, dando início a um novo conflito que beneficia os que seguirem o lema dividi et impera. Além disso, há a criação duma separação interior ao indivíduo, porque a raiva divide e nega a oportunidade de expressar o bem, a aceitação de si mesmo e dos outros.

Depois, há aqueles que sentem-se aniquilados por causa destas revelações, ficam mudos, acham “é tudo inútil”, o que cria um perigoso vazio neles. Pensam “mas afinal por qual razão vivi até agora? Toda a minha vida foi baseada nisso e agora dizem que não era verdade, o que posso fazer?”. A sensação é aquela de ter sido roubado de tudo.

O resultado em ambos os casos, é o medo, o vazio, a frustração, a raiva e o conflito. É preciso um equilíbrio interno e muito tempo para digerir e metabolizar certas “revelações” (ou alegadas tais), é especialmente necessário que, juntamente com a nova informação, seja também entregue algo para preencher e substituir imediatamente o terrível vazio que é criado dentro e fora de quem ouve.
E isto não é feito.

Dizer como as coisas “realmente são” e depois não fornecer as ferramentas para gerir estas informações, provoca um resultado devastador, porque assim é destruído o entusiasmo, o desejo de viver com um propósito, é aniquilada a energia e o que sobrar é direccionado para emoções e pensamentos negativos.

Pegar numa pessoa perfeitamente integrada na sociedade, que tem o trabalho dele, a sua família, a sua segurança, e incutir-lhe a dúvida que a liberdade de escolha é apenas uma ilusão, explorada por parte de quem sempre condicionou-o: não é esta uma operação destrutiva que pode fazer entrar em crise a pessoa?

Esta é a estratégia, brutal e impiedosa, que é alimentada na televisão, para um público não preparado perante certas pseudo-verdades; que, longe de serem completas, no entanto são apenas o desejo antigo e funcional do verdadeiro poder para dominar cada vez mais profundamente as pessoas.

Esta é a mesma estratégia que faz funcionar as dezenas de milhares de blogues ou sites “conspiracionistas”: na maior parte dos casos, os autores ajudam de forma inconsciente aqueles poderes ocultos que em princípio desejam combater. Não oferecem soluções nem alternativas: limitam-se a repetir quanto reportado por poucas fontes (quase nunca verificadas), como numa imensa eco, para destruir o sistema, segundo o mesmo desenho de quem permanece oculto.

Mas destruir pode ser uma acção arriscada: é preciso saber transformar as informações sensíveis, torna-las ideias construtivas e atitudes positivas. Permanecer apenas como fonte de indignação e raiva é apenas útil aos poderes ocultos. E a quem, como a nossa Nicoletta, quer apenas aumentar o número dos leitores.

Ipse dixit.

Fontes: Stampa Libera, Anticorpi, Hearthaware,