Seria possível falar dos suicídios, da enorme taxa de desemprego, da economia em coma. Mas aqui vamos observar coisas mais “terrenas”.
Como a conta da electricidade.
Desde que o governo promulgou a simpática lei pela qual os impostos de propriedade são colectados pelo fornecedor de electricidade, um número incrível de famílias (acerca de 30.000 a cada mês) ficaram sem energia.
O jornal grego Ekathimerini fala em aproximadamente 700.000 clientes que tiveram de pedir para adiar o pagamento das suas dívidas e concordou para implementar planos de reembolso.
Mas nesta altura aconteceu algo incrível.
Embora o Estado tenha expressamente proibido de “desconectar serviços” se o cliente não pagar os impostos sobre a propriedade, o software dos computadores que imprimem as contas da luz não são capazes de distinguir se o pagamento for recebido por causa da electricidade fornecida ou como pagamento para o imposto.
Aparentemente a coisa é complicada, porque trata-se de pagar para o regular pagamento do serviço e ao mesmo tempo pagar parte da dívida acumulada, seja aquela relativa à electricidade, seja aquela do imposto de propriedade. E, como se não fosse suficiente, nos últimos tempos as tarefas aumentaram outra vez, criando ainda mais confusão. Isso enquanto os rendimentos das família caiu. Outra vez.
A Companhia Eléctrica diz que este problema pode ser superado pelos contribuintes com uma reclamação nas repartições fiscais, onde é possível solicitar que o pagamento do imposto de propriedade fique separado da conta da electricidade.
Obviamente, o pedido não é gratuito: custa 50 Euros.
Salários mensais de 250-300 Euros para trabalhos a tempo parcial, e mudanças na legislação trabalhista, para evitar o pagamento da indemnização. Esta proposta foi anunciada durante uma reunião entre o ministro de Desenvolvimento Económico Chatzidakis Kostis, e os delegados de 11 empresas multinacionais: Barilla, Bic, Violex e Nestlé entre as outras.
De acordo com o diário To Vima, aos olhos dos executivos das multinacionais, maiores reduções nos salários seriam um pré-requisito para o aumento da competitividade.
Giorgios Spilopoulos, da Barilla Hellas:
Nós não podemos compreender por qual razão deve existir um salário mínimo num país onde o desemprego dos jovens atingiu níveis inacreditáveis. Dê-nos a oportunidade de contratar jovens trabalhadores baratos. Irão trabalhar menos horas e menos dias por semana.
Os representantes das multinacionais avançaram também com uma proposta magnânima:
Poderíamos dar 250-300 Euros por mês para um trabalho a tempo parcial, três ou quatro dias por semana.
Toda fartura, sem dúvida.
O delegado da Nestlé, Raymond Franke, apresentou também uma outra questão:
É preciso reduzir também o tempo para informar um empregado do seu despedimento.
O que permitiria reduzir ou até anular o pagamento da liquidação de fim contracto.
Depois da pressão da Troika, o salário mínimo foi reduzido em Fevereiro de 2012 para 586 Euros brutos (510 Euros no caso de jovens com menos de 25 anos; afinal são aqueles que têm de construir o próprio futuro, é justo que sofram mais).
Pagar 250 Euros para o tempo parcial significa pagar 500 Euros os trabalhadores a tempo inteiro. E claro, o tempo parcial tem menos direitos, não tem ferias, bónus e a liquidação é bem menor aquando do despedimento.
Ipse dixit.
Fontes: Ekathimerini, To Vima