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Breve mas interessante historia da economia – Parte VI

(nota prévia: artigo ainda não corrigido. Há erros? Acontece, culpa do querido Leitor, falasse italiano seria tudo mais simples)

Querido leitor,

sei o que pensas: mas quanto vai em frente ainda esta raio de história da economia? Mas não era suposto ser breve?

E é.
Em poucos artigos já estão condensados uns 200 anos de estudo. E de borla. Sem esquecer que, como disse a Bíblia, “Nem só de pão viverá o homem, mas também dum copinho de água que ajuda na digestão” (Mt 4,1-11).
Por isso: vamos com um novo capítulo.

Então, vimos Marx. E muitas pessoas comentaram: “Ah, Marx aqui, Marx aí!”. Em verdade, em verdade Vós digo: esta é uma história da economia, nada mais. Pelo que, vamos que o que acontece depois do estudioso alemão que, como lembrado, acaba o período dos economistas clássicos..

E o quê encontramso depois dos Clássicos? Simples: os Neo-Clássicos.
Mas antes tentamos enquadrar a época histórica.

Estamos no final de 1800, quase 1900, falta pouco. Na Inglaterra domina a Rainha Vitória, em Portugal o período da monarquia está preste à esgotar-se, o mesmo acontece no Brasil, na Antárctica vivem os pinguins. E no comércio? Temos o Mercantilismo. O quê é isso?

O Mercantilismo é a ideia pela qual uma nação que exportar é muito rica: em particular, é uma concepção que acredita na existência de grandes grupos industrias que produzem com baixos custos (e baixos salários). Se estes grupos conseguirem conquistar largas fatias dos mercados estrangeiros, haverá riqueza para todos. Este é o Mercantilismo, um processo que tinha iniciado muito tempo antes (já em 1500) e que até mudou de nome com o tempo, sendo conhecido mais tarde como “proteccionismo”.

Dirá o querido Leitor: “Olha só, parece a ideia que temos hoje…só que hoje o Proteccionismo é uma blasfémia!”. Pois parece. É por isso que há a deslocação de empresas para Países com mão de obra mais barata: super exportação e salários baixos, nada de novo. E o Proteccionismo? Querido Leitor, o que acha ser a política económica da União Europeia, onde um grupo de Estados com interesses comuns (assim é contado) evitam fazer-se concorrência para defender-se (em teoria) das empresas estrangeiras?

Mercantilismo, Neo-Mercantilismo, Proteccionismo, Neo-Proteccionismo, as ideias não mudam muito. São as lobbies que pedem ao governos para baixar os salários, deprimir os consumos para que a mercadoria seja vendida no estrangeiro.

Depois não podemos esquecer, sempre na mesma altura, um conceito importante que imperou até 1971: o standard áureo (padrão-ouro). Ao longo de 200 anos, mais ou menos, foi uma regra bastante simples que dizia isso: os Estados tinham que garantir a sua própria moeda com um contra-valor em ouro. Dito de outra forma: um Estado podia emitir moeda só se esta for “coberta” por um equivalente valor em ouro. Por exemplo: o Estado emitia 100 Escudos (representados por uma moeda de níquel, estanho, etc.) e tinha que ter no cofre o mesmo valor em ouro. Desta forma, qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, podia ir ao banco e pedir que a mesma moeda fosse convertida em ouro.

O padrão-ouro tinha um grave problema: o Estado precisava de ouro para emitir nova moeda e havia sempre o risco duma bancarrota (cidadãos que convertessem demasiado ouro ao mesmo tempo). Assim, o padrão-ouro foi abolido em 1971. Mas na altura dos acontecimentos (final de 1800) ainda representava a regra.

Então, querido Leitor, vimos que com Marx acabaram os economistas Clássicos. Marx tinha afirmado sobretudo uma coisa: o Capitalismo irá implodir. Depois surgem uma série de economistas que reagem perante as teorias de Marx, que dizem que não é verdade, o Capitalismo funciona muito bem porque tem a capacidade de auto-regular-se. Leon Walras, William S. Jevons, Carl Menger, são estes os principais, conhecidos como Neo-Clássicos.

O quê dizem eles?

  1. Em primeiro lugar a velha história do Livre Mercado ter uma mão invisível que tudo regula, atribuída à Adam Smith. Que, como vimos, nada disso dizia.
  2. Depois inventam uma teoria, chamada Equilíbrio Geral, uma espécie de delírio: segundo esta ideia, as mercadorias e os serviços vivem num equilíbrio natural, com os preços que se auto-regulam.

Por exemplo: se o preço duma mercadoria aumentar, muitos começam a produzi-la, mas se houver demasiada mercadoria o preço “naturalmente” desce. Vice-versa, se houver pouca mercadoria, ninguém quer produzi-la, mas neste caso haverá pouca disponibilidade (a mercadoria torna-se rara) e o preço aumenta.

Na prática, é o Mercado que faz tudo e não necessita de intervenção de ninguém, nem do Estado (sobretudo do Estado!). Tudo é automático, num equilíbrio constante e natural.

Agora, querido Leitor, que uma coisa rara tenha um valor mais elevado até é normal, ora essa: mas isso não significa que o Mercado tenha a capacidade de auto-regular-se, que funcione à perfeição e que ninguém tenha mexer nele porque “tudo é automático”. Esta visão até poderia ter funcionado no tempo de Ricardo, com as trocas de milho, mas não podemos esquecer a função central do dinheiro.
Aliás, é esta a maior crítica aos Neo-Clássicos: e o dinheiro? Serve apenas para pagar? E a Finança, então?

Mesmo assim, estes fulanos não desapareceram, ainda vivem e operam (“Eles vivem”, pelo menos as ideias deles).
Por exemplo: pegamos na ideia segundo a qual o trabalhador merece um ordenado apenas decente, mas só se for produtivo (bem explorado, “optimização dos recursos humanos”). Este conceito foi introduzido por um economistas Neo-Clássico, tal John B. Clark, que inventou uma tese pela qual cada “actor” do Mercado recebe um ganho me proporção à contribuição dele. Segundo Clark, o nobre parasita que pôr numa empresa as propriedades dele tem que ganhar mais do que o trabalhador que põe na mesma apenas o corpo (o trabalho). O parasita nada faz, nem um dedo mexe, e fica com a maioria do ganho; o trabalhador, que passa 8, 9 ou 10 horas por dia na fábrica do parasita, tem que fadigar para merecer alguma coisa.

Dirá o querido Leitor: “Olha só, mas é o mesmo que acontece hoje…só que hoje o nobre parasita tem o nome de capitalista”. Exacto, a ideia é a mesma.

E o conceito do Estado ser um “elefante” que atrapalha o Livre Mercado? Sempre de gente como Kenneth J. Arrow, Gerard Debreu, Frank Hahn, Arthur C. Pigou, Irving Fisher…todos Neo-Clássicos. E sabemos o que aconteceu: o Estado deu um passo atrás, os bancos dois em frente, com boa paz da “mão invisível” e do “equilíbrio natural”…

Dirá o querido Leitor: “E agora?”. Agora nada.
Da próxima vez vamos ver um período estranho: Revolução de Outubro, República de Weimar, coisas assim. No próximo episódio.

Ipse dixit.

Relacionados:
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Breve mas interessante história da economia – Parte II
Breve mas interessante história da economia – Parte III
Breve mas interessante história da economia – Parte IV
Breve mas interessante história da economia – Parte V

Fontes: Paolo Barnard, Wikipedia (versão inglesa), Wikipedia (versão portuguesa)