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Chevron, petróleo e migalhas

Os 400 indígenas da tribo indígenas Kitchwa vivem no coração do Parque Nacional Yasuní, no Equador: a mesma zona que a Chevron está prestes à invadir.
A empresa pretende pôr as mãos em 70.000 hectares de floresta, onde foram identificados reservas de petróleo avaliadas 7.2 milhões de Dólares.

Problema: a tribo não concorda.

A comunidade decidiu rejeitar uma oferta da da companhia petrolífera porque preocupadas com os efeitos a longo prazo no território dele.
Recentemente foi descoberto também que o chefe da aldeia, sem autorização, tinha assinado um contracto que dava a luz verde para a exploração. O documento deixa cair todas as ofertas anteriores: a construção de uma nova escola, a assistência sanitária aos habitantes e prevê uma compensação de apenas 40 Dólares por hectare. Mas mais de 80 por cento do indígenas é contrária e pronto para lutar com as armas para salvar a sua própria terra.

O xamã Patricio Jipa admite que haverá confrontos:
Certamente vai acabar em tragédia, só podemos morrer para defender a floresta. Seria melhor a resistência passiva, mas, neste caso, já não é possível. Não vamos começar, vamos tentar detê-los e, depois, aconteça o que tem que acontecer.

O Equador é o único País do mundo a reconhecer a força jurídica da Natureza na sua constituição. Mas a pressão dos interesses económicos fica cada vez mais forte e poucos atenderam ao apelo do governo equatoriano para fornecer apoio financeiro ao parque Yasuni e impedir a exploração de petróleo. No Parque Yasuni também vivem comunidades indígenas nunca entrada em contacto com a civilização, como as tribos dos Tagaeri e dos Taromenane, que lutaram contra os cortadores ilegais de madeira e os missionários com seus zarabatanas para proteger sua floresta e sua cultura.

Migalhas

E a propósito de Chevron.

A empresa liderada por John S. Watson (também membro dos conselhos de administração do American Petroleum Institute, da Caltex, da Dynegy – até 2004-, do National Petroleum Council, do Business Council, do Business Roundtable, do JPMorgan International Council, da American Society of Corporate Executives, dos San Diego Padres e…do Animal Rescue Foundation, porque é pessoa que ama a natureza) foi multada em 1 milhão de Dólares por causa do incêndio do passado 6 de Agosto de 2012 na cidade de Richmond, no norte da Califórnia.

A multa é o máximo possível de acordo com as leis da Califórnia. A Chevron foi considerada culpado de 25 violações da California Division of Occupational Safety.

No Brasil, a Chevron já tinha sido multada em 17 milhões de Dólares por causa do derramamentos de petróleo nas plataformas ao largo da costa do Rio de Janeiro, no campo Frade, de propriedade da mesma Chevron mas operado pela Transocean. Diz nada o nome? Pois, é a mesma empresa da Deepwater Horizon, no Golfo do México.

Em Novermbro de 2011 foram 3.600 os barris de petróleo derramados perto do Rio. E também aqui houve violações das leis de protecção ambiental e dos trabalhadores.
Já em 2012, o Instituto para a Protecção do Ibama havia multado a Chevron em 33 milhões de Reais por danos ambientais e pelo facto de não ter um plano de emergência local concreto e viável.
Ao mesmo tempo estão em curso outros processos com respectivas possíveis (e prováveis) multas.

Dito assim parece muito dinheiro, uma sã lição que deveria fazer reflectir seriamente a empresa.
Mas não é. Aliás, não passam de pormenores.

No quarto semestre de 2012, a Chevron registou um aumento de 41% dos seus negócios, mais ou menos 7.2 biliões de Dólares de receita. Dito de outra forma: em três meses 7.200 milhões de Dólares. Ou 80 milhões por dia.

Lógico, portanto, que 17 milhões de Dólares ou 33 milhões de Reais sejam apenas migalhas.

Ipse dixit.

Fontes: Rainforest News, Rockridge Patch, Reuters, MNN, Grist, No all’Italia Petrolizzata, Wikipedia (versão inglesa)