Site icon

A árvore do ouro

Pergunta Ferreira:

alguém poderia responder para onde vai o ouro extraído deste planeta?
Não creio que se extraia ouro do subsolo para depois guardá-lo num cofre (subsolo).

Boa pergunta. Para onde vai o ouro extraído das minas do planeta?
A resposta chega com um gráfico da empresa Trustable Gold, baseado nos dados do U.S. Geological Survey e do World Gold Council. São dados que devem ser encarados com um certo benefício da dúvida, a seguir vamos ver quais as razões.

Eis o gráfico original (que pode ser aumentado: é só fazer click!):

Resumindo: até hoje foram extraídas 166.600 toneladas de ouro e as reservas previstas apontam para uma quantia de 50.000 ton. ainda para ser extraídas.

Os maiores produtores são, em ordem, a Ásia, a África e América do Sul.

Mas para onde vai o metal amarelo uma vez extraído?
Basicamente há 4 destinos:

  • 51% joelharia
  • 18% investimentos
  • 17% banco centrais
  • 12% tecnologia

Por isso, a maior parte do ouro (51%) não fica nos cofres mas circula sob forma de anéis, brincos, colares, etc.

Após a fatia destinada aos investimentos (18%), temos o 17% dos bancos centrais. Para acabar, a tecnologia (12%), dadas as óptimas características do ouro.

Voltemos atrás, aos bancos centrais.
Em teoria, a quantia presente nos cofres destes bancos é enorme: vinte e três milhões de toneladas, iguais a 1,3 triliões de Dólares, guardados nos bancos centrais de Estados Unidos, Grã-Bretanha, Japão, Suíça, Zona Euro e FMI.

Mas esta é a teoria, a verdade é um pouco diferente. Os bancos do mundo ocidental, de facto, ao realizar transacções revertíveis com as reservas de ouro, não são obrigados a declarar a quantidade precisa de metal que permanece em seus cofres. Uma enorme fatia das 23.000 toneladas de reservas de ouro dos bancos centrais nada mais é senão uma voz nos documentos contáveis, sem alguma evidência tangível. É muito provável que os bancos centrais nunca serão capazes de recuperar o ouro emprestado, que por sua vez já foi hipotecado, que já abandonou o País de origem, que já foi ré-utilizado várias vezes por parte dos privados.

É por isso que o pedido de Ron Paul, o eterno candidato presidencial dos Estados Unidos, para que fosse efectuada uma séria investigação acerca do ouro efectivamente guardado pela Federal Reserve foi simplesmente ignorado. O que se passa na Fed é o mesmo que se passa nos outros bancos centrais: impossível ter dados confiáveis e é muito provável que as quantias alegadas sejam superiores (em muito) às efectivamente armazenadas.

Sabemos que a Fed guarda também muitos depósitos auríferos dos bancos centrais ocidentais. É de ontem a notícia segundo a qual a Alemanha tenciona transferir para os próprios cofres boa parte do seu ouro actualmente nos Estados Unidos (3.396 toneladas, 45% de todo ouro alemão), mas também aquele actualmente depositado no Banque de France (11%). Medida, esta, que subentende a falta de confiança alemã perante os próximos tempos: apesar dos milhares de anos passados, o ouro é ainda visto como “a” forma de riqueza por definição.

Encontrar ulteriores dados que sejam de confiança é muito complicado e na internet circula de tudo um pouco. Por exemplo, há uma notícia segundo a qual a Igreja de Roma detém 60.350 toneladas de ouro, a maior reserva do mundo. É uma notícia sem sentido, que todavia teve bastante eco nos meses passados, apesar da origem ser um obscuro blog (One Evil, americano acho) que tem como fim estudar o demónio…

Estes reportados no gráfico, repito, são dados oficiais cujas fontes são norte-americanas.

Ipse dixit.

Fontes: Wall Street Italia, Trustable Gold, Handelsblatt