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Ops…um pequeno erro!

Eheheh…estes gajos são demais.

Jornal Público de hoje:

No relatório em que reviu em baixa as previsões para a economia mundial, o FMI começou a corrigir algumas contas: por cada euro de austeridade, a economia não cai 0,5 euros, mas sim entre 0,9 e 1,7 euros.

Ao fim de mais de dois anos de austeridade na Europa, com várias previsões de crescimento revistas em baixa, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou mais um mea culpa, algo que já se começa a tornar hábito na instituição.

Como diziam os sábios Romanos: errare humanum est, perseverare autem diabolicum, “errar é humano, mas perseverar é diabólico.


Tá bom, afinal é um errozinho: 0.9/1.7 em vez de 0.5 de perdas por cada Euro, o que será mais?

No relatório semestral sobre o estado da economia mundial tornado público ontem à noite, o FMI reconhece que as medidas de contenção orçamental aplicadas em vários países em todo o Globo estão a ter, nos últimos anos, um impacto negativo na economia muito maior do que aquilo que os modelos que estão a ser utilizados previam. Entre as vítimas destes erros de cálculo estão os países que, na Europa, têm vindo, ainda sem sucesso, a apostar em políticas de forte austeridade para resolver os seus problemas orçamentais, como a Grécia e Portugal. 

Numa caixa intitulada “Estaremos a subestimar os multiplicadores orçamentais de curto prazo?”, os responsáveis do Fundo tentam perceber porque é que as suas previsões (e também as de outras instituições) para a evolução das economias têm vindo a falhar durante esta crise.

“Estaremos a subestimar os multiplicadores orçamentais de curto prazo?” Nãooooo, ora essa, continuemos assim que a gente gosta. Verdade, a economia está moribunda, os salários diminuem, as reformas também e o desemprego dispara, mas são pormenores, tudo o resto está uma maravilha, mesmo hoje comi um bitoque que era uma delícia.

E a conclusão a que chegam é impressionante. Enquanto que nos modelos de projecção usados, se estimava que, por cada euro de cortes de despesa pública ou de agravamento de impostos se perdia 0,5 euros no PIB, a realidade mostrava que esse impacto (os chamados multiplicadores) é muito maior. Afinal, desde que começou a Grande Recessão, em 2008, o que os dados económicos mostram é que por cada euro de austeridade, o PIB está a perder um valor que se situa no intervalo entre 0,9 e 1,7 euros.

É assim: se o modelo de projecção foi encontrado como prenda num pacote de batatas fritas, então tudo bem, o pessoal aqui entende. Agora, se acerca disso trabalharam economistas e especialistas do sector, a coisa fica um pouco preocupante, não é? Porque pensar que deprimir a economia possa revigorar os negócios parece um bocado…como dizer? Doentio? Isso mesmo, doentio.

“Esta descoberta é consistente com investigação que sugere que, no actual ambiente de fraca utilização da capacidade produtiva, de política monetária limitada pelas taxas de juro zero e de ajustamento da política orçamental simultâneo em vários países, os multiplicadores podem estar bem acima de um”, escreve-se no relatório do FMI. A conclusão: “Mais trabalho sobre como os multiplicadores orçamentais dependem do tempo e das condições económicas é necessário”.

Investigação. O artigo diz mesmo “investigação”. Foi preciso investigar para chegar a uma conclusão espantosa: é preciso mais tempo, mais trabalho, mais estudo. Os especialistas do FMI não percebem: “Mas como? Retiro sangue dum porco e o bicho morre?”.
São os grandes mistérios de Mãe Natureza, é o Homem confrontado com o imensurável.

Ontem, no relatório onde assumiu estes erros de cálculo, o FMI viu-se forçado a rever em baixa muitas das previsões económicas que tinha feito há seis meses para a economia mundial em 2013.

Enquanto, em Abril, nas últimas Perspectivas Económicas Mundiais, projectava uma expansão de 4% do PIB mundial, o FMI aponta, agora, para um crescimento de 3,6%.

Pois, as famosas previsões do FMI. E como duvidar?

A contribuir para a revisão em baixa está o clima de incerteza da crise da moeda única e o frágil desempenho económico dos EUA, onde o ritmo de criação de emprego está a abrandar.

As economias desenvolvidas deverão crescer 1,5% (contra 2% previstos em Abril). E para as economias emergentes é previsto um crescimento de 5,6% (contra a previsão anterior de 6%).

Na moeda única, o desempenho será também mais negativo do que o FMI esperava há seis meses: em vez de um crescimento de 0,9%, a instituição liderada por Christine Lagarde aponta para uma progressão de 0,2%. A principal revisão é feita nos países periféricos, aqueles onde mais medidas de austeridade foram aplicadas.

0.2%? O que quer dizer: está morta. Mas não faz mal, não podemos ser peigas, como diz o Primeiro Ministro de Portugal. Porque é verdade, os Portugueses não têm razão de queixa:

Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 1% do PIB em 2013, em linha com a projecção do Governo. No caso do desemprego, a previsão coincide com aquela que o Executivo confirmou em Setembro quando divulgou o resultado do quinto exame da troika (uma taxa de 16%), mas que o Governo reviu entretanto em alta para 16,4%.

Visto? É “recessão”, não é uma “grande recessão”, isso sim que daria direito a ser piega. Agora, uma recessão assim até é bem-vinda de vez em quando, é como o jejum curativo, é toda saúde.

Mesmo com a melhoria recente do comportamento nos mercados financeiros, o
FMI adverte que a economia mundial enfrenta riscos. O pressuposto em
que assentam os números do FMI denota isso mesmo: parte do princípio de
que as medidas de combate à crise na zona euro são suficientes e que nos
EUA será evitado um “precipício orçamental”.

E se estes forem os pressupostos, meus amigos, o futuro próximo vai ser divertido mesmo.
A propósito: mas não havia por aqui um idiota qualquer segundo o qual a austeridade não era o caminho e gerava só recessão? Como se chamava o blog dele? “Integração Em Trompeta”? Não, não era isso…”Infamação Incorrecta”? Nem isso…boh? Mas que importa? Nada, pois tanto para continuar com a táctica das contradições que geram confusão intencional, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, garantiu esta Segunda-feira que está “menos pessimista” relativamente ao futuro do Euro.

Por isso: sorriam, o bitoque era mesmo bom.

Ipse dixit.

Fonte: Público