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Carta Aberta com Ponto de Interrogação

Quelo

Ter um blog é um pouco como viver numa ilha e atirar para o mar uma mensagem fechada numa garrafa. A diferença entre um blogueiro e um náufrago é que o primeiro vive num oceano feito de garrafas e a dele é apenas mais uma. Em comum têm o facto que a possibilidade da mensagem ser lida é escassa.

Informação Incorrecta já enviou muitas garrafas e conseguiu ter contactos com um número crescente de náufragos. Os quais, por sua vez, enviam outras garrafas, algumas de volta, outras para destinos desconhecidos.

Hoje recebi uma nova garrafa e fiquei curioso. Em primeiro lugar porque vinha dum lugar bem perto (e quem disse que os náufragos têm que viver em ilhas longínquas?). Depois porque apresenta questões…como dizer? Questões, ponto final.

Curiosos? Então eis a mensagem, cuja versão original pode ser encontrada no blog Reticência(s)
de autoria de Ponto de Interrogação (fiquem descansados: é apenas um pseudónimo):

Carta Aberta ao Mundo!

Todas as palavras de todos os dicionários, vocabulários e idiomas do
mundo seriam poucas para transmitir o que gostaria. Vou tentar fazê-lo
da forma mais assertiva possível, sem atropelar a minha sensibilidade.
Afinal, é ela que aqui me traz.

Sou muitíssimo céptica em relação às tão famigeradas redes sociais.
Sempre fiz muita resistência porque sei que no que à informática ou, se
preferirmos, às tecnologias diz respeito, nada é infalível. Os que não
pensarem nas repercussões que a partilha de determinados acontecimentos
da sua vida e de informações pessoais pode ter, é porque são ignorantes,
levianos ou indiferentes ou outras coisas quaisquer nas quais me
incluo.

Sou uma desconfiada por natureza. Sim… É este um dos motivos pelos
quais utilizo um pseudónimo embora saiba de antemão que é muito fácil
desmontá-lo. Também por isso utilizo outras alternativas que não vêm
agora para o caso.

Mas como nem tudo é mau descobri algo de muito bom com isto e de que
só há muito pouco tempo me apercebi: as partilhas e, com elas, as
aprendizagens e enriquecimento interiores.

Verdade seja dita que também há muito “lixo” ou “ruído” – como
quisermos chamar – que precisa de ser filtrado e em relação ao qual
temos de estar muito atentos. Articular uma mente aberta com a
capacidade de raciocínio lógico é difícil nos tempos que correm.
ESPECULAÇÃO: é o monstro sem cara que assola o nosso quotidiano nas mais
diversas vertentes.

Adiante… Há algo que me conduz aqui e como considero que tudo está
interligado por meio de canais invisíveis que, melhor ou pior, bem ou
mal, racional ou irracionalmente nos influenciam ou condicionam, senti
uma necessidade verborreica de dizer “coisas” e de questionar quem
considerar enquadrar-se nos perfis ou souber e quiser responder.

Não tenho a presunção de esperar respostas mas pode ser que as
palavras fluam e, quem sabe, contribuam para algo, por muito pouco
significativo que seja.

Vida; Fauna; Flora; Plantas; Animais – que inclui milhões de
variedades abrangendo o tão famoso Homo Sapiens –; Natureza; Universo;
Infinito…

Do fim para o princípio parece-me, curiosamente, que na prática
vivemos “em rede”. Haverá, com certeza e por um lado, um ponto de
equilíbrio cíclico e, por outro, um factor desestabilizador talvez por
“culpa” da evolução. O primeiro consistirá, eventualmente, em “limpar”,
reequilibrar, “reciclar” ou renovar a fonte de existência: a vida em
qualquer das suas formas. O segundo é mais complexo porque tende a
contrariar o primeiro: a existência irónica, controversa e paradoxal de
um ser – o Homem; irónica porque provém das mesmas raízes de qualquer
outro animal na verdadeira acepção da palavra – sem sentido pejorativo;
controversa já que a sua presença consubstancia, por acréscimo, a
predicação atribuída erroneamente por si mesmo à própria existência da
sua ou de qualquer espécie, ser vivo ou tipo de vida ou ausência dela;
paradoxal porque, tendo as mesmas raízes, o seu comportamento revela uma
superioridade ilusória, arrogante e displicente.

São muitos e cada vez mais os canais de “animais” que subscrevo – os
que são diferenciados como “irracionais”. Considero-os de uma riqueza
sublime com as fotos e frases que partilham e que mais não são do que a
realidade espelhada numa pequena caixa tecnológica. É mais fácil
admirá-las assim porque estamos “formatados” para vislumbrar o que
retemos como objecto das nossas mais profundas fantasias e, quando
confrontados com uma “utopia” real, questionamo-nos sobre a sua
veracidade. Muitas vezes basta OLHAR pela janela e ver as tais fantasias
desmistificadas e bem reais. Não lhes sabemos dar o devido valor
precisamente porque estão ali… ao alcance do tacto, do olfacto, da
visão, da audição, do paladar e de todos os outros sentidos que
desconhecemos ou tendemos a ostracizar.
Bolas que me disperso! Se é que ainda alguém está a ler isto vou já directa ao assunto.

Cheguei, arrastada pela sociedade, a um ponto em que me sinto
compelida a colocar questões que de inéditas nada têm e é por isso que
me suscitam maior inquietação.

Acredito que estamos cá para aprender mas sinto que, generalizando e
cingindo-me apenas e só à fonte da qual todos provimos – seja ela qual
for – não aprendemos absolutamente nada. Estamos carecas de cometer
erros e, afinal, por mais que o digamos, NÃO APRENDEMOS COM ELES! Pior:
descobrimos novas formas de voltar a cometê-los de maneira mais
desenvolta, elaborada, subtil e dissimulada. É óbvio que estou a
universalizar mas sei que felizmente há gente mais próxima de um ideal
verdadeiramente harmonioso.

Correndo uma vez mais o risco de ser presunçosa, isto é material para muitos técnicos da área de saúde mental (e não só).

1ª questão: será que somos todos mentalmente saudáveis tendo como
referência, não os parâmetros sociais em que vivemos, mas os que seriam
verdadeiramente ideais?

2ª questão: há actualmente alguém que tenha a capacidade ou a legitimidade de definir o que é realmente ideal?

Sou susceptível. Incrivelmente melindrosa face a determinados
acontecimentos a que assisto ou de que tenho conhecimento e nas mais
diversas vertentes.

Como é que é possível, passados milhares de milhões de anos,
evolução, ERROS comprovados e assumidos, continuarmos a assistir, a
fomentar e a praticar comportamentos que, ao contrário do que defendemos
tão acerrimamente, nos distanciam de TODOS os outros seres, mas pelos
piores motivos?

Que moral temos para criticar mas também para defender determinadas
doutrinas e princípios, quando, na prática, somos coniventes –
silenciosos ou não – de todas as atrocidades que continuam a ser
cometidas contra a vida em todo o seu sentido lato? – Friso que estou a
generalizar. Infelizmente, a minoria não faz a força embora contribua,
muitas vezes, para uma significativa diferença.

Mas que raio de síndrome cega-surda-muda nos contagia, manipula,
escraviza e faz de nós seres letárgicos passivo-agressivos legitimantes
do “8 e 80”? Isto já nem sequer é um ensaio. É mesmo uma representação
permanente de cegueira cíclica e interactiva em que o público se cinge a
si próprio e a cada um de nós.

Confesso: a partilha das fotos, dos testemunhos, da imaginação
cinzenta e atroz que anunciam a possibilidade de tantas outras
barbaridades, trouxeram-me aqui.

Em poucas semanas o meu imaginário infantil foi violentado,
desacreditado, e quase apagado. Resta-me uma réstia ou já me teria
juntado aos “não vencidos” – a fracção dos que (acham) se sentem bem
assim.

Ignorância crua, eu sei. Ou credibilidade estupidamente ingénua. Ou
ainda ambas e outras coisas. Padeço do mesmo mal que quase todos nós
apresentamos: o desconhecimento, desinteresse ou ignorância praticamente
absolutos dos terrores que acontecem no mundo pelas nossas próprias
mãos – directa ou indirectamente.

Talvez sejam essas as mesmas características que definem as nossas
reacções perante estes acontecimentos, associadas a outras que, arrisco
dizer, condicionam, moldam e referenciam o nosso carácter. É isto que me
assusta verdadeiramente: a diabólica sociedade em que estamos
embutidos, e que ao longo dos tempos tem vindo a esculpir e a manipular
sinistramente as nossas mentalidades. Consequência: hoje podemos
orgulhar-nos de sermos habitantes de um planeta maravilhoso mas
trôpegos, impotentes, inertes, embrutecidos e escravizados. Estamos
formatados para que os nossos cérebros processem apenas o banal e
supérfluo.

Chegados aqui, resta-nos o “8 ou 80”. Poucos são os que conseguem o mérito de manter o meio termo.
Agora que escrevo isto, percebo que, de facto, não posso, não devo e
muito menos tenho o direito de julgar quem quer que seja. Somos todos
fruto da mesma máquina implacável.

A sociedade em que vivemos e que, creio (quero acreditar), está a
chegar ao fim é, salvo raras excepções, uma sombra corrompida, suja,
cruel, devastadora e vergonhosa do que de pior há em nós – seres
“racionais”. A meu ver, é a racionalidade que nos “monstrualiza”. Que
nos afasta da nossa essência. Que faz com que deixemos de nos sentir
ligados à terra. Sim… É essa característica que nos separa dos outros
seres mas, na maioria das vezes, pelos piores motivos.

Já passámos por períodos tão polémicos, reconhecidamente
avassaladores social e moralmente mas que, apesar da nossa aparente
evolução, permanecem no nosso inconsciente levando-nos a repeti-los
indefinidamente. Sinceramente, e perdoem-me a ignorância, não encontro
qualquer diferença entre os primordiais tempos da reconhecida Roma
Antiga – alicerce da actual civilização, surgida de uma comunidade
agrícola e que veio a tornar-se numa oligarquia desmesurada -; a época
das colonizações; a “Santa” Inquisição; as guerras civis; a tão famosa
revolução industrial; sem esquecer as guerras mundiais que arrastaram
milhões de vítimas e que, na minha opinião, se mantêm vivas.

À face de tudo isto, a minha réstia de genuinidade infantil comum a
todos nós, questiona-se “porquê”. Porquê e para quê? O que é que move
massas apenas e só pelo poder de poder? Porquê um hiato tão imensamente
ridículo quanto monstruoso se, no fundo, apenas precisamos uns dos
outros? Porquê expropriar o planeta; os seres vivos; as gentes, de
sonhos, esperança, harmonia se todos podemos ter tudo? Acredito que o
Homem tem um papel preponderante a desempenhar mas abomino a ideia de
que seja imprescindível. Acredito que, por algum motivo, nos foi dada
uma oportunidade para, em “rede”, podermos contribuir para uma
verdadeira existência pacífica e conjunta sem limites, mas
respeitando-os.

Não sei se existe, na prática, um verdadeiro conceito de bem ou mal –
lutas entre forças desiguais ou em aparente constante competição. Não
sei nem me arrisco falar disso. Acho que são inúmeras as hipóteses.

O que me interessa verdadeiramente é saber que habita em mim a
certeza de que o nosso maior desafio é, independentemente dos credos,
características, conceitos e vivências, ultrapassá-los provando que
todos os seres são realmente parte de cada um e que nessa cadeia existe
um ciclo infindável que não nos separa – une!

Eu acredito que, de facto, “chegará o dia em que os homens conhecerão
o íntimo dos animais”, e, consequentemente, o seu. Nesse dia, o crime
deixará de subsistir porque deixaremos de nos perder.

É este o meu sonho! É esta a minha utopia cuja fortaleza infantil mantém acesa no meu coração!

Caro Ponto de Interrogação,

em primeiro lugar parabéns porque obrigaste-me a consultar o dicionário que estava já a ganhar pó. Quando encontrei o termo
“trôpegos” dei uma bofetada no ecrã pensando numa interferência electromagnética e só depois percebi que o termo existia mesmo. O Português é uma boa língua.

A seguir: uhi! Isso é muito complicado. E a má notícia é a seguinte: acho não ser capaz de ajudar, pois a minha condição é igual à tua e à de todos os Leitores. Procuramos, e isso é quanto. Respostas há muitas mas, por uma razão ou por outra, todas acabam cedo ou tarde por desiludir. Às vezes pensamos ter encontrado uma chave, e se calhar conseguimos abrir uma porta; mas logo atrás há outras passagens e a chave já não pode ser a mesma.

Até chegamos ao ponto de pensar que cada um precisaria da sua própria chave, que não pode existir um passe-partout. E se calhar é assim, se calhar cada um de nós tem que moldar a própria solução. As que proponho são as minhas chaves (ou melhor: os esboços delas), que podem funcionar agora mas que podem também ser descartadas logo a seguir, pois um dos lemas do blog (e, portanto, meus) é : aqui não há Grandes Verdades.

1ª questão: será que somos todos mentalmente saudáveis tendo como
referência, não os parâmetros sociais em que vivemos, mas os que seriam
verdadeiramente ideais?

Reporto o que escrevi numa troca de e-mail com uma amiga:

Às vezes penso que a
inteligência seja o beco sem saída da nossa espécie. Uma visão
pessimista? Não sei, não gosto do pessimismo. Mas tenho que fazer
as contas. Por exemplo, as contas da barata: que faz uma barata?
Nasce, vive, morre. Sem grandes preocupações. No máximo procura
comida quando tiver fome.

Altera o ambiente? Não. Põe em risco a própria espécie? Nem por
isso. Fecha as outras baratas numa empresa ao longo de 8 horas
enquanto ela faz a boa vida e no final do ano vai dizer-lhes que
viveram acima das possibilidades? Acho que não, no sentido que
nunca vi uma empresa de baratas. Todas estas são acções típicas da
nossa espécie, aquela inteligente.

A barata é inteligente? Do nosso ponto de vista não. Mas do ponto de vista da Natureza é uma espécie bem superior à nossa, de grande sucesso: mexe-se no ambiente sem destrui-lo e pôr em risco os fundamentos da própria sobrevivência.

Não estão convencidos? Acham que a inteligência é um factor determinante para quantificar o sucesso duma espécie? Então pensem nisso: há mais baratas ou golfinhos? Mais mosquitos ou elefantes? Mais formigas ou macacos?

Os golfinhos fogem da nossa poluição, não têm capacidade de adaptação neste sentido; os elefantes estão próximos da extinção; e os macacos vêem o próprio ambiente ser reduzido a cada dia. Lamento, mas a inteligência não é um factor de grande sucesso: o sucesso está nos números e não numa pintura de Leonardo (Da Vinci, não o meu mestre canino) ou numa sinfonia de Beethoven.

Porquê falo disso? Porque acho que um par dos “parâmetros ideais” deveriam ser estes: integrar-se com o ambiente, não explora-lo além dos limites; e tentar (re)conhecer a verdadeira natureza do ser humano e adaptar a sociedade a esta realidade, não o contrário.

Quando se fala destas coisas, a imagem que surge é aquela duma sociedade feita de pessoas vestidas de branco, sempre sorridentes, ocupadas a observar o despertar duma flor, rodeadas por veados e borboletas. Uma sociedade de autênticos dementes.

Contrariamente à maioria dos extremistas ambientais, não acho que fosse preciso deitar abaixo milhares de anos de história, e a nossa sociedade com ela, para obter resultados significativos. Nem acho que a solução seja pegar numa pá e começar a cavar a terra. O Homem conseguiu coisas boas também e seria estúpido deita-las no lixo em nome dum hipotético regresso à Natureza ou para arruinar a “festa” das multinacionais. É um pouco como partir-se os dentes com um martelo para punir o dentista.

O que tem que mudar é a nossa atitude (de todos, sem exclusões) e o rumo da sociedade, que não pode perseguir apenas o dinheiro. Não é o carro que está avariado, é o motor: o carro somos nós, o motor é o dinheiro. Ao mudar o motor, sem ter o dinheiro como fim último, então haveria espaço para outros valores e com estes novos parâmetros também.

Parâmetros ideais? Não sei, mas com certeza mais próximos do que é realmente importante. E aqui chega a seguinte pergunta:

2ª questão: há actualmente alguém que tenha a capacidade ou a legitimidade de definir o que é realmente ideal?

Sigo o meu raciocínio anterior: se o fim é integrar-se no nosso mundo e não viver como vírus, então o ideal será tudo o que consegue a maior integração e o respeito pela Natureza. Que ao mesmo tempo significará o respeito do ser humano também.

Não consigo ler coisas que falam de viagens astrais do espírito à procura da Luz Eterna e da Irmandade Universal. Fico logo maldisposto. O ser humano nasceu como animal. O que não é nada mal: afinal tem um planeta bonito, cheio de recursos, outros animais, muitas coisas para experimentar. Esta é a rede, a grande rede à qual todos estamos conectados.

Não que o espírito não exista (aliás, acho que algo exista de facto), mas não podemos viver como vírus e ao mesmo tempo pensar que seja possível alcançar os grandes cumes da iluminação. O nosso raciocínio é tremendamente influenciado pelo ambiente, logo é preciso antes começar a viver de forma decente e depois tratar do espírito (ou alma, ou qualquer outra coisa). Caso contrário será a mesma atitude daqueles que dizem ser cristãos e depois têm uma atitude na vida real que de cristão tem muito pouco ou até nada. Seria apenas hipocrisia para acalmar a nossa consciência.

Como alguns Leitores talvez lembram, eu não me considero uma pessoa religiosa e ainda menos cristã. Mas se a ideia for encontrar alguns parâmetros se calhar não “ideais” mas pelo menos “positivos”, então material não falta: as ideias de Cristo (figura histórica ou não pouco interessa neste caso), Buda, Zoroastro, do Taoismo, do Shintoismo, até do Confucionismo (que religião em boa verdade não é) incluem fortes vertentes ligadas à Natureza.
Aos que afirmam “não gosto de religião” sugiro aproximar-se a estes textos não com os olhos do fiel mas com aqueles de quem procura: e as surpresas não irão faltar, pois ao longo dos séculos muitas vezes as religiões serviram para transmitir de forma simples e imediata conceitos universais. Depois, em alguns casos (muitos casos em boa verdade), as mesmas religiões tornaram-se centro de poderes, mas esta foi mais uma vez a capacidade de corrupção típica da nossa espécie quando conduzida pelo motor errado (dinheiro = poder).

Nestes conceitos universais, quando lidos de forma não religiosa, podemos encontrar o sentido do Bem e o do Mal, o respeito pela Natureza, o respeito pelo próximo. E aprender que os vários diabos ou demónios são apenas representações do nosso lado obscuro e cada vez menos escondido.
Eu não tenho “a capacidade ou a legitimidade de definir o que é realmente ideal”, estas são apenas ideias que eu julgo serem válidas: cada um de nós tem que enfrentar o seu próprio caminho e chegar às suas próprias conclusões, não há o “Manual das coisas ideais” (daria jeito); mas acho que alguns conceitos podem ser partilhados por muitas pessoas.

Somos todos
fruto da mesma máquina implacável.

Sim, mas somos também os que criaram e que continuam a alimentar intencionalmente a máquina.

A sociedade em que vivemos e que, creio (quero acreditar), está a
chegar ao fim é, salvo raras excepções, uma sombra corrompida, suja,
cruel, devastadora e vergonhosa do que de pior há em nós – seres
“racionais”. A meu ver, é a racionalidade que nos “monstrualiza”.   

Concordo com a ideia duma sociedade no seu último estádio: o problema é que no horizonte as coisas não parecem melhores e sem uma intervenção seremos obrigados a dizer “estava-se melhor quando se estava pior”. Mas não concordo com a ideia da racionalidade ser uma inimiga: torna-se tal quando utilizada para ficar afastados da nossa essência e dos tais valores.

Eu acredito que, de facto, “chegará o dia em que os homens conhecerão
o íntimo dos animais”, e, consequentemente, o seu. Nesse dia, o crime
deixará de subsistir porque deixaremos de nos perder.

É este o meu sonho! É esta a minha utopia cuja fortaleza infantil mantém acesa no meu coração!

Pois, Ponto, esta é uma forma muito bonita de ver as coisas e com certeza é o ponto de vista de muitos Leitores.
Muito obrigado Ponto de Interrogação por partilhar os teus pensamentos!!!

Nestas horas dramáticas há grande crise.
Aqui já não sabemos quando estamos a andar nesta Terra.
Perguntas: Porquê? Como onde no mundo? Onde quem? Porquê quando?
Perguntas quase quase e mias na escuridão.
Mas não tens de procurar as respostas fora, 
a resposta fica dentro de ti.
Só que está errada.
Quelo

Ipse dixit.

Fonte: Reticência(s)