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Os avisos

Como é Sexta-feira, dado que estou mau-humorado, considerado que o Natal se aproxima (devagarinho…), hoje nada de artigos económicos-banqueiros-trabalhistas-monetários mas algo de mais soft, mais light: como por exemplo os milhares de pessoas que irão morrer durante os próximos Jogos Olímpicos de Londres, afinal um assunto nem tanto empenhado.

Resumo: em Londres, entre os dias 27 de Julho e 12 de Agosto de 2012 d.C. terão lugar os XXX Jogos Olimpicos. “XXX” não é um filme com Vin Diesel e nem indica alguma coisa de pornográfico ou ainda “beijos” com um SMS: significa “trigésimos”, só isso.

E a proposito de símbolos: muito foi dito acerca do emblema destes jogos.
A maior parte dos analistas conseguiram ver nisso a palavra “ZION”, uma clara referênça ao sionismo. De facto, lendo na vertical e rodando o 2 final, podemos obter mesmo isso: Zion. Lendo duma outra forma, e rodeando um pouco, é também possível ler o nome do meu avô: Enzo. Mas, facto curioso, nenhum blog reparou ainda nisso.

Rodando e rodando podemos também obter Oinz, Nioz, Noiz ou Zoin. Todas palavras interessantes que os conspiracionistas não conseguiram interpretar por enquanto. Mas a esperança é a última a morrer.

E já agora, alguém poderia notar como seja praticamente impossível estilizar o número 2012 sem obter algo parecido com Zion (lendo duma determinada forma e rodando as letras). Mas assim acabaria o divertimento, por isso ignoremos e vamos em frente com estes Jogos Olímpicos no signo do sionismo.

A Rockefeller Fundation é uma fundação filantropica: juntem o apelido Rockefeller com o adjectivo “filantropico” e podem ficar muitos preocupados. Em frente.

A Rockefeller Fundation divulgou um estudo cujo nome é Scenarios for the Future of Technologyand International Development, no qual são descritos possíveis cenários para o futuro. Um destes, olhem só, fala mesmo dos Jogos Olímpicos de Londres.
Vamos ler, com imutada simpatia e confiança : 

Choques devastadores como o 11 de setembro, o tsunami no Sudeste Asiático em 2004 e o terremoto do Haiti de 2010 certamente preparam o mundo para os desastres súbitos. Mas ninguém tinha sido preparado para um mundo onde as grandes catástrofes ocorrem com tanta frequência. Os anos de 2010 a 2020 são chamados a “década da Perdição” por um bom motivo: o atentado Olímpico de 2012, que matou 13.000 pessoas, foi seguido por um terremoto na Indonésia que matou mais de 40.000, um tsunami que quase cancelou a Nicarágua e parte do oeste da China.

Fome causada por uma seca que ocorre uma vez em num milénio e que está ligada à mudança climática. Não surpreendentemente, esta série de desastres assíncronas (existem mais) provocam uma enorme pressão sobre a economia mundial que já está sob grande stresse e que tinha entrado na década já em recessão.

Isso sim que é optimismo.
Obviamente são “cenários”, isso é, condições hipotéticas criadas para elaborar e analisar situações de grande tensão e relativas consequências. Mas o bom conspiracionista fica logo com as antenas bem endireitadas: será um cenário hipotético ou uma terrível previsão? O bom conspiracionista volta a ler o nome na capa: “Rockefeller” e já não tem dúvida, pois esta será a realidade dos Jogos Olímpicos de 2012. Ámen.

Porque é assim: como parte duma entidade maligna superior, a Fundação Rockefeller tem acesso a ficheiros secretos que desvendam o futuro da Humanidade toda. E, dado que além de maligna a entidade é também perversa, nada melhor do que fornecer a descrição dos maléficos planos que serão realizados.

E, verdade seja dita, nesta conclusão o bom conspiracionista é ajudado pela obra dum outro sujeito: Nick Pope.

Pope tem um passado como especialista de ufología no Ministério da Defesa de Sua Majestade. Seria preciso gastar duas palavras e perguntar acerca do verdadeiro papel dum especialista de Ufo que trabalha no governo, pode visualizar documentos confidenciais, tem a disposição o melhor caso ufologico de todos os tempos (Rendlesham-Woodbridge) e mesmo assim não consegue obter nada. Mas o nosso lema é: em frente.

Nick Pope pega a caneta e pensa bem escrever um artigo para o Daily Mail, com o título de Keep an eye on the skies for saucers during the Olympics Games (“Fiquem de olho nos céus para Ufo durante os Jogos Olímpicos”):

Com os eventos do Verão estamos todos de máxima alerta por causa do terrorismo. Mas temos também olhar para mais longe e ficar prontos para algo insondável.

E que será este algo “insondável”? Ah, pois: os Ufo.
E não acaba aqui:

O governo tem que prever, e previu, a pior das possibilidades: o ataque e a invasão alienígena. Naves espaciais, lasers e armas de energia dirigida, estão todos empenhados no Alien Invasion na guerra de defesa contra as naves alienígenas em órbita.

Com certeza. Porque se pensarmos com um mínimo de cuidado faz todo o sentido: quando realizar a invasão da Terra? Agosto? Não, demasiado calor.
Setembro? Não, começam as chuvas, pode escorregar-se.
Outubro? Epá, em Outubro já está fresquinho na Inglaterra.
Novembro?, Não, há o nevoeiro, o risco é que os Ufo possam perder-se.
Dezembro? Nada, em Dezembro acaba o mundo.
Por isso  a última ocasião é mesmo esta: Julho. E nada melhor do que os Jogos Olímpico: há público, há televisões, a audiência está ao rubro e com um par de efeitos especiais os Terrestres ficam pasmados. Com um pouco de sorte até pode ser possível arranjar um patrocinador: faz ideia o Leitor de quanto custa uma viagem interestelar?

Não sei como é, mas tenho como a impressão que alguém esteja a divertir-se, e não pouco, às nossas custas. Claro, pode haver sempre a possibilidade dum demente fazer-se explodir durante os jogos: mas isso seria “normal” no clima de terror que alguém instauro e que nós deixámos instaurar.

Há uma visão infantil que circula no mundo da informação alternativa: entidades malignas provocam desastres mas antes deixam algumas “pistas”. Mas porquê alguém teria que revelar antes os próprios planos? Qual o fim?

Antes do tsunami de 2002 não houve “avisos”. Antes do terremoto do Haiti não houve “avisos”. Antes de Fukushima não houve “avisos”. Antes do 11 de Setembro não houve “avisos”. Todos eventos que o mundo conspiracionista classifica como “suspeitos” e que aconteceram sem avisos prévios. O que, diga-se, é também sinal de falta d educação.

Vice-versa: houve “avisos” antes de Elenin. Lembram? O cometa que o impactou com o nosso planeta e que acabou com a vida enquanto Nibiru avançava escondido na cauda cometária (!!!)? Neste caso os avisos não faltaram.

Mais uma vez, o mundo da informação alternativa cai na armadilha: tratar de assuntos sem substância e esquecer assim os verdadeiros problemas. “Cai” e gosta de cair, porque como sempre é mais fácil capturar leitores com a previsão de enormes desgraças em vez que explicar ao Leitor as profundas razões dos males da nossa sociedade.

Mais uma vez, o mundo da informação alternativa sairá desacreditado enquanto na Fundação Rockefeller arriscam a vida por causa dos excessos de gargalhadas e Nick Pope prepara o próximo livro: “Fiquem de olhos no céu para Ufo durante estes Natal”.

Ipse dixit.

Fontes: Daily MailRockefeller Fundation (ficheiro Pdf)