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Mistérios “faça você mesmo”: os tubos de Baigong

A misteriosa China

Vamos construir uma teoria da conspiração? Vamos.

Comecemos com um pensamento simples que será partilhado pela maior parte dos Leitores: isso para bem predispor os mesmos.

O pensamento é o seguinte: a História oficial é bem diferente do que realmente aconteceu no passado.
E já o Leitor está a gostar: temos uma versão oficial que será desmontada, temos a implícita promessa de novas importantes revelações.

Continuemos: pegamos num lugar longínquo, onde é pouco provável que alguém entre os Leitores more ou conheça suficientemente bem. Neste caso o lugar é Baigong, perto da cidade de Delingha, na província de Qinghai, na China.

À direita podem encontrar o relativo mapa, o que ajuda a localizar os factos e transmite também a impressão de que eu tenha passado alguns tempos no estudo do caso.

O misterioso lugar

O misterioso Baigong

O próximo passo é descrever o lugar.

É importante, pois desta forma podemos criar um clima no qual o Leitor quer mergulhar para ficar ainda mais envolvido e tentar assim chegar às suas próprias conclusões (que depois serão as nossas): não é muito inteligente apresentar todos os factos com consequente conclusão peremptória, temos que deixar um mínimo de espaço.

Obviamente teremos o cuidado de escolher bem as palavras e deixar “algo no ar” de vez em quando, para que o Leitor possa chegar às conclusões que nós desejamos.

Por exemplo: começamos com a descrição de Baigong como uma planície de 30 quilómetros no meio do qual ergue-se uma colina de forma vagamente piramidal, com uma altura entre 50 e 60 metros.

Excelente, meus senhores, excelente.
Temos:

  • uma ampla planície (que geralmente nunca é totalmente plana, mas na mente do Leitor será uma espécie de mesa de bilhar)
  • uma colina (uma colina solitária no meio duma planície? Suspeito…)
  • a forma piramidal (uma colina piramidal no meio duma planície? Muuuuuito suspeito…)
  • uma altura de 50/60 metros

O quê??? É a mesma altura da Grande Pirâmide do Egipto!
Resultado: é uma pirâmide construída pelos homens, o Leitor já percebeu isso, mas mesmo assim aprecia a atitude do autor que continua a apresentar os dados de forma asséptica, com rigor científico, para que eventuais pré-conceitos não possam influenciar a observação.

O especialista

A misteriosa entrada

Fase seguinte: é preciso um especialista, possivelmente grande conhecedor da zona, alguém que fale porque sabe do assunto.

Neste caso o especialista é Bai Yu Bai, que viajou na região em 1996 e que no livro Into the Qaidam (escreveu um livro? Então este homem dedicou o seu tempo ao problema, só pode estar bem informado) descreve o monte Baigong.

Bai Yu Bai individuou no monte três aberturas que ele considera artificias (têm que ser artificias, afinal o homem estudou o caso!).
Interessante.
Muito interessante.

Uma pirâmide no meio duma planície com três aberturas artificias…e porquê um grupo de semi-selvagens (pois a pirâmide deve ser antiga de milhares de anos, o Leitor já se encontra na condição de poder antecipar alguns factos) deveria ter escavado três aberturas? Só se for para esconder algo de extremamente valioso.

Mas o autor não fala, deixa que seja o especialista a continuar.
De facto, Bai Yu Bai ficou muito intrigado com algumas estruturas que parecem ser tubos metálicos e que emergem da pavimentação (o autor poderia ter aqui utilizado o termo “chão”, mas “pavimentação” dá mais a impressão duma sólida base construída pelos mesmos semi-selvagens, coitadinhos).

A ciência confirma

O misterioso tubo

Tubos metálicos? Isso é esquisito.
Claro, não é suficiente para construir uma inteira teoria. A não ser que…exacto: a não ser que haja a ajuda da ciência. Que mente de forma horrível mas que, olhem só, dá um jeitão quando for altura de comprovar teorias alucinadas.

Bai Yu Bai enviou algumas amostras para o laboratório do Ministério da Indústria Metalúrgica. E os resultados foram espantosos: 92% das amostras eram constituídas por minerais comuns (basicamente ferro), enquanto 8% eram substâncias desconhecidas.

Desconhecidas, meus amigos, desconhecidas! Sabem que significa isso?
Significa que não são conhecidas, óbvio.

Mas não chega: em 2001 o Departamento de Sismologia chinês conseguiu datar os tubos. Resultado: 150.000 anos de idade!

Esta é a quadratura do círculo, não precisamos de mais nada: uma pirâmide velha de 150 mil anos, com artefactos que contêm materiais desconhecidos. Só um cego pode não ver.

A óbvia teoria

Estamos perante a prova provada de que há 150 mil anos existia uma civilização muito avançada ao ponto de construir uma estrutura artificial de notáveis dimensões no meio do nada (donde conseguiram trazer o material necessário? Como este foi transportado? Foram ajudados por “deuses”?); aqui, bem protegidos no coração da pirâmide, estranhas máquinas em ferro (numa altura em que, segundo a historiografia oficial, os homens nem o fogo conheciam!) com partículas dum material desconhecido.

O que significa, é evidente, o contacto com civilizações extraterrestres, as únicas capazes de fornecer materiais desconhecidos que abundam nos outros planetas.

Tudo bem, mas porque raio os extraterrestres deveriam ter percorrido biliões de quilómetros para esconder um suposto “material desconhecido” numa pirâmide? Não têm mais nada para fazer na vida?

É aqui que o autor pode dar o golpe de graça, aquele que deitará por terra qualquer resistência residual que possa ainda existir no mais teimoso dos Leitores.

Na província de Qinghai há ouro. Ouro!
E tudo de repente faz sentido. Os Annunaki, a escravidão da raça humana, a manipulação genética para obrigar os nosso antepassados a trabalhar nas minas, Nibiru, tudo fica claro. É só ler as tábuas sumeras, tudo está explicado e não faltam pormenores.

Se o autor for um pouco esperto, pode incluir novos “dados” para tornar tudo ainda mais atractivo e “historicamente lógico”. Então descobrimos que na região vivem os Chineses Han, os mesmos da dinastia que governou a China há 2.000 anos, ao longo de quatro séculos.

Agora já não admira que tenham conseguido uma tal empresa: quem sabe quais conhecimentos tinham herdado.

Os Leitores e mais provas

Os Leitores que gostarem deste tipo de teorias podem parar aqui, não é preciso ir em frente. Há todos os ingredientes necessários para acusar mais uma vez a história oficial de esconder a verdade, os cientistas de não olhar para as evidências, das quais somos rodeados.

Para reforçar ainda mais quanto até aqui apresentado, eis o link de Xinhuanet, o diário online (versão inglesa) que já em 2002 falava tranquilamente de extraterrestres. Evidentemente um dos poucos jornais que foge à censura mainstream e que não tem medo de espalhar  a verdade.

Outros blogues ou sites que tratam do assunto e que apoiam o binómio Baigong-alienígenas:
The Living Moon
Cracked (bonito: o título: “Seis loucas descobertas que a ciência não consegue explicar”)
Other World Mistery
Virginmedia (a Virgin? Pois, deveria fazer pensar um pouco isso…)

Com um pouco de paciência é possível encontrar páginas em língua portuguesa também…
Agora é só fazer copy-paste e partilhar esta nova teoria com anexas “provas”. Em caso de dificuldades há sempre o tradutor de Google.

Versão para os Leitores normais

E os outros? Os Leitores que não ficam satisfeitos com esta versão infantil?
Para eles há os seguintes dados.

Baigong é uma verdadeira colina, cuja forma é só vagamente piramidal. Baigong é fruto da Natureza.

Das três entradas, duas estão ruídas; a terceira é natural, tal como naturais são as milhões de “entradas” naturais que têm o nome de “grutas” e que acolhem os turistas domingueiros ou as turmas de estudantes. Neste aspecto também não há uma pavimentação artificial, há um simples chão como em qualquer gruta.

Bai Yu Bai não é um especialista: é um simples escritor que visitou a zona.

As amostras analisadas pelo laboratório do Ministério da Indústria Metalúrgica não continham “material desconhecido”. Esta expressão foi utilizada apenas para definir um 8% de material que o laboratório não investigou. Numa segunda análise, este material “desconhecido” demonstrou ser potássio, alumínio e sódio, todos de origem orgânica. Isso é: absolutamente natural.

Os cientistas chineses descobriram também estruturas circulares, tal como os anéis nos troncos das árvores. E esta é a observação mais importante para entender a origem dos misteriosos “tubos” de ferro. Curiosamente, as páginas web acima indicadas esquecem este pormenor.

Na Louisiana (Estados Unidos) foram encontrados os mesmos “tubos” que são os moldes fossilizados de antigas árvores. Hoje a planície de Baigong é quase desértica, mas há dezenas de milhares de anos o Quaidam era um amplo lago rodeado por abundante vegetação. É esta a origem, perfeitamente natural, dos “tubos”.

O facto destes tubos conterem uma elevada taxa de resíduos ferrosos é devido ao solo, que na região é rico de tal mineral. E não de ouro, que representa uma parte infinitamente menor da actividade extractiva local.

Troncos e raízes: isso são os misteriosos tubos de Baigong.
Mas não falem disso com ninguém…

Ipse dixit.

Fontes: no texto