Segundo os planos: a contagem regressiva

E acabamos a semana com as notícias divertidas da União Europeia.

As instituições do Velho Continente estão a apodrecer e estudar cenários para uma bancarrota na Grécia, segundo o comissário europeu do Comércio, Karel de Gutch, numa entrevista ao diário De Standaard:

Há um ano e meio, talvez houvesse o perigo de um efeito dominó, mas
hoje em dia há, quer no Banco Central Europeu quer na Comissão Europeia,
serviços que estudam os cenários de emergência ou para o caso de a
Grécia não se aguentar

Tradução: há um ano e meio havia o perigo da Grécia sair do Euro, hoje as probabilidades aumentaram e muito.

Será por causa disso que os cidadãos do País helénico fazem a fila nos bancos para retirar o dinheiro das contas? E será por causa disso que o mesmo parece começar em Espanha também?

O Governo alemão já veio dizer estar preparado para todas as eventualidades

O Governo alemão é, naturalmente, responsável perante os seus cidadãos por estar preparado para qualquer eventualidade

Tradução: Sim, a Grécia vai sair. E nós que podemos fazer?

Angela Merkel, a chancelera alemã, ligou para Atenas e disse ao presidente grego Carolos Papoulias que a solução melhor seria formar um governo estável após as eleições legislativas.
Também acrescentou que as rosas florescem em Maio e que a água molha, pelo que Atenas agradeceu a entrega de tamanha sabedoria, ainda por cima sem juros.

Não satisfeita, a simpática Merkel sugeriu a possibilidade da Grécia realizar um referendo
sobre a permanência na Zona NEuro, em paralelo com as legislativas do dia 17
de Junho.
Engraçado que no passado Outubro, a mesma Merkel reagiu de
forma muito crítica à sugestão do então primeiro-ministro George
Papandreou de realizar tal referendo.

Boa a observação de Alexis Tsipras, líder do partido Syriza:

Os
dirigentes europeus e especialmente a senhora Merkel devem parar de
brincar com a vida das pessoas.

Boa mas inútil: o jogo é demasiado importante.

Entretanto, um porta-voz da Comissão Europeia disse que não há qualquer planeamento:
A Comissão Europeia nega firmemente [que] esteja a trabalhar num cenário de saída da Grécia.
Tradução: Estamos a trabalhar num cenário de saída da Grécia, mas não digam isso, valha-me Deus.

Mas as declarações melhores são de Jean-Claude Trichet, ex presidente do Banco Central Europeu e membro do Grupo dos Trinta: o cromo sugere mesmo a perda de soberania económica para os Países que ponham em risco outras Nações da Zona NEuro devido à incapacidade de aplicar o Verbo das autoridades europeias.

Neste caso:

Julgo que deve ser activado excepcionalmente um governo federal.
Isso é: a perda da soberania, com um governo imposto por Bruxelas.

Fantástica a justificação desta medida: teria de ser aprovada pelo Parlamento Europeu para ter um suporte democrático e impedir um governo “tecnocrático ou anti-democrático”.
O que significa: temos que destituir o governo democraticamente eleito pelos cidadãos e substitui-lo com o nosso para salvaguardar a democracia.

Perante raciocínios como estes eu dobro-me e admito a minha inferioridade: nunca conseguirei atingir um nível de contorcionismo cerebral tão elevado. Ao mesmo tempo, é nestas ocasiões que surge a maior dúvida: é um génio ou um pobre deficiente?

Obviamente Trichet reconhece que esta medida é “difícil” de aceitar, provavelmente porque sabe que em circulação há ainda pessoas normais, mas nada que não possa ser resolvido com um pouco de paciência e boa vontade.

Eu fico com as medidas que apresentei há uns meses e que acho estar na mesma linha de pensamento de Trichet.

  • Ocupação militarmente do País culpado
  • Venda integral do património estatal.
  • Escravização e venda dos cidadãos no mercado das commodities.
  • Leilão pela assinação do território do País culpado ao melhor oferente.

Fascismo? Não, democracia aplicada.

Seja como for, na Zona Neuro parece ter começado aquela que no Brasil chama “contagem regressiva”.

Ipse dixit.

Fontes: Público, Diário de Notícias

One Reply to “Segundo os planos: a contagem regressiva”

  1. Ó max, olhe que essa da "democracia aplicada", se é ironia, pode não soar dessa maneira a quem não conheça o blog…e espero bem que seja mesmo ironia…

    Além de que há uns meses atrás, só por terem proposto referendo na Grécia, o governo foi logo substituído. Agora, a Merkel liga para lá para saber se podem fazer um referendo…se calhar estão a preparar mais uma ida às urnas com resultados forjados, não me admirava nada se isso acontecesse…

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