Alt, pausa, pára tudo.
Fartos dos problemas que afligem o mundo? Ou será que o autor do blog tem dor de dentes e não tem paciência para grandes conspirações e economia?
Se calhar é a segunda.
Então, para variar, vamos ver um artigo que para muitos será inútil e supérfluo: vamos falar dos problemas que afligem a nossa privacidade. Mas, eis a boa notícia, são sobretudo as soluções que vamos apresentar.
Navegar na internet hoje significa ser exposto a muitos riscos. Não é apenas uma questão de vírus. Aliás, os malwares (os programas nocivos) representam apenas o pequeno topo dum icebergue bem maior.
As grandes empresas querem obter o maior número de dados acerca de quem navega. E quem navega? Você, o Leitor. Obter dados é importante: é possível conhecer os nossos gostos, as preferências, as tendências…é possível construir campanhas de marketing bem “miradas”.
Claro que tudo isso tem um custo: a nossa privacidade desaparece, os nossos dados, alguns dos quais podem ser sensíveis, ficam nas mãos de pessoas ou empresas que nem conhecemos. O que não é bom.
Depois há a questão da segurança: se partilhar dados sem o nosso conhecimento já não é simpático, que dizer dos dados altamente sensíveis? Tipo as nossas passwords, os códigos da conta bancária e mais ainda?
E se o Leitor pensar “Não faz mal, afinal não tenho nada a ver com os bancos online”, está redondamente enganado. A declaração dos rendimentos, por exemplo, é feita cada vez mais com internet: o facto do vosso número de contribuinte acabar nas mãos de terceiros não incomoda? Segurança social, rendimentos, despesas…tudo pode ser “capturado” na internet. E há empresas que realizam óptimos lucros com a venda destas informações.
Por isso: eis como proteger-se.
Algumas medidas são óbvias: um bom antivírus e um bom firewall não podem faltar em nenhum computador. Quais produtos? As versões gratuitas são válidas também e, se bem utilizadas, podem oferecer o mesmo grau de protecção dum produto pago. Aliás, em qualquer caso o produto gratuito até é superior.
Os navegadores não são todos iguais: alguns são mais seguros do que os outros. Em qualquer caso, todos podem ser melhorados com medidas rápidas e eficazes, como veremos mais adiante.
Para simplificar ao máximo: Internet Explorer é o mais “perigoso” por uma razão muito simples: é o mais difundido (ou melhor, “era” até poucas semanas atrás), vem de raiz na maior parte dos computadores vendidos, por isso é lógico que seja o alvo preferencial de quem deseja provocar prejuízos.
Firefox, Chrome ou Opera representam uma solução melhor neste aspecto.
Quem utiliza um navegador (o browser) que suporta as assim chamadas “extensões” (é o caso de Firefox, Chrome ou Opera) pode instalar alguns componentes que ajudam:
WOT
é um produto que indica antes de entrar numa página web se esta for segura ou não. Funciona de forma simples: um utente entra na página e se encontrar algo que não bate certo (por exemplo, um tentativo de phishing) sinaliza o facto à equipa do WOT. Obviamente, quantos mais pareceres acerca duma página, maior será o grau de confiança. Aconselhado.
AdBlock e AdBlock Plus
muito útil: bloqueia a publicidade, as janelas pop up, aquelas que costumam abrir-se automaticamente ao entrar num blog ou site e que contêm mensagens publicitários. Aconselhado.
No Script
Impede que os script duma página sejam activados. Para simplificar, o script pode ser visto como um pequeno programa que executa determinadas funções: o problema é que estes programas podem conter códigos malicioso também.
O problema com No Script é que este bloqueia qualquer script, o que pode causar problemas, pois há script perfeitamente legítimos. Aliás, determinadas páginas nem podem ser abertas sem a função script activa.
Então, que fazer? A minha sugestão é que instalar este componente e mantê-lo desactivado durante uma navegação “normal” (isso é, enquanto visitamos páginas que bem conhecemos ou que sabemos não representar perigo. Pode sempre ser activado no caso de páginas novas e “suspeitas”.
Haveria outras extensões disponíveis, mas, tanto para não ser paranóicos, WOT e AdBlock (com eventualmente No Script) podem ser considerados suficientes. lembrem que as extensões abrandam o navegador: por isso é melhor limitar o número das mesmas (no geral, não mais de que quatro ou cinco extensões), dando prioridade às que tratam da segurança (como aquelas aqui reportadas).
Com algumas medidas é possível navegar de forma quase anónima com a maioria dos navegadores. Começamos com o dizer que esta forma de navegar não é absolutamente
anónima: pode oferecer mais protecção em determinados aspectos, mas não
garante a anonimato. Para ser verdadeiramente “anónimos” é preciso mais
do que isso.
Com Firefox é possível seleccionar Opções, a seguir Privacidade e escolher a opção Modo permanente de navegação anónima.
Caso a navegação anónima não seja a opção mais desejada, aconselho fortemente em qualquer caso:
– Desseleccionar a opção Lembrar o histórico de navegação
– Desseleccionar Aceitar cookies de terceiros
É pouco, mas pelo menos isso…
Chrome não apresenta uma opção para a navegação anónima.
Todavia em Definições, Definições avançadas e Definições de conteúdo é possível gerir a maneira como o navegador trata os cookies, as imagens, JavaScript e Localização (a nossa localização).
Melhor do que nada.
Opera é o navegador que mais oferece neste aspecto. É possível gerir tudo e mais: é o único navegador que permite utilizar um separados em modalidade privado enquanto os outros permanecem normais. Muito útil em caso de pesquisas.
A propósito, para activar a modalidade em apenas um separador: clicar com a tecla direita do rato num separados já existente e escolher Novo separado privado. Só isso.
No geral, para qualquer navegador é boa norma, no mínimo:
- não aceitar os cookies de terceiros
- não lembrar o histórico de navegação
- activar a protecção anti-phishing (quando presente)
- não guardar as passwords
- não permitir o ré-endereçamento automático
- não permitir o download automático (escolher sempre a pasta de destino)
- e, claro, bloquear páginas reconhecidas como perigosa (no Firefox há esta opção).
Alguns navegadores oferecem a possibilidade de navegar de forma quase anónima. Vale a mesma observação feita anteriormente: a verdadeira navegação anónima é outra coisa. Mesmo assim, os browser aqui apresentados permitem navegar sem deixar rastos (ou quase). O que já é bom.
Garantem uma protecção acrescentada, por isso podem ser uma boa solução na navegação do dia à dia. Eis alguns destes navegadores “anónimos”.
Browzar
De momento é um daqueles que utilizo mais. Não guarda coockies, histórico, ficheiros temporários, password, cache e apaga todos os rastos uma vez fechado. Afinal é o mesmo efeito que pode ser obtido alterando as configurações de muitos navegadores, mas neste caso temos já tudo pronto num navegador leve, rápido e portátil.
Aconselhado como segundo navegador.
Epic Browser
Este é um navegador indiano, baseado no Firefox, e funciona bem. Só que não é portátil (requer instalação). Não guarda dados pessoais, nem cookies, vem embutido com um antivírus (não entra em conflito com o antivírus do computador, fiquem descansados). Óptimo nas redes sociais (foi projectado para este fim).
SRWare
É um Chrome mas sem as opções que transmitem para Google os nossos dados. Não tem instalação (é só baixar e utilizar), não guarda dados pessoais. Se gostam do Chrome, gostarão com certeza do SRWare: é idêntico mas com mais privacidade. Pode tranquilamente ser o navegador principal.
QTWeb
Gosto mesmo muito deste navegador. Elegante, muito rápido, sem instalação, permite bloquear tudo (Java, JavaScript, Pop-up, imagens…), até vem com um client torrent embutido. Com um simples botão é possível iniciar a navegação privada. Muito bom mesmo.
Opera
É o meu navegador favorito em absoluto, tem tudo e mais alguma coisa. Inclui a opção “navegação privada” e é altamente configurável. Aconselhadíssimo!
Há outros, mas mesmo assim pode ser suficiente para ter uma ideia. E alguma protecção também.
Até aqui algumas dicas para navegar na internet sem espalhar os nossos dados, para a protecção da privacy. Mas ficámos sempre no âmbito do quase anónimo.
É possível navegar de forma realmente anónima, sem a possibilidade de ser traçados? Parece que sim. Mas para isso é preciso mais do que o nosso simples navegador.
Todos os computadores ligados à internet têm um endereço IP: o Internet Protocol Address (isso significa IP) é um código que identifica univocamente o computador conexo. Uma vez obtido o endereço IP dum computador, individuar a localização é questão de centésimos de segundos.
Por isso, requisito essencial para uma navegação realmente anónima será ocultar o endereço IP, coisa que os navegadores até aqui apresentados não fazem (por isso é uma navegação quase anónima: não armazenam ou espalham dados pessoais, mas permitem localizar o computador sem problemas). Ao esconder o IP não é nada fácil descobrir a partir do qual País o computador é conexo e a navegação se torna realmente anónima.
Como ocultar o IP e permitir uma navegação não monitorada? Resposta: com um browser ou um programa dedicado.
Tor
É o instrumento mais conhecido. É um navegador com o qual é só descarregar e utilizar (já está configurado por uma navegação totalmente anónima). Fornece o IP dum outro País e por isso é o mais utilizado em Países onde actua a censura (como na China, por exemplo).
Utiliza Firefox e é um bocado lento, mas se o desejo for uma navegação sem a possibilidade de ser individuados, funciona particularmente bem. É portátil também o que é sempre bom: é suficiente descarrega-lo numa caneta USB para poder navegar em incógnito a partir de qualquer computador.
Ultra Surf
Funciona com um princípio parecido (mas não igual) ao Tor, só que apresenta duas grandes diferenças: é baseado em Internet Explorer e é mais rápido. Contrariamente a Tor, Ultra Surf não é um navegador: utiliza o navegador pré-definido do sistema para funcionar. Por isso funciona também com Firefox, Chrome ou outros: só que as prestações melhores são obtidas com Internet Explorer.
Mais valia: contrariamente a Tor, Ultra Surf inclui uma protecção contra conteúdos pornográficos ou particularmente violentos. Isso para os Leitores malandros.
FreeGate
É muito parecido com Ultra Surf. Utiliza Internet Explorer e atribui ao utilizador um IP dos Estados Unidos. Por isso acho que não deve ter muito sucesso nos EUA… A homepage do produto é uma das piores em circulação, mas funciona e também é portátil.
Como reportado no início, o facto de navegar de forma anónima não significa de forma nenhuma estar protegido contra vírus ou outras ameaças presentes na internet. Por isso:
- Nunca desactivar o antivírus.
- Nunca desactivar o firewall.
- Visitar páginas web perigosas só em caso de absoluta necessidade (isso é: nunca).
Há outros sistemas para navegar de forma anónima? A resposta é sim, há. Só que entramos num âmbito mais complicado e não parece o caso. As alternativas aqui apresentadas permitem navegar de forma anónima e segura, com a protecção dos dados pessoais: este é o objectivo.
Funciona? Sim, funciona. Todavia temos de lembrar o seguinte:
- a navegação anónima não é uma imunidade geral: se o computador do Leitor estiver sob ataque de hackers, o facto de navegar com os instrumentos acima reportados não adianta muito (ou até nada).
- navegar de forma totalmente anónima não é prático: aceder a determinados serviços pode ser até impossível (caso do correio electrónico). Até os browser quase anónimos causam problemas neste sentido. Portanto, a navegação totalmente anónima deve ser uma excepção.
- diferente o discurso relativo às extensões (tipo WOT, AdBlock, etc.) ou às configurações do próprio navegador: neste caso, pelo contrário, estamos perante instrumentos úteis que todos deveriam adoptar para melhorar a segurança da própria navegação e que em nada prejudicam aspectos como velocidade, acessibilidade, etc.
E lembrem: a navegação anónima terá sempre que ter como objectivo a protecção dos vossos dados.
Portanto: o Leitor acha que os Iluminati estão a segui-lo? Com Tor ou um dos outros produtos o Leitor será como um gato preto num depósito de carvão.
A propósito: que está a fazer o Leitor num deposito de carvão?
Pessoas esquisitas neste blog…
Ipse dixit.