É Sexta-feira e, como sempre, é altura certa para um assunto um pouco mas descontraído.
Então fazemos isso: vamos falar de revolução, pode ser?
As democracias representativas são um engano, acerca disso acho não existirem dúvidas.
Os partidos políticos sozinhos nunca poderão reformar alguma coisa. Seria como pedir a um vampiro de não beber o sangue que o mantém vivo.
Doutro lado não é possível aceitar que os mesmos sujeitos políticos que criaram esta desastrada sociedade possam continuar a mandar. Já causaram demasiados prejuízos ao longo das última décadas, chega.
Então temos o problema: como reformar a actual situação?
Aqui temos um cruzamento: dum lado há as pessoas convencidas de que seja possível mudar a situação a partir do interior, outras acham que só do exterior seja possível obter alguma coisa.
A diferença é substancial.
Mudar do interior significa tentar introduzir uma mudança utilizando as existentes regras democráticas.
Mudar do exterior significa o contrário: utilizar métodos não democráticos.
Em bom Português: uma coisa é fundar um novo partido que possa sentar-se no Parlamento, outra coisa é esperar o político fora do Parlamento para contar-lhe algumas coisas.
Sei que alguns Leitores simpatizam com a segunda hipótese, a via não democrática. É uma opção legítima, do meu ponto de vista, afinal estamos em democracia e todas as opiniões devem ser respeitadas. Quem pensar o contrário (não podemos pensar em escolhas radicais enquanto anti-democráticas), não entende qual o sentido da palavra “democracia”.
A propósito: antes demais é precisa um pouco de ordem.
Porque há várias maneiras de ser “anti”. Anti “que”?
Anti-sistema, incluindo o sistema democrático, ou anti-partidário? Ou anti-outra coisa?
Eu acho que a democracia não pode ser posta em discussão. Se não vejamos: quais as alternativas?
As alternativas são:
- Fascismo
- Comunismo
- Monarquia (constitucional e absoluta)
- Anarquia
- República
Nota: um “purista” ficará horrorizado com esta lista. Mas é uma simplificação, lembrem disso.
Fascismo e Comunismo, na minha óptica, pertencem à mesma categoria e como tais podem ser tranquilamente eliminados. A razão é simples: em ambos os casos estes sistemas degeneram após alguns tempos para tornar-se verdadeiros cultos da personalidades. Pelo que teremos uma Ditadura: não a Ditadura da Antiga Grécia, mas no sentido de Totalitarismo.
Fascismo e Comunismo têm já dados muitas provas de não ser boas soluções.
E acho que ninguém na plena posse das próprias faculdades mentais pode defender um regime totalitário.
A Monarquia parece coisa do passado, mas não é: muitos Estados hoje são monarquias. Diferença respeito aos tempos idos: as monarquias hoje em dia são quase todas constitucionais. O que significa: partidos. O que significa: nenhuma verdadeira mudança com os problemas da repúblicas.
Da Monarquia Absoluta acho nem valer a pena falar.
A Anarquia. Não é um regime mau e, sobretudo, não tem nada a ver como a ideia de “caos” que costumamos associar ao termo. O problema da Anarquia é o mesmo dos outros sistemas: as ideias podem ser boas, só que depois devem ser aplicadas por seres humanos e aqui tudo fica estragado.
Aliás: o mundo está cheio de óptimas teorias que falham miseravelmente quando posta em prática. O bug, o defeito congénito das teorias, muitas vezes reside no facto de não avaliar as reais capacidades do Homem, que tem a simpática tendência para estragar tudo.
Pelo que sobra a República que, de forma errada, costumamos juntar ao termo “democracia”. Pois assim não é: pode tranquilamente haver repúblicas não democráticas. A República Romana (509 – 27 a.C.) era gerida exclusivamente pela aristocracia.
Então, mais uma vez para simplificar, apagamos o termo “República” e vamos substitui-lo com Democracia, pode ser? Fica mais fácil.
A Democracia pode ser: Representativa ou Directa.
A Democracia Representativa é a vergonha na qual vivem a maioria dos Países “desenvolvido” ou “em desenvolvimento”. A ideia é simples: como não é possível ir todos no Parlamento para votar (seria preciso um Parlamento bem grande), são eleitor alguns representantes do povo. Os representantes, claro está, respeitam a vontade do povo e actuam de consequência. O conceito de “representatividade” existe também nas Monarquias Constitucionais e , em mínima parte, no Fascismo e no Comunismo.
Mais uma vez: a teoria é boa coisa, a prática não. E todos sabemos o que são e que fazem hoje os “representantes do povo”, não vale a pena repetir coisas ditas já muitas vezes.
A Democracia Directa, pelo contrário, não prevê nenhuma forma de representatividade. São os cidadãos que, directamente, votam, apresentam, aprovam ou chumbam leis, os orçamentos, etc. Não há “filtros” (ver o caso da Suíça neste artigo).
A minha preferência vai sem dúvida para a Democracia Directa. Que poderia sem implementada e funcionar já hoje.
Depois haveria outras ideias. Mas são ideias. Sociedade do futuro, organizadas de formas totalmente diferentes, com novas bases.
Tudo muito bonito, sem dúvidas, mas:
- são teorias (e já vimos o que acontece com as teorias)
- podem representar o futuro, não presente.
Antes de prosseguir: qual a ideia dos Leitores?
Concordam com a ideia de Democracia Directa ou preferem algo diferente? O que é este “algo diferente”? E porquê?
Estabelecido isso (que também é uma maneira para observar quais as preferências dos Leitores do blog), vamos ver como fazer uma revolução e mudar de rumo.
Nada mais, nada menos.
Ipse dixit.