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Coca-Metilimidazol e Pepsi-4-MEI

Sexta-feira, dia de notícias leves para que o Leitor fique bem disposto em vista do fim-de-semana.
Um serviço de Informação Incorrecta.
Por exemplo esta:

A Coca-Cola e a Pepsi vão alterar a receita dos seus refrigerantes para não terem de pôr avisos contra o cancro nos rótulos.

Cancro? Como assim? É um refrigerante, não uma central nuclear.
O problema é que as bebidas contêm um corante, aquele que dá o bonito tom caramelo, que é potencialmente cancerígeno.

Explica a porta-voz da Coca-Colca, Diana Garza Ciarlante:

Apesar de considerarmos que não há qualquer risco para a saúde pública que justifique esta alteração, pedimos aos nossos fornecedores de caramelo para alterarem a quantidade do corante 4-metilimidazol para que as nossas bebidas não tenham que exibir um aviso no rótulo que não tem qualquer fundamento.

É uma justificação interessante: a Coca-Cola e a Pepsi consideram que não haja riscos para a saúde e que um aviso nos rótulos não teria fundamento. No entanto, mudam a receita.

A verdade é um pouco diferente: o “corante caramelo” não é um inofensivo produto “natural” à base de açúcar caramelizado, mas sim um composto químico conhecido como 4-MEI ou 4-MI (4-methylimidazole) potencialmente cancerígeno, tal como denunciado pelo Center for Science in the Public Interest (CSPI), o organismo público de defesa do consumidor nos EUA com sede em Washington.

Diário Expresso:

O 4-MEI é um corante orgânico sintético idêntico ao natural, obtido pelo processo de sulfito de amónia, utilizado para dar a coloração escura aos refrigerantes. Experiências em animais demonstraram que pode provocar cancro.

Um comunicado à imprensa divulgado pelo CSPI refere que análises químicas em amostras de Coca-Cola e Pepsi revelaram níveis muito elevados do corante cancerígeno nos refrigerantes. Entre 145 a 153 microgramas (de 4-MEI) em latas de Pepsi; 142 a 146 microgramas em latas de Cola; e 103 e 113 microgramas em latas de Diet Coke.

O CSPI estima que o corante caramelo encontrado nas amostras de Coca-Cola e Pepsi é responsável por cerca de 15.000 casos de cancro na população norte-americana.O CSPI alerta também pelo facto de que os mais jovens, com menos de 20 anos, são os mais vulneráveis, por consumirem grandes quantidades de refrigerantes, além de serem mais susceptíveis ao cancro do que as pessoas mais velhas.

Coca-Cola e Pepsi sob acusa? Mas o que é isso?
Eis portanto a Food and Drugs Administration que entra no terreno para defender os interesses das corporações: 4-methylimidazole cancerígeno? Mas onde?
A FDA afirma que seria preciso uma pessoa beber, diariamente, 1.000 latas de Coca ou Pepsi para contrair o cancro. Aliás, a dúvida deveria ser: porque as pessoas ainda não bebem diariamente 1.000 latas de Coca e Pepsi?

O CSPI discorda da FDA. Michael Jacobson, do centro de pesquisa, afirma que os corantes cancerígenos não podem, pura e simplesmente, fazer parte da cadeia dos alimentos, tanto mais que são apenas cosméticos:

A Coca-Cola e a Pepsi, com a aquiescência da FDA, estão desnecessariamente expondo milhões de norte-americanos a um químico que provoca cancro. A coloração é apenas cosmética, não acrescenta sabor. A FDA precisa proteger os consumidores proibindo esse corante.

Não sei, eu em princípio apoio esta última ideia. Porquê a Coca e a Pepsi não utilizam o raio de caramelo natural? É só queimar um pouco de açúcar na água, não deve ser tão caro.

Mas não, mais barato sem dúvida o metilcomosechama. Que talvez em doses baixas nem é cancerígeno. Mas uma criança não vive apenas de Coca ou Pepsi, ingere diariamente outros alimentos: será que estes outros alimentos também contêm o metilcoiso? Pode haver acumulação com outras substâncias perigosas? Quando é atingida a quantidade que pode ser definida como “claramente cancerígena”? Pode haver reacções com estas outras substâncias?

São apenas dúvidas de quem nada percebe acerca do assunto. E pergunta a razão pela qual um produto potencialmente perigoso deve ser utilizado em preparados vendidos ao público.

Ipse dixit.

Fontes: Expresso, Diário de Notícias