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Ainda bem que existe a Goldman Sachs…

Que seria este mundo sem a Goldman Sachs?
Admitimos: seria um lugar muito mais aborrecido.

Peguem num escândalo económico-financeiro qualquer, não importa de que País: cedo ou tarde será possível encontrar o nome dela, da Goldman Sachs.

Parece, aliás, que a principal ocupação deste banco seja fornecer material para o mundo da informação alternativa. Provavelmente na sede de New York têm um departamento que trata só disso: enfiar a instituição nas tramas mais escuras do planeta. E trabalham bem.

A mais recente aventura da simpática Goldman Sachs (que, lembramos, é o banco de investimento mais poderoso do Sistema Solar e arredores) tem a ver com a intelligence geopolítica. “Espionagem” em bom Português. Goldman Sachs queria explorar a informação confidencial da agência de intelligence privada Stratfor para fazer insider trading e especular nos mercados no sector dos Títulos de Estado.

O que é este insider trading? É mesmo isso: explorar informações confidenciais para ganhar nos mercados financeiros. Não é uma coisa simpática, por isso é proibido.


É esta uma notícia que surge nos documentos de Wikileaks, que de vez em quando consegue até fornecer algo de interessante. Não de original ou de espantoso (espantosa seria a notícia pela qual a Goldman Sachs recusa uma prática ilegal), mas pelo menos de interessante.

Mas quem é a Stratfor?
É uma empresa do Texas, fundada por George Friedman em 1996. Friedman, ex criador de videojogos, trabalhou para o exército dos Estados Unidos, pela Rand Corporation, para depois decidir trabalhar sozinho com a Stratfor. E aqui começam os problemas: porque a Stratfor participa em actividades ilícitas de espionagem e reciclagem de dinheiro por conta do governo dos Estados Unidos e de algumas empresas privadas, nomeadamente Dow Chemical, Lockheed Martin, Northrop Grumman, Raytheon.

Obviamente uma tal actividade ilegal não poderia ter passado inobservada aos olhos da Goldman Sachs, que não tardou a entrar em contacto com a Stratfor tendo em vista uma profícua colaboração.

No ano passado, o ex-executivo sénior da Goldman Sachs, Morenz Shea, e o fundador e presidente da Stratfor, George Friedman, criaram um fundo de investimento denominado StratCap. Num e-mail do passado dia 5 de Setembro é o mesmo Friedman que explica:

A StratCap usará as nossas informações e ferramentas de análise para comerciar na área dos instrumentos geopolíticos, em particular Títulos de Estado, moedas e afins nos mercados dos Países emergentes.

O e-mail, classificado como “reservado para uso interno, para não divulgar e discutir no exterior” porque a cautela nunca é demais, continua com Friedman que explica que a ideia surgiu na mente do gerente da Goldman Sachs (alguém tinha dúvidas?), o qual criou o projecto StratCap investindo 2 milhões de Dólares (além de outros importantes financiamentos para a Stratfor) e entrando a seguir no Conselho de Administração da mesma Stratfor:

Já prestámos consultoria a outros fundos de investimento, agora, graças a Morenz, temos um fundo nosso.

O fundo StratCap deveria ter ficado operacional a partir da próxima Primavera: infelizmente algo correu mal, o que é uma pena. Mas não é o caso de desesperar: com certeza a Goldman Sachs encontrará em breve uma outra actividade ilícita para alimentar o próprio já comprido curriculum. Neste aspecto, Goldman Sachs é uma garantia.

Ipse dixit.

Fontes: Wikileaks, Eilmensile