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O Lago Vostok

O lago numa imagem radar

Grécia, Irão, Síria…não é que as novidades abundem.
Então vamos mudar: hoje vamos falar de algo que fica num lugar frio, mas frio mesmo.

O diário La Repubblica publica um artigo muito interessante. Reparem na fonte: não o blog “Mistérios, Fantasmas e Medo”, mas o segundo (ou primeiro? Já não sei) diário mais vendido do “Bel Paese”.

O assunto? O lago Vostok, 250 km de comprimento, 50 de largura, 1.000 metros de profundidade.
Nunca visitaram o lago Vostok? Não admira: em primeiro lugar fica na Antárctica, um pouco afastado das tradicionais rotas turísticas; depois não é um lago normal, mas encontra-se debaixo de duas milhas de gelo.

Um lago debaixo da camada gelada da Antárctica? Isso mesmo. Promete bem.

Água, dúvidas…

O lago foi descoberto pelo geógrafo russo Andrey Kapitsa durante uma serie expedições cientificas soviéticas realizadas entre 1959 e 1964. A combinação de ondas sísmicas e radar confirmou a existência de alguns lagos, o maior dos quais é o Vostok.

Com a perfuração foi possível alcançar uma zona situada apenas 60 metros acima da superfície do lago, onde já não há o mesmo gelo da camada polar mas gelo de água lacustre. Agora uma equipa de pesquisadores russos retomou a exploração, o que significou ultrapassar mais de duas milhas de gelo antárctico, numa perfuração que acabou hoje.

E nem faltara uma pitada de mistério: como relata o canal de notícias Fox, a equipa desapareceu e reapareceu só após uma semana de comunicações interrompidas.

Mas afinal: qual a graça em visitar um lago que fica debaixo de quilómetros de gelo?

As razões são várias.
A camada de gelo antárctico funcionou como selante desde o Plioceno, 5 milhões de anos atrás. Desde então, as águas do Vostok ficaram separadas e absolutamente livres de qualquer contaminação exterior.

Isso significa que uma amostra do Vostok daria água pura e, ao mesmo tempo, seria como uma máquina do tempo: água com 5 milhões de anos.

E a vida? Pode existir um ecossistema no Vostok? A resposta é sim, pode. 5 milhões de anos atrás a vida proliferava no planeta e faz sentido pensar em criaturas presas nas águas do lago desde então. Vida que teria tomado um percurso diferente de qualquer outro lugar do planeta. Neste aspecto, é óbvia a presença de bactérias, mas pode existir algo mais? Ainda não sabemos, mas os pesquisadores terão que tomar uma série de precauções para evitar qualquer tipo de contaminação,  em ambas as direcções.

Além de tudo isso há outra pergunta: como é possível a existência dum lago debaixo do gelo, num dos lugares mais frios da Terra? Em algumas zona, a água atinge os +30º C, o que daria uma excelente piscina.
Existe uma hipótese que tenta explicar este fenómeno: os lagos, entre os quais o Vostok, estariam posicionados em zona onde a crosta terrestre é mais fina e que, portanto, recebe o calor do magma.
Como afirmado, não passa duma hipótese, sendo as verdadeiras razões ainda desconhecidas.

Mas há ainda outro mistério que está à espera de ser resolvido. Algo igualmente importante, mas com contornos muito menos definidos.

…e mais dúvidas

No sul-oeste do lago, as equipas de pesquisa têm identificado e testado ao longo de anos a presença duma forte anomalia magnética, de origem inexplicável, com uma extensão 105 para 75 km.

 Alguns pesquisadores acreditam que o tal fenómeno seja devido ao afinamento da crosta nessa área; porém, alguns medições feitas por detectores sísmicos identificaram a presença dum elemento metálico de forma circular (ou talvez cilíndrica) que aparece na base do lago, com um diâmetro muito grande.

Portanto, a hipótese é que seja esta não especificada estrutura que gera a alteração de 1000 nanotesla no campo magnético da zona.
Um meteorito? Ou algo ainda desconhecido? Não sabemos. A única certeza é que o objecto apresenta um perfil regular e que a NSA (a agência para a segurança nacional dos EUA) tem perimetrado a área e classificado as comunicações, oficialmente para “evitar a contaminação”.

Um dos muitos mistérios do Vostok, cuja exploração faz lembrar o trabalho das sondas espaciais: um mundo novo, desconhecido, com muitas perguntas em aberto.

Ipse dixit.

Fontes: La Repubblica, Fox News, Nasa