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“Querido Irão,…”

O New York Times anunciou que a administração do simpático Obama, em 12 de Janeiro, enviou uma carta para os líderes do Irão.

Três dias depois, 15 de Janeiro, o porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros reconheceu que a carta tinha sido entregue através de três canais diplomáticos:

  1. uma cópia da carta chegou em New York, ao embaixador do Irão na ONU, Mohammed Khazaee, através do seu homólogo dos EUA, Susan Rice;
  2. uma segunda cópia foi entregue através da embaixadora suíça em Teheran, Livia Leu Agosti;
  3. uma terceira cópia chegou com o iraquiano Yalal Talabani. 

Votos de Feliz Ano Novo? ao que parece não.

Na carta, a Casa Branca detalhou a posição dos Estados Unidos, enquanto as autoridades iranianas afirmaram que é um sinal de como as coisas realmente estão: os Estados Unidos não podem dar-se ao luxo de travar uma guerra contra o Irão.

Guerra? Mais logo, obrigado.

Na carta, escrita pelo presidente Obama, há um apelo dos Estados Unidos para iniciar negociações entre Washington e Teheran, com o objectivo de pôr fim às hostilidades entre os dois Países.

Ali Motahari, da agência oficial de notícias iraniana Mehr:

Na carta, Obama disse que estava pronto para iniciar as negociações e resolver os desacordos.

De acordo com Hussein Ibrahimi, Vice-Presidente do Comité de Política Externa e de Segurança Nacional do Parlamento, a carta pede cooperação entre os EUA e Irão e o começo de negociações com base no interesse mútuo .

Na carta Obama tentou também tranquilizar Teheran: os Estados Unidos não vão escolher acções hostis contra o Irão. E é importante salientar como na mesma altura o Pentágono cancelou ou atrasou importantes manobras militares unificadas com Israel.

Mas os Iranianos ficam desconfiados: não seria a primeira vez que o simpático Obama diz uma coisa e faz outra.

Há também outro aspecto que tem de ser considerado: enquanto Obama escreve, as pressões contra a Síria não diminuem e Washington sabe que não é possível pedir tranquilidade ao Irão e, ao mesmo tempo, fornecer armas contra o governo de Damasco.

A verdade parece ligeiramente diversa: Washington não tenciona mudar de rumo, simplesmente quer adiar um confronto que nesta altura não pode travar.

Em ano de eleições, com um Presidente no mínimo da popularidade, uma economia que não descola, com o pesadelo de outro difícil acordo acerca da dívida pública ao longo dos próximos meses, uma guerra já perdida (Afeganistão), não seria fácil convencer os eleitores acerca da indispensabilidade dum novo conflito. Um conflito que não seria contra um exército de desgraçados como no caso do Iraque ou contra simples guerrilheiros com camelos como foi em Kabul: o Irão tem um exército, e sério também.

A sensação é que guerra será, também porque israel quer que guerra seja. Mas não seria correcto identificar em israel o pior inimigo de Teheren: há outros Países ainda mais interessados no fim do regime dos ayatollah.

CCG

Quem? Pepe Escobar, no Asian Times Online, fala do CCG, o Conselho de Cooperação do Golfo. Este reúne seis monarquias (Arábia Saudita, Qatar, Oman, Kuwait, Bahrein, Emirados Árabes Unidos) que representaram o principal aliado estratégico dos Estados Unidos durante a invasão do Iraque e do Afeganistão.

Mais: a Quinta Frota de Washington estaciona no Bahrein enquanto o Central Command (o quartel geral avançado) tem sede no Qatar.

E não podemos esquecer um pequeno pormenor: petróleo. Segundo as previsões, nas próximas décadas o CCG será responsável pela produção de 25% de todo petróleo mundial. Petróleo vendido exclusivamente em Dólares. E é o CCG que impede que o Opec (Organization of Petroleum Exporting Countries, a organização dos Países produtores de ouro negro) possa vender em troca de outras moedas.
Por isso: Petro-Dólares.

No passado Outubro, Washington concluiu o melhor negócio bilateral da própria história: 167.000 milhões de Dólares para o fornecimento dos novos caças F-15, Black Hawks, Apaches, mísseis Patriot-2 e navios vários. Cliente? A Arábia Saudita. E existe outro acordo, já assinado, com o Bahrein, um total de 53.000 milhões de Dólares.

Tudo isso explica porque a Primavera árabe fez aqui uma rápida aparição antes de desaparecer por completo, com o silêncio geral dos media.

Mas a Primavera continuou em outros Países, introduziu “democracia” e “liberdade” no Egipto, na Tunísia, na Líbia, enquanto o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, exorta o Presidente da Síria a travar a violência contra os revoltosos porque o tempo das dinastias no mundo árabe acabou (evidentemente Ban Ki-moon pensa que os Países do CCG façam parte dum outro sistema solar).

Último alvo: o Irão. Algo acerca do qual os Estados Unidos trabalham há muito, pois Teheran representa muito mais do que simples petróleo: é a chave para o controle da Eurásia.

Mesmo assim, como vimos, Washington tem que carregar no travão: não é altura, agora não. No futuro talvez, aliás, quase de certeza, mas por enquanto melhor esquecer.

…e que tal matar Obama?

Todos felizes, todos satisfeitos? Nem por isso.
Na região há outro aliado dos Estados Unidos, e que aliado.

Porque israel tem pressa: qual carta, quais problemas? O Irão tem que ser atacado, ponto final. Outras opções não há. Por isso o dono e editor do Atlanta Jewish Times, Andrew Adler, sugere ao primeiro ministro de Tel Avive de considerar três possibilidades:

  1. um ataque preventivo contra Hamas e Hezbollah
  2. um ataque contra as centrais nucleares do Irão
  3. assassinar Barack Obama.

Vale a pena ler a terceira, a mais divertida:

Dar luz verde aos agentes do Mossad com base nos Estados Unidos para remover um presidente considerado hostil contra israel, de modo a permitir que o actual vice-presidente possa tomar o lugar dele e ordenar estrategicamente que a política dos EUA inclua a ajuda ao estado de israel na destruição dos seus inimigos.

Sim, podem ler a terceira de forma correcta. Ordenar uma acção contra um presidente de modo a manter a existência de israel. Reflictam. Não acham que uma ideia como esta foi debatida nos quartos secretos de israel?

Sucessivamente Adler disse lamentar o acontecido, acrescentando que não era intenção dele promover o homicídio do simpático Obama.

Mas fica um aviso: com amigos como estes, Obama não precisa de inimigos.

Ipse dixit.

Fontes: AsiaTimesOnline, Haaretz, GlobalResearch