As implicações desta teoria alternativa são enormes: o petróleo não seria algo em via de desaparecimento mas um componente renovável da terra.
A teoria tem fundamento? Cabe ao Leitor julgar.
Aqui vamos aprofundar o assunto.
A essência da moderna teoria russo-ucraniana acerca da origem do petróleo abiótico é um amplo conjunto de conhecimentos científicos que abrange os temas da génese química das moléculas dos hidrocarbonetos que constituem o petróleo natural, os processos físicos e dinâmicos relacionados,o posicionamento e a produção de petróleo.
Na prática, a teoria reconhece o petróleo como um material primordial de origem profunda, que é expelido das camadas interiores do planeta. Isso significa que o petróleo não é um combustível fóssil e não tem relacionamentos com detritos biológicos (como animais mortos).
Na base da teoria temos a química e a termodinâmica: em particular, a moderna teoria do petróleo afirma que como principio central deve ser mantida uma geração de hidrocarbonetos que seja conforme aos ditames da termodinâmica química, tal como deve acontecer com toda a matéria. E, afirmam os teóricos, neste aspecto as ideias russo-ucranianas acerca do petróleo contrastam fortemente com as teorias geológicas inglesas e americanas.
Segundo os pesquisadores, o petróleo não tem nenhuma ligação intrínseca com o material biológico. As únicas moléculas de hidrocarbonetos que representam uma excepção neste sentido são aquelas do metano (o tal “gás natural”), o gás com o potencial químico mais baixo entre todos os hidrocarbonetos, e aquelas do etileno.
Apenas o metano é termodinamicamente estável perto da superfície terrestre e, consequentemente, pode ser gerado aí, como doutro lado é possível observar nas pântanos e nos cemitérios. Todavia, o metano é a única molécula de hidrocarbonetos na posse de tais características termodinâmicas, todas as outras são sistemas polimorfos de carbono-hidrogénio de alta pressão.
Isso significa que a génese espontânea doso hidrocarbonetos mais pesados que constituem o petróleo verifica-se apenas em regimes de alta pressão.
A história ciência do petróleo teve origem no ano 1757, quando o estudioso russo Mikhailo V. Lomonosov afirmou que o petróleo seria o produto de detritos biológicos. Lomonosov escreveu:
o “óleo de rocha” originou-se a partir de minúsculos corpos marinhos mortos e de outros animais que foram sepultados nos sedimentos e que, após muito tempo sob a influencia do calor e da pressão, transformou-se em “óleo de rocha”.
Os primeiros cientistas que não reconheceram as ideias de Lomonosov foram o naturalista e geólogo alemão Alexander von Humboldt e o químico e estudioso de termodinâmica francês Louis Joseph Gay-Lussac que, em conjunto, afirmaram como o petróleo é um material primordial expelido das profundezas e afastado de qualquer questão biológica perto da superfície da Terra.
Em ambos os casos, as teorias tem uma origem nobre. Mas foi com o desenvolvimento da química e da termodinâmica que partiram os primeiros ataques importantes contra as ideias de Lomonosov: sobretudo após o nascimento do segundo princípio da termodinâmica de Clausius, em 1850.
O químico francês Marcellin Berthelot desprezou em particular a ideia do petróleo com origem fóssil: Berthelot conduziu experimentações que demonstraram a geração do petroleo a partir de aço dissolvido com ácido. Produziu a série de alcanos em total ausência de moléculas ou processos biológicos. Mais tarde, as pesquisas de Berthelot foram aperfeiçoadas por outros pesquisadores, em particular Biasson e Sokolov, os quais concluíram que o petróleo nada tinha a ver com o material biológico.
Mais tarde foi o químico russo Dmitri Mendeleev que afastou a hipótese orgânica do petróleo. Foi ele que originou a ideia de pontos fracos na crosta terrestre a partir dos quais o petróleo pode emergir das profundezas. Mendeleev foi criticado na altura por causa da ideia dos pontos de fraqueza, que ele definiu “falhas profundas”, mas hoje a teoria da tectónica não poderia existir sem a existência destas “falhas”.
O impulso para o desenvolvimento da moderna ciência do petróleo veio logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, e foi impulsionado pelo reconhecimento pelo Governo da então União Soviética da necessidade crucial do petróleo no âmbito da guerra moderna. Em 1947, a URSS tinha reservas muito limitadas de petróleo, das quais a maioria era constituída pelos campos de petróleo na região da península de Abseron, perto da cidade de Baku Caspian (hoje Azerbaijão).
Em 1947, os Soviéticos perceberam que os Americanos e os Britânicos não tinham intenção de permitir operações russas no Oriente Médio, nem nas áreas produtoras de petróleo da África, Indonésia, Birmânia, Malásia ou em qualquer outra parte do Extremo Oriente, e nem na América Latina.
O governo da União Soviética reconheceu então que novas reservas de petróleo deveriam ser descoberta e desenvolvida na União Soviética. Iniciou-se um programa ao qual foi dada a máxima prioridade para estudar todos os aspectos do petróleo, para determinar as suas origens e como as reservas de petróleo são geradas, e verificar qual poderia ser as estratégias mais eficaz para a procura e a exploração do petróleo.
Em 1951, a moderna teoria russo-ucraniana da origem do petróleo abiótico foi enunciada por Nikolai A. Kudryavtsev no Congresso de geologia sobre o petróleo de toda a União. Kudryavtsev analisou a hipótese duma origem biológica do petróleo e enfatizou o fracasso das reivindicações em apoio a esta hipótese. Kudryavtsev logo foi acompanhado por vários outros geólogos russos e ucranianos, entre os quais PN Kropotkin, KA Shakhvarstova, GN Dolenko, Linetskii VF, VB Porfiryev, e KA Anikiev.
Durante a primeira década da sua existência, a moderna teoria das origens do petróleo tem sido objecto de grandes polémicas. Entre os anos 1951 e 1965, com a liderança de Kudryavtsev e Porfiryev, um número crescente de artigos publicados mostrou as falhas e as contradições inerentes à velha hipótese de “origem biogênica”.
Após esta primeira década, o fracasso da hipótese do século XVIII, acerca duma origem biológica dos hidrocarbonetos em sedimentos perto da superfície, tem sido amplamente demonstrado.
Então: o petróleo tem origem orgânica ou nem por isso? Fica a dúvida.
Se a teoria da origem inorgânica fosse verdade, deixariam de fazer sentidos muitas das guerras modernas. Seria preciso reconhecer que o petróleo foi utilizado como desculpa.
Mais petróleo significaria petróleo mais barato; e petróleo mais barato implicaria custos de transportes e de produção mais baratos.
Poderia ser uma outra verdade mantida escondida? Sim poderia.
Em qualquer caso, não sei até a que ponto tudo isso possa interessar: o petróleo, orgânico ou inorgânico, polui e, independentemente das teorias do aquecimento global, é um combustível que nenhuma sociedade minimamente evoluída tomaria em consideração.
(Nota para os patriotas: uma excepção é obviamente representada pelo petróleo do Brasil, que tem origem na decomposição das canas de açúcar, e que é o único que não polui).
Ipse dixit.
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Fontes: Dioni, Gasresources