O que é isso?
É uma técnica relativamente nova para extrair gás da terra. É genial e disso já falámos num passado artigo.
Resumindo: pega-se num líquido composto por várias substâncias químicas, enfia-se o líquido numa sonda de alta pressão e depois dispara-se tudo no solo. Resultado? A rocha fica em pedaços, o gás é libertado.
Uma vez extraído o gás ou o petróleo, o buraco deixado atrás é enchido com areia, cascalho ou cerâmica. Antes rocha, depois areia. Mesma coisa, evidente.
As companhias petrolíferas estão tranquilas: o fracking é seguro, ora essa. Cria-se um buraco, enche-se o buraco, onde está o problema?
O problema é que após o tremor de terra do passado 31 de Dezembro (grau 4.0 Richter), as autoridades do Ohio (Estados Unidos) decidiram travar todas as operações de extracção, em particular a ré-injecção de líquido em cinco poços. Segundo os dados oficiais, desde Setembro até Dezembro de 2011, nestes poços foram injectados 350.000 barris de fluidos perfurantes, mais ou menos 56 milhões de litros de químicos.
Estes poços são definidos de ré-injecção, são profundos 3 quilómetros e são utilizados para despejar as abundantes águas tóxicas produzidas durante as operações de extracção. Porque verdade seja dita: o fracking é um pouco sujo.
Em todo o Ohio, ao longo do ano passado, foram ré-injectados 7 milhões de barris, mais ou menos 1.000 milhões de litros deste lixo.
E começam as dúvidas: mas será que o fracking é depois tão seguro?
Won Young Kim não gere uma loja chinesa mas é professor do departamento Seismology Geology e Tectonophysics do Lamont-Doherty Earth Observatory da Columbia University, New York; e afirma ser evidente a conexão entre fracking e terremoto.
Afirma:
Sabemos que a profundez do terremoto de Sábado [31 de Dezembro, ndt] foi de duas milhas o que não é usual num terremoto natural. As circunstancias provam uma correlação entre os dois factos [fracking e terremoto, ndt], no passado nunca tivemos terremotos na área e a proximidade de tempo e espaço coincide com as operações nos poços.
Desde Março de 2011 aconteceram 10 tremores de terra na zona, embora não tão fortes como o último, e Kim acha que todos estão relacionados com a actividade de extracção. E faz notar como no Oklahoma houve 43 terremotos nos últimos dois anos ligados ao fracking.
E parar as operações ajuda? Mais ou menos:
Poderiam ser necessários dois anos para travar os terremotos. A migração dos fluídos injectados pode demorar bastante tempo.
Os moradores afirmar ter ouvido um forte “rugido” na zona.
Os petroleiros negam que fracking e terremotos possam estar relacionados. E o porta-voz do Ohio, o republicano John Kasich, está ao lado deles:
Não vamos deixar que alguém possa esfaquear aquela que pode ser a retoma económica do Ohio ocidental.
A injecção de líquidos no subsolo remota aos século XIX: por volta de 1860, na costa leste dos Estados Unidos, era utilizada nitroglicerina, enquanto mais tarde, em 1930, a técnica foi melhorada com o uso de ácidos. Só em 1947 surge a ideia de utilizar água, método da empresa petrolífera Halliburton.
Do funcionamento já falámos: é só acrescentar que o líquido injectado (água) é enriquecido com 1% dum composto que pode conter até 500 químicos.
O fracking é também utilizado na construção de poços hídricos e na preparação das rochas antes da perfuração em minas, mas o emprego principal é a extracção de gás e de petróleo.
- Austrália (mas com limitações desde 2011)
- Canada (suspensa no Quebec)
- França (proibida desde 2011)
- Irlanda
- Nova Zelândia
- África do Sul (temporariamente suspensa)
- Reino Unido (suspensa no Lancashire após dois terremotos)
- Estados Unidos
Fonte: Reuters, Diritti Globali, Quale Energia