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A chave. A única chave.

O blog Sociedade Alienada é um lugar de reflexão que sugiro amplamente.

Não tem a verbosidade de Informação Incorrecta, o que é bom pois a linha entre verbosidade e logorréia é bastante subtil. É, como dito, mais um lugar aberto às reflexões, onde poucas palavras podem dizer muito.

O último tema tratado é o Conhecimento.
Diz Saraiva, o autor do texto que, se bem percebi, aparece também na primeira imagem 🙂

Fora dessa área temos o Novo, o Desconhecido, a Surpresa, Mais Conhecimento, a Verdade. E é ao navegarmos nessa área que crescemos intelectual/moral-mente. Mas é preciso ter um espírito aberto às novas experiências. Quantas pessoas desistem ainda antes de tentar? Quantas pessoas ouvem os boatos e as hipóteses, julgando que isso é o suficiente para saberem algo sobre alguma coisa?


Eis um ponto extremamente importante.
Vivemos numa sociedade paradoxal: nunca na história o Homem teve acesso a tanta informação. Nunca existiu internet, que com um click abre as portas dum universo de sabedoria. Não há quase limites nisso, pois há tudo. E se o Leitor tiver facilidade com outros idiomas, como o Inglês, então uma vida não será suficiente para ler e aprender a impressionante mole de conhecimento que corre nos fios da informática.

Ao mesmo tempo somos cada vez mais ignorantes.
Não sabemos o que se passa, literalmente. Há uma crise económica mas poucos, muito poucos sabem indicar as verdadeiras causas. No máximo será possível ouvir falar de subprimes e dívida pública. E se perguntarmos “Mas qual o elo de ligação entre os primeiros e a segunda?”, então é apenas o silêncio.

Sofremos por causa do excesso de informação: poucas informações são repetidas até a exaustão, de forma que se tornam realidade e retiram a vontade de procurar por mais.

Como diz Saraiva: quantas pessoas ouvem os boatos e as hipóteses, julgando que isso é o suficiente para saberem algo sobre alguma coisa?

Neste aspecto a mundo da informação alternativa é o melhor entre todos os exemplos: temos milhares de blog e site que espalham hipóteses, boatos, notícias sem fundamentos. E acontece que, parafraseando, um boato repetido muitas vezes torna-se uma realidade.

É possível navegar vários dias na internet e encontrar apenas boatos que satisfazem o nosso ponto de vista, o que para muitos é suficiente. Não é preciso mais, de verificar as fontes, de procurar as origens e o grau de confiança nem pensar: se muitos repetem a mesma coisa, como pode esta ser falsa?

É o idêntico mecanismo utilizado pelos media mainstream. Só que muitas vezes somos nós que activamos o mecanismo, com a nossa vontade de encontrar alguns confortos nas respostas. “Afinal não era o único a ter esta suspeita”.

Desta forma construímos o nosso pequeno universo confortável, do qual será cada vez mais difícil sair. Porquê sair? Lá fora há só ideias contrárias, melhor ficar aqui.

Pior do que não poder aprender, é não querer aprender; os verdadeiros ignorantes não querem aprender, pois num misto de presunção e preguiça, julgam que sabem tudo…e assumir que se sabe alguma coisa, é dar rédea solta ao erro e à falácia.

Ninguém é incapacitado na aprendizagem. Ninguém mesmo. Não importam a nossa língua, o nosso título académico, as nossas experiências: todos podemos aprender. O álibi segundo o qual “Eu não posso entender isso, é demasiado complicado” não passa disso, uma desculpa.
Eu não sabia como funcionava uma central atómica. Tinha uma vaga ideia, só isso. Comecei com uma página na internet, percebi o esquema base e a importância do urânio.
Urânio? O que é isso? É só seguir as ligações, perceber a função do mineral (e saltar toda a parte com fórmulas química para evitar um colapso), donde é extraído, as várias utilizações. Entre as quais as armas atómicas.
Outra curiosidade, outros links, outros conhecimentos: como funciona uma arma atómica, porque é letal, quais outras armas existem…não há limites. E tudo a partir duma pesquisa elementar: comecei com o funcionamento duma central nuclear e acabei no site da Policia de New York.
Porquê fiz isso? Porque queria perceber.
Quem pode fazer o mesmo? Todos.
Acerca de quais assuntos? Todos.
É hora de agir.
Procuremos um livro sobre uma matéria diferente, procuremos apreciar outros domínios, desde as coisas simples e ordinárias da nossa vida, até às matérias mais complexas e extraordinárias.
Acredita em ti e nas tuas capacidades…hoje, experimenta ignorar aquele programa de televisão ou não leias aquela enfadonha revista côr-de-rosa…hoje darás um passo noutra direção, por um caminho que necessita de mais esforço, mas que no final te deixará diferente e bem melhor.

Muitas vezes neste blog falei mal da televisão. Mas eu não tenho nada contra a televisão, bem pelo contrário, acho ser este um excelente instrumentos. Em teoria. Na prática é uma porcaria, mas isso porque é utilizado mal.

E não pensem que na minha óptica uma boa televisão é aquela que transmite documentários e reportagens 24 horas por dia. Isso não seria uma televisão, seria só uma grande seca. Cada um de nós precisa de descontrair, de diversão, sou um apologista disso. Nada melhor de que, após acabado o trabalho, poder “libertar a mente”. E a televisão pode bem ajudar nisso.

Mas uma coisa é desfrutar a televisão, outra é ficar desfrutado pela televisão. Não é possível entregar à televisão o monopólio da nossa diversão. Há outras maneiras para descontrair, tal como estar com a própria família (não sentados a ver a televisão…), os amigos, passear, fazer desporto, jogar, beber uma cervejola enquanto o sol lentamente mergulha no horizonte…e também desafiar o nosso cérebro. Com um livro, por exemplo.

Eu não digo: desliguem a televisão e leiam. Não digo porque eu não faço: eu sou um consumidor de televisão (e é melhor não dizer quais programas costumo ver para não perder muitos Leitores lolol). Só que consigo (acho) um equilíbrio. Não é preciso escolher: ou um livro ou a televisão. É bem possível escolher os dois. É possível desligar a televisão meia hora mais cedo e dedicar os 30 minutos à leitura (o que, ao que parece, favorece o adormecimento uma vez deitados).

Os livros custam? Verdade, em Portugal os livros são caros. Mas há sempre internet. Não é bem a mesma coisa, mas algo de parecido com vantagens e desvantagens.

Seja qual for a forma escolhida, o importante é alimentar o cérebro. E Saraiva tem razão.

Lembra-te que ao seres conhecedor, não és tão facilmente manipulado

Não saber significa depender dos outros, não há nada a fazer. A única maneira para perceber o ambiente que nós rodeia e tomar decisões autónomas (isso é, verdadeiramente nossas) é conhecer. É um processo que se auto-alimenta e propaga: ao conhecer podemos avaliar as informações com as quais somos bombardeados, por isso podemos avaliar quais fontes podem ser consideradas fidedignas e quais não.

Mas reconhecer uma fonte fidedigna significa também ter acesso à outras informações supostamente de qualidade. O conhecimento gera conhecimento.

Agora vai, sai desse marasmo mental e procura a luz do conhecimento verdadeiramente útil e necessário ao teu ser e à comunidade em que te inseres – ao seres conhecedor, tornas-te uma nova fonte de conhecimento.
Este é o único ponto com o qual discordo: ao sair da nossa zona de conforto entramos num autêntico marasma mental, no meio do qual somos confrontados com uma nova realidade, bem diversa daquela à qual estávamos habituados.
Uma coisa é perceber como funciona uma central nuclear; bem diferente é entender que a sociedade, tal como ela é representada, não passa duma mascara. É um processo que tem um preço e pode ser cumprido apenas se aceitarmos de pôr em discussão os nossos pré-conceitos.
E isso é muito complicado, implica uma boa dose de humildade. Significa “eu sei que não sei”. Quantos entre nós têm a coragem de admitir isso?
Pessoalmente gosto e vivo isso como um desafio. Temos que pôr em causa as nossas ideias, os nossos convencimentos, as explicações que guardamos religiosamente para interpretar a realidade. E a coisa mais bonita é a possibilidade de descobrir que afinal há outras realidades.
Há um mundo lá fora, fora do pequeno universo que nós construímos. É só descobri-lo, e a chave é o conhecimento.
Outras coisas bonitas? Sim, com certeza.
Em primeiro lugar conseguimos abrir a nossa mente e ultrapassar as barreiras que artificialmente a nossa sociedade constrói. Nem todas, é verdade (somos humanos, não robot), mas são muitas, já derrubar algumas delas é um bom resultado.
E depois:
E o conhecimento, ninguém to tira.

Disso podem ter a certeza.
Fala-se tanto de liberdade. A liberdade começa nas páginas do Conhecimento. Procura-la em outros lugares é só tempo perdido.

Ipse dixit.

Para ler o artigo completo: O Conhecimento não ocupa lugar