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Loucos e prendas

Desde ontem também Anders Breivik, o assassino da ilha norueguesa, tornou-se parte dum pequeno grupo de pessoas muito especiais: o grupo dos loucos responsáveis, segundo a História oficial, de graves crimes com eco internacional.

A História está nas mãos dos loucos? Parece, pois Breivik não é o único caso.

Quem matou John Kennedy? Claro, foi ele: Lee Harvey Oswald, um louco solitário tão alienado e confuso que disparou contra o único presidente que tinha feito uma verdadeira abertura política para o País que o mesmo Oswald amava e respeitava mais de que qualquer outro, a União Soviética. Oswald disparou e foi logo silenciado por um mafioso vitima por sua vez dum câncer fulminante uma vez entrado na prisão. Azar.

Enquanto isso, a CIA tomou conta do poder que tinha sido perdido, o Dólar de prata do governo foi retirado e esquecido, a escalada militar no Vietname teve luz verde, Hoover foi capaz de permanecer no topo do FBI, Israel começou a construir a bomba atómica, Nixon foi capaz de entrar discretamente na cena política.

Oswald era louco. Mas olha só as prendas que deixou.


Quem matou Martin Luther King? Claro, foi James Earl Ray, um louco solitário tão alienado e confuso que logo denunciou uma sofisticada conspiração política aos mais altos níveis para matar o líder dos negros americanos. Ray foi depois atingido pelo vírus da hepatite C, por causa duma transfusão de sangue errada feita na prisão, e morreu mais tarde no silêncio de sua cela. Azar.

Enquanto isso, o movimento dos direitos civis sofreu um grave revés, a sua liderança foi fragmentada, os “Panteras Negras” foram infiltrados e dizimados, Robert Kennedy perdeu a capacidade de trazer com ele para a Casa Branca um vice-presidente negro, pela primeira vez na história.

Ray era louco. Mas olha só as prendas que deixou.

Quem matou Robert Kennedy,? Claro, foi Sirhan Sirhan, um jordano-palestiniano tão alienado e confuso que disparou contra um presidente que provavelmente teria tentado pôr fim à opressão de Israel na sua terra natal e teria imposto a Israel o respeito da resolução da ONU que exigia a devolução dos territórios conquistados no ano anterior, entre os quais estava a Cisjordânia.
Sirhan viu sistematicamente negado qualquer pedido para a reabertura do caso, embora existam toneladas de evidências de que algo de muito, mas mesmo muito esquisito se tinha passado. Azar.

Enquanto isso, Nixon ganhou a eleição, a guerra do Vietname continuou, o caso Kennedy nunca foi reaberto, a Direita recuperou o poder em todas as áreas, a polícia ficou com carta branca para reprimir os movimentos juvenis, o Dólar abandonou o Golden Standard, a DEA desencadeou uma guerra contra as drogas que ainda não acabou, Salvador Allende foi morto, Israel recebeu dos Estados Unidos a prenda do veto permanente sobre a aplicação das resoluções da ONU.

Sirhan é louco. Mas olha só as prendas que deixou.

Quem derrubou as Torres Gémeas? Claro, foi Bin Laden, um sheik saudita tão alienado e confuso que até esqueceu-se de reivindicar o atentado mais famoso da história. E antes de morrer (várias vezes, na verdade) teve que assistir à invasão do País que antes tinha libertado.

Entretanto, as pipelines orientais foram realizadas, o ópio voltou a florescer, o Iraque ficou nas mãos dos Americanos, o Iran está cercado, os fabricantes de armas já arrecadaram biliões de dólares, as companhias de petróleo conseguiram o dobro e a Halliburton de Dick Cheney recolheu tudo o que restava. Enquanto nós temos de tirar os sapatos nos aeroportos, o Patriot Act  é utilizado nos Estados Unidos para espionar as crianças de 4 anos.

Bin Laden era louco. Mas olha só as prendas que deixou.

E agora temos o último membro do clube, o viking Breivnik, definido ontem como um “paranóico esquizofrénico” pelos psiquiatras da Noruega; segundo aversão, Breivnik agiu sozinho durante o massacre na ilha de Utoya, agiu “em estado de psicose”. E não importa se as testemunhas falam de mais um ou até dois homens, Breivik estava sozinho, tão alienado e confuso que planeou o massacre com vários meses de antecedência, justificando as suas acções com um “manifesto” nazi-cristão de 200 páginas, relatando no seu diário todos os detalhes da preparação com uma clareza impressionante.

Enquanto isso, o ódio contra os muçulmanos foi reafirmado e o único governo ocidental que tentava apoiar a causa dos palestiniano de forma séria e activa foi atingido, para que todos os outros governos do mundo que tinham uma ideia semelhante ficassem avisados.

Ah, depois haveria o caso do atentado ao presidente Reagan, atingido por John Warnock Hinckley, Jr.. Só que neste caso escolheram um louco que nem sabia disparar. Pena, com todo o dinheiro que a família dele tinha dado à campanha de Bush…

Loucos e prendas.
Um site conspiracionista poderia construir uma boa história com tudo isso.

Ipse dixit.

Fonte: LuogoComune