Após a queda de Sirte e a captura com linchamento em directo de Khadafi, três dias depois foi proclamado o fim da guerra civil (oh, desculpem: “revolução”) e, no final do mês, também o fim da missão “humanitária” da NATO.
No dia 31 de Outubro, o CNT (Conselho Nacional de Transição) elegeu no lugar de Mahmoud Jibril (pouco amado por causa do seu passado com Khadafi e dos laços com o Ocidente) o novo Primeiro-Ministro interino: Abdurrahim al Keib, um engenheiro elétrico que trabalhou nas universidades dos Estados Unidos e fez fortuna trabalhando nos campos de petróleo de Abu Dhabi: um tecnocrata bilionário mas sem um passado no antigo regime e com raízes em Tripoli.
Mas al-Keib foi eleito apenas com 26 dos 51 votos do CNT, o que mostra as profundas divisões na “vitoriosa revolução”, ainda muito frágil apesar do patrocínio do Ocidente e das petro-monarquias do Golfo, Qatar em primeiro lugar.
De vez em quando fala-se das atrocidades cometidas pelos rebeldes, dos abusos cometidos contra os milhares de apoiantes de Khadafi, trancados nas prisões superlotadas, da vingança e das execuções sumárias, das milícias super-armadas, muitas vezes islâmicas, que fazem o bom e o mau tempo sem qualquer autoridade política capaz de colocá-los sob controle, de enormes arsenais à venda perante a melhor oferta.
As autoridades garantem que não serão mais tolerados abusos dos direitos humanos, mas “precisam de tempo”, Amnesty International e Human Rights Watch pediram, discretamente, para “fazer clareza”.
A União Europeia está na vanguarda desta “batalha de civilização”: os Ministros dos Negócios Estrangeiros reunidos em Bruxelas “tomaram conhecimento com preocupação” dos relatórios que falam de violação dos direitos humanos e das leis internacionais por parte dos “revolucionários”, e gostam do empenho das novas autoridades líbias para fazer algo neste sentido: parar a violência, investigar e garantir que “os responsáveis” sejam punidos.
Por enquanto a única procura a ser levada a cabo pela justiça nacional ou internacional é aquela para deter o filho de Khadafii, Seif al-Islam. Alguém diz que estaria no Níger, ou Mali, ou no Sul da Líbia à frente dum misterioso “Frente para a Libertação da Líbia”, ou mesmo perto de As Zawiya, a cidade a 30 km de Tripoli onde começaram confrontos sangrentos na Quinta-feira entre milicianos leais e milícias do CNT mais as tribos Warshfana, acusadas de estar ainda ao lado de Khadafi.
O “presidente” do CNT, Jinril, no Domingo garantiu que eram apenas litígios para o controle duma base militar fora da cidade, mas na manhã de ontem a luta continuava com outros 7 ou 13 mortos.
Obviamente é difícil perceber qual a real situação, pois agora a cobertura dos media desapareceu e ninguém tem interesse em transmitir a imagem dum País ainda no caos. Afinal esta agora é uma Democracia, e que raio…
A propósito: Iraque, Afeganistão, Líbia…onde o Ocidente passa, deixa um rasto de sangue, destruição e caos. E os “Maus” são os outros. Esquisito, não é?
Ipse dixit.
Fonte: Near East News Agency