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Os bons terroristas

1 de Novembro, fiesta grande em Portugal!
Sempre fiesta em Portugal: hoje é o Dia de Todos os Santos e Portugal, único País no mundo, celebra!

Mas o blog aqui está para lembrar as razões pelas quais temos que ir para a guerra.
Não “já”, calma, não tenham pressa. Só um pouco mais para frente.

Tudo bem, se é para ir então vamos, mas contra quem? Síria?
Não, em Damasco não será uma verdadeira guerra: haverá mortos, tudo bem, milhares entre civis e defensores do regime “tirânico”, mas não será uma guerra à sério, será mais uma fase de aquecimento e de aproximação em vista do objectivo final.
Que, como todos sabem, é o Irão.

Nesta altura o Leitor poder pensar: “Mar porque temos que ir para a guerra? Só porque um blogueiro assim decidiu? Não pode limitar-se a postar algo?”.
Não, não, calma, a ideia não é minha: e dos Estados Unidos.

“Pronto, sempre a acusar os Americanos, os bodes expiatórios, bonita desculpa…”
Acreditem, é mesmo assim.
São eles que querem apertar com Teheran.

A fábula do Embaixador e outras amenidades 

Apesar do “ataque” contra o Embaixador da Arábia Saudita ter sido um falhanço, no sentido que não conseguiu convencer ninguém, Washington assume isso como um facto. A vontade duma acção directa é muita, o simpático Obama já impôs uma série de sanções contra a República Islâmica.

No entanto, uma comissão controlada pelos Republicanos, no Congresso, recentemente ouviu depoimentos que pedem uma grande quantidade de operações secretas contra o Irão.

O “atentado” contra o Embaixador deve ser a ocasião para justificar essas operações, que variam desde cyber-ataques até assassinatos políticos.

John Keane, um general reformado do exército, disse Quarta-feira numa sessão de duas subcomissões do House Committee sobre a Segurança Interna::

Agora temos de apertar as nossas mãos na garganta deles. Porque não elimina-los? Matar essas pessoas que matam outras.

Mais tarde, o deputado Jackie Speier (Democrata, Califórnia) lançou outras pérolas de sabedoria, pedindo “uma sóbria e fundamentada discussão”:

Os líderes iranianos devem ser responsabilizados pelas suas acções, mas não podemos tomar medidas precipitadas que podem levar à abertura de outra frente na guerra ao terror, o povo americano não quer e nem pode pagar

“Guerra ao terror”. Ainda.
Mas não tinha acabado? Não, nunca acaba.

É claro que o governo dos EUA não pode dar-se ao luxo de começar uma nova guerra perante as dificuldades económicas que têm sido derramadas sobre os cidadãos americanos, independentemente de outros factores.

A bola é passada para as mãos do deputado de New York, Peter King, que fez um comentário muito bizarro. Ele sugeriu que os EUA deveriam expulsar os oficiais iranianos das Organização das Nações Unidas, em New York e Washington, acusando-os de serem espiões. Ignorando o facto de que as Nações Unidas são consideradas um órgão internacional independente e que os EUA não têm autoridade para “caçar” qualquer corpo diplomático.
Por enquanto.

Mas King já estava lançado:

Quando você quiser o assassinato dum embaixador, há a vontade de matar centenas de norte-americanos: este é um acto de guerra. Eu não acho que podemos continuar no antigo caminho e impor apenas sanções como no passado.

Este é um ponto de vista formidável, que deveria ser considerado com atenção no âmbito da jurisprudência: matar uma pessoa significa, na realidade, desejar matar centenas de pessoas. Com este conceito, encontrar terroristas é um jogo para crianças: é só pegar num homicida qualquer, gritar que a ideia era matar centenas de nossos compatriotas e organizar uma nova guerra ao terror.

A coisa maravilhosa é que poderiam organizar-se cruzadas anti-terror à cada dia.
Mas por enquanto Washington parece interessada apenas numa guerra, aquela contra o Irão. E não e coisa de hoje.

Quatro anos de preparação

Os primeiros passos nesta direcção foram dados em 2007, quando o Congresso aprovou para o então Presidente George W. Bush (sempre seja louvado) o aumento do financiamento para missões secretas contra o Teheran.

De acordo com um funcionário da intelligence entrevistado no canal ABCNews.com, a CIA ficou com a aprovação presidencial para começar operações secretas no Irão.

Para este fim, um decreto presidencial assinado por George W. Bush (salvo seja) concedeu mais de 400 milhões de Dólares: o objectivo final era atacar o governo religioso do Irão também com operações de apoio às minorias Ahwaz, Baluchi e outros grupos de oposição, bem como recolher informações sobre instalações nucleares iranianas.

Ao falar de forma anónima, dada a natureza do assunto, o funcionário confirmou que Bush assinou um nonlethal presidential finding, dando a autorização para a  CIA  poder envolver-se em actos de sabotagem, campanhas coordenadas de propaganda, desinformação e manipulação da moeda iraniana e das transacções financeiras, com o fim de desestabilizar o governo e, possivelmente, obter uma mudança de regime no Irão.

Bruce Riedel, ex-alto funcionário da CIA, especialista em Irão e no Oriente Médio (ABCNEWS.com 22 de Maio de 2007):

Não posso confirmar nem negar a existência de um tal programa, ou se o presidente assinou, mas seria consistente com uma abordagem abrangente da América que procura uma forma de pressionar o regime.

Em Junho, sempre de 2007, a revista New Yorker publicou uma história semelhante de Seymour Hersh, confirmando que a directiva tinha sido assinada por Bush e que o objectivo era desestabilizar a República Islâmica:

A directiva teve como objectivo minar as ambições nucleares do Irão e tentar enfraquecer o governo para uma mudança de regime: trabalhar com grupos de oposição, providenciar fundos.

Do ponto de vista da intelligence, o facto do governo dos EUA recorrer a operações encobertas contra o Irão exclui a possibilidade dum ataque militar imediato.

Os terroristas bons

No início de 2007, sempre ABCNEWS.com revelou o papel do governo dos EUA no apoio a um grupo de terroristas iranianos, responsável pelo assassinatos de civis iranianos na fronteira entre Irão, Paquistão e Afeganistão.

O grupo terrorista para de semear o terror no sul da província de Sistan-Baluchistão e a sede de assassinatos e crueldades parece não conhecer limites. As vítimas reivindicadas pelo grupo inclui muitas mulheres e crianças, que se tornaram os principais alvos.

Em Julho de 2010 o grupo lançou um par de ataques suicidas numa importante mesquita xiita da cidade de Zahedan, capital da província iraniana de Sistan-Baluquistão, matando dezenas e ferindo centenas de fiéis.

E apesar das autoridades dos EUA negar qualquer “financiamento directo” para grupos terroristas, reconhecem colaborar regularmente com os líderes do grupo. Um ataque terrorista semelhante tinha sido lançado pelo mesmo grupo numa mesquita da mesma cidade em Maio de 2009, levando ao martírio de muitos fiéis.

Não é paradoxal que Jundullah, um grupo terrorista crescido no interior de al-Qaeda, seja directamente financiado pelo governo dos Estados Unidos? Não, não é. Porque o que Washington ensina é que o terrorismo não é todos igual: há o terrorismo contra nós, que é mau, e o terrorismo contra os nossos inimigos, que é bom.

Por isso, as seguintes acções de Jundullah devem ser consideradas como positivas, sendo parte integrante da Guerra ao Terror:
2005, Baluchistão: ataque contra o Presidente Mahmoud Ahmadinejad, um morto e um ferido.
2006. Tasooki: 21 civis mortos em Tasooki numa emboscada
2007, Zahedan: bomba contra autocarro do exército, 18 mortos.
2007, Chah Bahar: 21 auto-transportadores raptados
2008, Paquistão: 16 polícias raptados, 15 mortos.
2008, Saravan: Carro-bomba, 4 mortos.
2009, Saravan: 12 polícias mortos.
2009, Zahedan: míssil contra mesquita, 25 mortos, 125 feridos.
2009, Pishin: bomba, 42 mortos.
2010, Zahedan: ataque suicida contra mesquita, 27 mortos.
2010, Chah Bahar: ataques suicidas, 39 mortos.

Este, como afirmado, é o terrorismo bom, é favor não confundir com a versão degenerada.

Ipse dixit.

Fontes: Global Research, Wikipedia (Inglês)