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O Sol e nós

Abandonemos este planeta cheio de problemas e vamos ver o que se passa nos arredores.
Olha, uma estrela! “Sol”, dizem os bem entendidos.

Tudo bem com o Sol? Nem por isso. É que a nossa estrela tem um comportamento esquisito. Bom, esquisito para nós, normal segundo ela. Pontos de vista.

A verdade é que muitos lados permanecem obscuros ao falar do Sol.
Sabemos que é a “nossa” estrela é uma enorme central termo-nuclear (não privada, por enquanto); sabemos que emite vários tipos de radiação (como a luz, por exemplo); sabemos que é fundamental para a vida no nosso planeta, a nossa vida.

Uma questão de modelos

Mas outras questões permanecem sem respostas.
Por exemplo: porque a fotosfera tem uma temperatura de “apenas” 6.000 kelvin (5.726,85ºC) enquanto a camada superior, a atmosfera estrelar, atinge os 100.000 kelvin (99.726,85ºC)?

“Tá bom, mas o que interessa?”, pode perguntar o Leitor, “Afinal não tenciono passar o próximo fim-de-semana na fotosfera”.
Justo. Não seria grande coisa como passeio.

Todavia há outros problemas que influenciam a nossa vida. “Nossa” de todos nós.

Não existe um modelo que permita prever em pormenor a atitude do Sol, o que temos são modelos do tipo “mais ou menos, pode ser que, quem sabe, oxalá”. Mesmo assim, são cada vez mais frequentes artigos
que falam dum futuro terrível, de hipóteses apocalípticas, até do desaparecimentos da vida no planeta.
O “nosso” planeta.
O que, admitimos, seria bastante aborrecido.

A actividade solar parece ser indissoluvelmente ligada às manchas solares. Apesar de terem sido observadas pela primeira vez por Galileo Galilei, ainda hoje nem tudo é claro acerca destes objectos. Mesmo assim, sabemos que estão são regiões onde ocorre uma redução da temperatura e da pressão das massas gasosas do Sol, estando intimamente relacionadas ao seu campo magnético.

Sabemos que existe um ciclo solar, de 11 anos, ao longo do qual o número de manchas indica uma menor ou maior actividade solar (mais manchas = mais actividade).

Mas não faltam ciclos anormais, como aquele dos anos 1645 e 1715, com mínimos históricos de manchas. Na mesma altura, o continente europeu atravessou a chamada “pequena era glaciar”, sendo assim suficientemente evidente o relacionamento entre manchas solares e clima do planeta.

Agora o Sol está a alcançar uma nova fase de actividade máxima, isso após um período sem manchas anormalmente prolongado. O pico da actividade é previsto para o ano 2013, acabado o qual voltará a actividade mínima em 2020. Sendo assim, o actual ciclo parece ser o mais lento entre todo aqueles observados.

Por isso alguns especialistas prevêem não terríveis tempestades solares que secariam a Terra mas, ao contrário, um período de actividade mínima mas comprido do que o costume, talvez com efeitos parecidos com aqueles da Pequena Era Glaciar. 

Em qualquer caso são previsões que significam o que significam, isso é: boh?
Na verdade a ligação entre actividade solar e clima não é aceite por todos os cientistas e as medições dos ciclos solares começaram há poucas décadas, o que impossibilita a construção dum modelo confiável. Uma fase “anómala” como a actual, afinal poderia ser um normal período de variabilidade.

Tudo “normal” então?
Talvez sim, talvez não.

O neutrino malandro

Alguns anos atrás, foi observada a emissão de partículas desconhecidas por parte do Sol. Na altura a descoberta foi classificada como “anomalia”, e ponto final. Mas nos últimos tempos as observações retomaram com bem outra consideração porque afinal esta “anomalia” pode bem ser muito mais do que isso. 

Na verdade, esta nova partícula parece influenciar a taxa de decaimento radioactivo, algo que os cientistas julgavam ser constante (de facto, é um dos princípios basilares da ciência moderna). Segundo os dados, por exemplo, o carbono 14 reduze-se para metade em 5.730 anos e este valor é utilizado para datar materiais antigos. 

Agora ficou demonstrado que estes valores não são estáveis e podem ser influenciados pelas tais partículas emitidas pelo Sol. 

Sendo a anomalia repetida a cada 33 dias, e como 33 dias é o período de rotação do núcleo solar, parece evidente a correlação entre núcleo e partículas. Mas como o núcleo é também responsável pela emissão de neutrinos, será que as partículas são afinal os últimos responsáveis? 

Já ficou demonstrado que a massa do Sol afecta o tempo, dobra os raios de luz e provoca mutações nas espécies viventes da Terra: será que tem também a capacidade de mudar a matéria e a nossa percepção da física? 

Mais uma vez: boh?

Erupções solares catastróficas? Tsunami com quilómetros de altura? Campo magnético que fica invertido?
Talvez não.

Talvez uma nova maneira de ler a realidade, pois nem sempre as novidades são más, não é? 

Ipse dixit.

Fonte: AltroGiornale