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O velho Inferno da Líbia

Para concluir: a Líbia está agora livre, o Senhor do Mal morreu, os Líbios podem agora sorrir com um País em pedaços e sem paz. Lembram do Iraque? Mesma coisa.

Mas além destas pequenas satisfações, há também outras coisas que os Líbios poderão enterrar de forma definitiva, maldades típicas dum regime baseado no ódio e no medo, tal como todos os regimes.

Eis uma breve lista:

  • Finalmente os Líbios poderão receber a factura da electricidade. Coisa desconhecida até hoje, pois a electricidade é gratuita para todos os cidadãos.
  • Até que enfim: os Líbios poderão começar a pagar os interesses sobre os empréstimos, como todas as pessoas normais. Até hoje, sendo os bancos de propriedade do Estado, todos os empréstimos tinham “zero” de juros. Uma barbaridade.
  • Ser dono da própria habitação deixará de ser considerado como um direito humano. O que é ridículo, temos de admitir.
  • Os recém-casados deixarão de receber 60 mil dinares (mais ou menos 50.000 Dólares) para as primeiras pequenas despesas.
  • Basta com instrução e saúde gratuitas: os Líbios têm de crescer e crescer significa aprender a pagar.
  • E admitimos que na Líbia não haja escolas ou tratamentos suficientes. Antes o Estado pagava tudo, despesas de viagem mais 2.300 Dólares/mês para habitação e carro no estrangeiro. No futuro será mais simples, será só escolher o financiamento mais conveniente, encontrar as garantias, calcular os juros e as décadas necessárias para reembolsar tudo.  
  • Querem mudar de actividade, talvez começar no sector da agricultura? Neste caso, com o feroz Khadafi uma pessoa recebia terrenos, uma casa de campanha, sementes, gado e equipamentos. Tudo grátis. Tudo triste, pois a pessoa ficava assim, sem o sabor de poder comprar tudo em suaves prestações, sem poder abdicar da instrução dos filhos para poder trabalhar. Uma vida demasiado cómoda e monótona.
  • Os Líbios vão conhecer a liberdade de pagar um carro no total, não como antes, quando o Estado obrigava a aceitar uma subvenção de 50%.
  • E, claro está, a gasolina deixará de custar 0.14 Dólares ao litro, um preço demasiado baixo para poder atestar o depósito do carro com serenidade.
  • Antes ser licenciado e ficar sem trabalho na Líbia era um pesadelo: o Estado pagava o equivalente do ordenado médio da profissão não exercida (a propósito: também no caso dos trabalhos para os quais não era necessária a licenciatura), agora o desempregado líbio torna-se uma pessoa que acorda cedo de manhã, vai até o centro de emprego, fica na fila, socializa com os restantes desempregados, preenche impressos…enfim, uma pessoa activa, não uma larva humana.
  • As mães líbias que acabarem de dar à luz deixarão de receber o equivalente de 5.000 Dólares. Medida que era muito humilhante, parecia quase uma esmola.
  • Ainda hoje, 40 pães custam 0.15 Dólares. O que faz surgir uma dúvida: mas este pão é feito de quê? Será verdadeiro pão? Ou será mais uma arma de destruição padeira? Cada artigo tem o próprio custo natural, que em breve todos os Líbios poderão conhecer.
  • Porquê parte dos lucros da venda do petróleo tem que ser depositado directamente nas contas bancárias de todos os cidadãos de Líbia? Que dizer, se uma pessoa trabalhar numa loja de sapatos, que tem a ver com os lucros do petróleo? Esta pessoa pode ganhar só se vender sapatos, não se o Estado vender petróleo. É uma situação que cria confusão e da confusão até a anarquia o passo é demasiado curto. Por isso esta aberração será em breve corrigida.
  • E que é esta coisa da Líbia não ter dívidas com os Países estrangeiros? Ter dívida, muita dívida, é uma questão de moda, está “na onda” como se costuma dizer, mas sobretudo é um factor de dignidade e distinção social. “Como? Não tem dívida com ninguém? Coitado, coitadinho…”.
  • Isso sem contar as reservas monetárias: 150 biliões de Dólares para um País de 6 milhões de habitantes é coisa totalmente desproporcionada, nem faz sentido.
Uma vida de inferno num regime infernal.
Ideias loucas dum ditador sanguinário e louco.
Bem haja Democracia.
 
Ipse dixit.