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2012: a Grande Descida?

O Clube de Roma foi fundado em 1968 na quinta de David Rockefeller em Bellagio, Italia.

Pronto, nesta altura já seria possível acabar, pois é claro que tal Clube é outro daqueles círculos com os quais a elite tenta revestir com uma capa de “teoricamente plausível, aceitável, até bom” os próprios objectivos bem mais rústicos e deploráveis.

Todavia é interessante observar mais de perto um dos produtos do Clube, o livro The Limits to Growth (“Os Limites do Crescimento”), encomendado ao MIT (Massachusetts Institute of Technology) no princípio dos anos ’70 e cujo autores principais foram Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows e Jørgen Randers.

O livro, baseado em simulações do computador, prevê as consequências das interacções entre Terra e raça humana. É uma seca de publicação, desactualizada em muitos pontos.


Mas não em outros, pois o assunto principal permanece bem actual: petróleo, gás, ferro e comida, só para citar alguns exemplos, não existem em quantidades ilimitadas. E o problema não é apenas a superpopulação mas o nosso estilo de vida.

Todos a rezar o Mágico Mantra do eterno crescimento: quem não cresce, morre.
E quem continua a crescer?

  • Preços elevados do petróleo e recessão
  • Crise da dívida EUA
  • Crise da dívida Europa
  • Dívida chinesa
  • Necessidades de recursos e crises ambientais

Isso sem falar das crises políticas na África e no Médio Oriente, algumas “espontâneas”, outras criadas.
De qualquer forma, são todas crises convergentes, perante as quais somos apenas capazes de repetir “Crescimento, crescimento…”.

The Limits of Growth tinha previsto alguns dos aspectos actuais, outros na altura nem eram imaginados. Mesmo assim, os cálculos da publicação podem ser resumidos no seguinte gráfico:

Na altura, o livro foi atacado por todos: segundo os economistas oficiais estava “errado”, segundo os conspiracionistas era “perigoso”.
No geral, prevaleceu a convicção de que o desenvolvimento tecnológico teria evitado todos os problemas e na mesma linha foram as opiniões de alguns Prémios Nobel, tal como Amartya Sen.

O facto de todos estarem unanimemente contrários às teorias apresentadas torna este livro já mais simpático.
Mas sobretudo temos de realçar um pormenor.

Se este for o produto dum Think Tank elitista, isso significa que já na década dos ’70 havia consciência do problema nos grupos de poder. E, mesmo assim, o rumo não foi alterado.

Em direcção ao precipício, sempre à sorrir.
E nem podemos esquecer que nas previsões do gráfico acima falta o “problema” da dívida.

O modelo não considera a possibilidade da passagem duma fase de dívida em crescimento a uma de dívida em contracção. Se isso acontecer mesmo na altura em que os recursos são aproveitados no limite, as curvas de descida podem até ser mais abruptas.

Ao ler o gráfico, parece que as primeiras descidas podem ter início já no próximo ano, o “mítico” 2012.

Faz sentido continuar com o conto do Eterno Crescimento? Faz sentido basear um improvável futuro num conceito obsoleto?
Estaremos a desperdiçar o nosso tempo?
Ou, simplesmente, preferimos ignorar tudo isso porque a realidade mete medo?

Ipse dixit.

Fontes: Petrolio, TOD