Falcões e pombas

O simpático Brzezinski

No mesmo dia em que todos os mais altos cargos de Washington relatam sobre o enredo iraniano, isso é, a alegada conspiração terrorista para assassinar o Embaixador da Arábia Saudita nos Estados Unidos, enquanto os media repetem em coro as mesmas acusações, a carnificina em Bagdad não apenas continua mas está a ficar cada vez mais sangrenta.

Mas que tem a ver uma coisa com outra?
Aparentemente nada.

Mas puxamos pela memória.
Lembram do indivíduo cujo nome mais parece um palavrão? É ele, o simpático Zbigniew Brzezinski, o homem que sabe.
Mas sabe o quê?
Tudo.

No dia 01 de Fevereiro de 2007, o bom Brzezinski permitiu que a Comissão dos Relacionamentos Estrangeiros dos Estados Unidos ouvisse a voz dele ao vivo, um privilégio concedido a poucos mortais. Brzezinski falou dum plausível cenário para uma colisão militar com o Irão.

E que antevia esse cenário?


Olha olha, incluía:

o fracasso [do governo] do Iraque em cumprir os requisitos [estabelecidos pelo EUA], com consequentes acusações de que o Irão seria responsável pelo fracasso, e então, alguma provocação no Iraque ou um acto terrorista nos Estados Unidos, que será atribuído ao Irão, [tudo isso] que culmina num ataque militar “defensivo” dos Estados Unidos contra o Irão.

Brzezinski, secretário de Segurança Interna com o Presidente Jimmy Carter, é um dos principais especialistas e conselheiros de política externa das várias Administrações americanas, e pertence a uma ala do poder que, apesar de manter uma visão imperialista norte-americana, nos últimos anos tende a alertar em relação a uma guerra que o poder mais aventureiro está a preparar.

Em 2007, a crítica de Brzezinski visava os andares mais altos do establishment:

o facto é que as principais decisões estratégicas são tomadas num círculo muito restrito de pessoas, talvez não mais do que os dedos de minha mão. E estes são os indivíduos que já tomaram a decisão de ir para à guerra.

O depoimento do simpático Brzezinski é particularmente importante; é a primeira vez que uma voz americana de extraordinária autoridade sugere que alguém, dentro da Administração dos Estados Unidos, poderia organizar um ataque contra o próprio País, ataque que depois seria desfrutado contra um inimigo externo para provocar uma guerra.

A simpática Hillary

Algo que já vimos, não é?

Entretanto, os membros do restrito clube já estão a recitar o velho rosário feito de “todas as opções estão em cima da mesa” e o mantra “o Irão é o principal patrocinador do terrorismo global”. A propósito: fica mais claro agora porque Bin Laden “morreu” em Maio?

E os militares?
A verdade é que a abertura duma nova frente é o pesadelo de muitos militares. Não acaso o Pentágono, com as palavras do porta-voz John Kirby, já declarou que o affaire do Embaixador árabe é apenas  “uma questão judicial e diplomática”.

Paradoxalmente, é a ala militar que tenta arrefecer os ânimos.
Isso enquanto o vice-presidente Joe Biden e a Secretária de Estado Hillary Clinton já prenunciam uma nova série de sanções e medidas militares, apoiados como sempre pelo fiel Primeiro Ministro britânico David Cameron.

Brzezinski, estou? Algo para dizer?

Ipse dixit.

Fontes: Testemunho de Z. Brzezinski (Pfd em Inglês), Affaritaliani, Megachip

3 Replies to “Falcões e pombas”

  1. "A propósito: fica mais claro agora porque Bin Laden "morreu" em Maio?"

    Para mim não ficou, podes dar-me uma ajuda Max?

    Será porque agora existe um outro 'inimigo' norte-americano para combater e assim o estado poupa esforços de combate, combatendo apenas numa frente?

    De resto, o senhor Brzezinski não nos dá nenhum novidade, os EUA já há muito que têm o nome "falsa-bandeira" tatuado no braço.

    Um abraço,
    — —
    R. Saraiva

  2. deu jeito matar o MAN em Maio porque assim podem orientar a artilharia para um dos alvos mais apetecíveis… enquanto o MAN estivesse "vivo" não tinha muita lógica ir atacar o Irão e o Paquistão… e a Síria já agora!

  3. Pois, era o que suspeitava: facilitar as movimentações militares sem "dar muita cana".

    Obrigado voz a 0db.

    Abraço,
    — —
    R. Saraiva

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