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Ordem e Desordem

Nathan Ecclestone é um jogador de futebol, ponta de lança do Liverpool.
20 anos, gosta de Twitter.

Até aqui tudo bem. É jovem, ganha bem, qual o problema?

O problema é que Nathan quer pensar, o que demonstra que nada percebeu da vida.
Normal, deve ser da idade.

A maior parte dos colegas dele consegue pôr uma dezena de palavras uma atrás da outra, com alguns esforços, e foge perante uma frase subordinada.
Justo, ninguém quer ouvir algo de inteligente, objectivo é pontapear uma bola, nada mais. Se o público desejar conceitos mais profundos, terá que escolher os políticos no início do telejornal, é por isso que aí estão.

Ordem e disciplina, eis o segredo, cada um tem que respeitar o próprio papel. Desta forma o mundo é um lugar maravilhoso.


Agora, Nathan?
Eis o que escreve no Twitter acerca do 11 de Setembro de 2001:

Todos os meus pensamentos são para as vítimas e as famílias delas, e para todos os que foram atingidos por este trágico acidente.
Não disse “ataque”…não deixem que os media façam passar a ideia de que foram os terroristas a fazer aquilo. #OTIS.

E OTIS significa Only The Illuminati Succeed, “só os Illuminati têm sucesso”.

Pronto, viram que acontece?
Nathan poderia ter dito: “É um jogo difícil mas vamos dar o nosso melhor” ou “Temos que levantar a cabeça e continuar a trabalhar”. E todos teriam pensado “É um bom rapaz, tem futuro”.
Assim, pelo contrário, cria confusões e nada mais.

O Liverpool, que detém o passe do jogador, sabe disso e já está a preparar as contra-medidas: a ordem foi quebrada, é preciso recompor para que tudo volte nos carris da normalidade.

Afirma um especialista de social media, entrevistado pela BBC:

O clube tem uma reputação que deve ser protegida e neste caso deve existir a consciência do que pode ser dito e do que não pode ser dito.[…] Os jogadores devem entender quanto prejudicial possa ser um tweet, mesmo que depois seja apagado, como neste caso. Alguém pode ter tirado um screenshot e tudo acaba na internet.

[Proibir a utilização dos social network] seria uma forma extrema de governance, mas  se o clube descobrir que é a única forma para afastar os jogadores destas tentações, então terá de ser feito.

O Liverpool já fez saber que os dirigentes encaram de forma muito séria este acontecimento e que já foi estabelecido um inquérito para entender as circunstâncias que rodeiam estas mensagens e decidir um plano de acção adequado.

Eu nem acredito nos Illuminati, mas não é este o ponto: a questão aqui é que todos têm que respeitar o próprio papel, como afirmado, caso contrário a ordem estabelecida pode ser posta em risco. Lamento, mas não podemos permitir estas coisas: é assim que nasce o pensamento (minha nossa!), é assim que o universo precipita na anarquia.

É um mundo tão bonito: por favor, não estraguem tudo.

Ipse dixit.

Fontes: BBC