A China partiu-se?

E assim, enquanto estamos aqui preocupados com as aventuras de Dólar e Euro, eis que doutro lado os sorrisos param. Sorrisos amarelos neste caso.

A China partiu-se?
Talvez seja cedo para entoar a oração fúnebre, mas a verdade é que algo não bate certo.

Os CDS alcançam os máximos dos últimos três anos, enquanto o Hang Seng regista o pior trimestre dos últimos dez anos.

A bolha imobiliária chinesa (antecipada neste blog, embora não fosse preciso ser um génio para prevê-la), abriu um buraco nas perspectivas de crescimento: os problemas são bem mais profundos.
A China pode ser a peça final do domino que os analistas não conseguiram ver, obcecados pelas crises ocidentais?


Seja como for, os problemas de Pequim está a emergir. Em primeiro lugar, um sistema bancário escondido e sub-capitalizado, que providenciou enormes empréstimos que agora não podem ser devolvidos.
Onde é que já ouvimos uma história destas?

Waiching Li, nas páginas de Credit Writedowns:

Segundo um estudo do People’s Bank of China, em 2010 o crédito não bancário cresceu até 63.3 triliões de Yuan (10 triliões de Dólares), 44,4% do crédito total da China.
O crédito não bancário da China é maioritariamente de tipo cooperativo (Bank and Trust Cooperation) , mas pequenas financiarias e bancos de penhoras desenvolvem um papel na finança-sombra.

O crédito cooperativo é uma maneira de fornecer créditos escondidos e contornar assim os limites das reservas bancárias.

Segundo China Trustee Association, no passado dia 15 de Março a dimensão do credito cooperativo alcançou 15.3 triliões de Yuan (2.35 triliões de Dólares). Os riscos destas actividades financeira são transferidos para os clientes: como não há rating disponíveis, os privados têm de confiar nas recomendações dos bancos e esperar que estes sejam honestos e competentes, apesar de ganhar comissões também em caso de perdas do investidor.

A incontrolada expansão do crédito está na base das crises financeiras e a Chinanão é uma excepção neste sentido. A possível “implosão” chinesa pode abalar a economia global, empurrando os EUA e a Europa para uma recessão. O que não seria tão bom, considerado que de recessão já se fala mesmo sem citar Pequim.

As empresas estatais não-financeiras, além das actividades normais, emitiram empréstimos para aumentar os lucros; a liquidez abunda e quando o crédito ficar facilmente disponível formam-se bolhas e consequentes desastres. Agora que a bolha estourou, a indústria começou a abrandar, o crédito está a secando e o fluxo de capital tem sido invertido.

É por isso que o Banco Popular da China está a diminuir as reservas obrigatórias para injectar “36 bilhões de Yuans (5,6 bilhões de Dólares) nos mercados, dando continuidade ao estímulo começado há 11 semanas.” (Bloomberg).

Até agora, o fluxo desregulado do crédito tem sido mais do que suficiente para invalidar as ações do banco central contra a inflação (6,5% agora). De acordo com o Financial Times “os fluxos anuais de capital nos mercados não regulamentados (mercados-sombra) podem chegar a 2.000 bilhões de Yuans (310 bilhões de Dólares dos EUA), cerca de 5% do PIB, o Produto Interno Bruto:

O economista Chaoan Jushi afirma: “Nas actuais condições de contração económica para pequenas e médias empresas que precisam de muito dinheiro vivo, é difícil, depois da dívida, chegar a lucros de 60-100%. É um grande risco. Algumas pessoas pensam que “se é que posso ficar com dívidas para enfrentar as dificuldades, então continuo, caso contrário vou fugir.”

O dinheiro que as autoridades locais e empresas estatais, no entanto, estão a emprestar é dinheiro pediram emprestado aos quatro grandes bancos chineses. O vice-presidente do National People’s Congress dissse na semana passada no World Economic Forum de Dalian:

A versão chinesa da crise dos subprimes americanos é emprestar dinheiro às autoridades locais que não podem devolve-lo

Muito destes empréstimos nunca serão reembolsados porque, como os mútuos subprimes americanos, foram feitos para quem não pode reembolsa-los. Então, quando a cadeia de pagamentos fica presa, a espiral descendente começa. Na China, esse fenómeno está a ganhar força agora.

Segundo Zhu Min, vice-director do Fundo Monetário Internacional e ex-dirigente chinês, a China já duplicou o seu rácio dívida/PIL até 200%.

Os preços do mercado imobiliário subiram 60% desde 2006, mas entretanto começaram a declinar no País, pelo que as acções do sector edil perderam 40% ao longo do último ano; isso cria nova pressão entre os construtores, já empenhados com dívidas.

Agora que os bancos-sombra fecharam a torneira do crédito fácil, o dinheiro está a acabar e o mercado imobiliário está pronto para rebentar.

A China também?

Fonte: CounterPunch

5 Replies to “A China partiu-se?”

  1. Li que dia 10/10/11 esta programado pelo "Anonymos" de parar a bolsa de NY,assim como já comentaram é para 11/10/11 o começo da campanha para sacarem todo o dinheiro e fecharem as contas. Vamos aguardar,esta próximo.

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