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O Furher e a crise

É crise. Ah, pois é.

É nesta altura que vamos até o estante dos livros, sopramos para afastar o pó, e descobrimos que já no passado houve crises. Que como consolação não é muita.

Mais do que isso: como fizeram para ultrapassar um período tão infeliz?

O New Deal de Hitler

Ao falar de crise económica a imagem que temos é aquela da Grande Depressão e do subsequente New Deal do Presidente Roosvelt.

Mas Roosvelt não tinha sido o primeiro a enfrentar e resolver uma grave crise: antes dele, na Alemanha, tal Adolf Hitler teve de enfrentar problemas bem mais graves. E resolve-los.

Como? É o que vamos ver.

Quando Hitler tomou o poder em 1933, na Alemanha havia mais de 6 milhões de desempregados (20 da força-trabalho), muitas delas num estado de mal nutrição: isso enquanto o Estado encontrava-se preso pelas dívida e com reservas monetárias perto do zero.

Não era uma boa situação.

Para resolver os problemas, Hitler convocou um hebreu (isso mesmo!): Hjalmar Schacht, Ministro da Economia e Presidente do Banco Central do Reich.

A ideia de Schacht era simples: as notas podem ser criadas à vontade, desde que os preços sejam mantidos constantes: e o único motor necessário é a confiança. É suficiente criar e manter a confiança, com a sugestão ou com a força.


“Mas como?” perguntará agora o astuto Leitor do blog: ” Criar moeda não gera inflação? E a inflação não gera subida dos preços?”.
Sim, de facto é assim. É isso que torna a obra de Schacht interessante. E melhor do New Dial.

Na área do comercio com os Países estrangeiros, Schascht inventou um sistema para transformar a aquisição de matérias primas em ordens para a industrial alemã: os fornecedores eram pagos em moeda que podia ser gasta exclusivamente na compra de mercadorias feitas na Alemanha.
Na prática, um mecanismo de troca: tu dar barril, eu dar salsicha.

Funcionava? Sim, funcionava. O que traduziu-se num forte estímulo para a industria manufactureira do Reich. E, alem disso, evitava a intermediação financeira e a saída dos capitais: a moeda, gasta nas matérias primas voltava logo para a aquisição dos produtos alemães.

O controle nazista do comercio com o estrangeiro e do câmbio forneceu à economia de Berlim uma nova liberdade: em primeiro lugar porque o valor da moeda (o Marco) não é dependente do seu valor no estrangeiro (as Bolsas inglesas e americanas).

O Estado podia criar a moeda necessária para adquirir matérias e desenvolver novas actividades económicas: isso sem criar dívida externa. E sem que a moeda fosse punida nos mercados internacionais com a perda de valor, causado da desconfiança dos investidores.

Claro, era um sistema parecido com um “mercado fechado”: para fazer negócios com a Alemanha era preciso aceitar estas condições. Mas com os estímulos no sector manufactureiro a produção melhorou, não apenas em quantidades mas também em qualidades, e cliente não faltavam.

Os Metallurgische Forschungsgesellschaft  

“E a inflação?, Eh?” insiste o sagaz Leitor.

Schacht não era parvo e como todos os hebreus, quando houver dinheiro sabe bem o que fazer. Na verdade não foram imprimidas muitas notas, pois a principal medida foi a criação dos MEFO, os Metallurgische Forschungsgesellschaft, m.b.H.

Atrás deste nome assustador escondiam-se normais obrigações, verdadeiros títulos emitidos no mercado interno para financiar o desenvolvimento.

Na prática, o Estado autorizou as empresas a emitir títulos garantidos pelo Estado: é com os MEFO que as empresas pagavam os fornecedores,não com dinheiro eventualmente imprimido pelo Banco Central.

O MEFO incluíam um risco: e se todos os detentores dos MEFO fossem até o Banco Central da Alemanha para exigir o pagamento em dinheiro, todos ao mesmo tempo? Porque um título garantido pelo Estado significa isso:em qualquer altura o dono do título pode ir até o Banco Central e pedir “O meu dinheiro, s.f.f.”.

Neste caso sim: o Reich teria sido obrigado a imprimir muito dinheiro e a inflação teria explodido. Mas isso nunca aconteceu. Aliás, os MEFO eram utilizados pelas empresas alemãs como forma de pagamentos entre elas: de facto, tornaram-se uma forma de moeda (exclusiva para as empresas), mas sem o risco de criar a inflação.

Os economistas perguntam: mas como foi possível que este sistema funcionasse?
Resposta: funcionou.

A base deve ser procurada na imensa confiança que o regime espalhava e recebia. Não apenas entre as empresas, mas também entre os cidadãos.

Os MEFO constituíram um sistema de moeda circulante paralelo que, de facto, tornou invisível a inflação.
Mais tarde, Schacht explicou de ter pensado o seguinte: se houverem empresas, trabalhadores, maquinas paradas, então deve existir também capital parado. Os MEFO foram a maneira utilizada para que este capital voltasse a circular, sem os riscos inflacionários.

Schacht conhecia bem a fraude fundamental na qual é baseado o sistema do crédito e os lucros que derivam do abuso da confianças dos consumidores, que com o verdadeiro dinheiro deles enchem as contas vazias dos bancos. E sabia que a prosperidade financeira internacional depende da emissão de empréstimos com elevados interesses, em particular para aqueles Países em dificuldade económica.

O economista britânico C.W.Guillebaud explicou o mecanismo de Schacht com estas palavras:

No Terceiro Reich, em princípio as encomendas do Estado fornecem a procura de trabalho, isso numa altura em que a procura está de facto paralisada. O Reichbank (O Banco Central da Alemanha) fornece os fundos necessários para os investimentos (com os MEFO), o investimento faz trabalhar os desempregados, o trabalho gera rendimentos e a seguir poupanças: com estas, a dívida anteriormente criada pode ser paga.

E o ciclo recomeça. Só que desta vez o Reichbank não tem de “inventar” uma moeda (o MEFO), desta vez há o dinheiro dos cidadãos que funcionam como base.

Desta forma Hitler conseguiu o objectivo primário: eliminar o desemprego e fazer crescer os ordenados das famílias alemãs sem criar inflação.
E os resultados, temos de admitir, foram espectaculares em amplitude e rapidez.

Em Janeiro de 1933, quando Hitler ocupou o poder, os desempregados eram mais de 6 milhões; em Janeiro de 1934 eram 3,7 milhões; em janeiro de 1936 eram 1,6 milhões e em 1938 eram 400.000.

E não foram as empresas de armas que ajudaram: é a construção, em particular os grandes projectos públicos, inclusive a grande rede rodoviária (autoestradas) que ainda hoje representa a espinha dorsal da Alemanha. Este sector conseguiu absorver a maior parte dos desempregados (+209%), seguido pelo sector dos automoveis (+117%) e pelo metalúrgico (+83%).

Nota:
É o mesmo Hjalmar Schacht que pode ser encontrado no artigo Nova Ordem Mundial? Parte III

Ipse dixit.

Fontes: Megachip, Wikipedia