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Mais simples uma guerra

Bla, bla, bla. Vamos ver os dados, isso é que é.

Meus amigos, é precisa uma guerra, daquelas sérias, com mortos, muitos mortos.
Quantos mortos? Não sei, é o Leitor que escolhe.
Eu diria várias centenas de milhões, nestes casos é sempre melhor abundar.

Não podemos correr o risco de enfrentar uma guerra para depois ter apenas alguns míseros milhões de vítimas. Ou uma coisa é feita bem ou nem vale a pena começar.

O quê? A razão duma guerra? Ainda não disse? Opá, que desatento…a questão é a seguinte: o actual modelo económico não consegue suportar o modelo de crescimento. Há limites, e estes estão prestes a ser alcançados.


Ou mudamos a nossa mentalidade ou então melhor uma guerra.
Mudar a mentalidade significa aprender que o mito do eterno crescimento é insustentável, é preciso torna-lo no mito do eterno equilíbrio (na melhor das hipóteses), ou até do decréscimo.

Como mudar a mentalidade é impossível, a única solução é uma guerra, que consiga reduzir (e muito) os habitantes do planeta. Vejam o lado positivo: após uma guerra há sempre novas oportunidades…

Mas temos a certeza de que o crescimento é insustentável?
Sim, temos.
Temos como?
Temos com os dados, simples dados.

Pegamos no exemplo da China, o País com o melhor crescimento (por enquanto), sem esquecer que além da China há outros Países que avançam com boa velocidade.

Uma vez dizia-se que os Estados Unidos, com 5 por cento da população mundial, consumiam um terço ou mais dos recursos da Terra. O que era verdade. Agora já não é. Hoje a China consome mais recursos do que os Estados Unidos.

Entre os produtos básicos, como trigo, carne, carvão, petróleo e aço, a China consome mais do que os EUA, exceto o petróleo, onde os EUA ainda têm uma supremacia que todavia está a encolher. A China usa mais de um quarto do trigo dos Estados Unidos. O seu consumo de carne é o dobro daquele dos Estados Unidos. Usa três vezes, quatro vezes o carvão e o aço.

Esses números refletem o consumo nacional, mas o que aconteceria se o consumo per capita da China chegasse ao nível dos Estados Unidos? Se considerarmos uma abordagem mais cautelosa, com a economia da China que desacelera de 11 por cento para 8 por cento anual, então em 2035 a renda per capita na China vai atingir o actual nível dos EUA

Se assumirmos também que os Chineses vão gastar os seus salários mais ou menos como os Americanos fazem hoje, então podemos traduzir o dinheiro em consumos. Se, por exemplo, cada pessoa na China gastasse o papel com é consumido hoje nos EUA, então em 2035 1.380.000.000 Chineses usará quatro quintos do papel produzido em todo o mundo. O que acabaria com as florestas do mundo.

Se na China o consumo per capita de trigo em 2035 for igual ao actual consumo dos EUA, a China precisaria de 1,5 bilhões de toneladas de trigo, cerca de 70 por cento dos 2,2 bilhões que os agricultores de todo o mundo produzem cada ano.

Se considerarmos que em 2035 haverá três carros na China por cada quatro pessoas, como hoje nos Estados Unidos, a China terá 1,1 bilhões de carros. O mundo inteiro agora tem apenas um bilhão. Para fornecer as estradas necessárias, autoestradas e estacionamentos, a China deverá asfaltar uma área equivalente a mais de dois terços da terra que agora utiliza para o cultivo do arroz.

Em 2035 a China terá necessidade de 85 milhões de barris de petróleo por dia. O mundo está a produzir actualmente 86 milhões de barris por dia e não pode fazer mais do que isto. As reservas de petróleo do mundo desapareceriam.

O que a China está a ensinar é que o modelo económico ocidental, com uma economia baseada nos combustíveis fósseis, centrada no carro e nos descartáveis, não pode funcionar para o mundo inteiro.

Se isso não funcionar para a China, não vai funcionar para a Índia, que em 2035 deverá ter uma população ainda maior que aquela da China. Nem vai funcionar para os outros três bilhões de pessoas dos Países em desenvolvimento, aqueles que ainda acreditam no “sonho americano”.

E numa economia mundial cada vez mais integrada, onde todos dependemos dos outros quanto ao trigo, o petróleo, o aço, o modelo económico ocidental não vai funcionar nem nos Países industrializados.

O desafio avassalador para a nossa geração é construir uma nova economia, que em grande parte deve ser alimentada por fontes de energia renováveis, com um sistema de transportes mais diversificado, que reutiliza e recicla tudo.

Temos a tecnologia para construir esta nova economia.
Agora é só apelar a vontade política para implementá-la.

Como? Mais fácil uma guerra?
Eu bem dizia…

Ipse dixit.

Fonte: Earth Policy Institute