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Homeopatia financeira e tsunami monetário

O chefe da Federal Reserve, Bernanke, falou no passado dia 26 de Agosto.

Muitos esperavam o anuncio do novo Quantitative Easing, que, para simplificar, significa: ligamos as impressoras e começamos a imprimir Dólares.

Mas o simpático Ben nada disse acerca dum futuro QE (o terceiro): demasiado arriscado. E talvez supérfluo.
Provavelmente serão os bancos a criar este Quantitative Easing.

Como? Com o sistema da reserva fracionária. Que é outro dinheiro criado a partir do nada.

Ao analisar os dados, parece que , de facto, o dinheiro criado com os anteriores QE (o 1 e o 2) está a ser canalizado para o crédito agora. Uma boa notícia? Nem por isso.


Como sabemos, cada vez que aumentamos o dinheiro em circulação, aumenta também a inflação.
Problema:  porque após os dois QE a inflação não subiu?

Resposta: porque o dinheiro não tinha entrado no mercado.
Os bancos não acordavam empréstimos, por causa do medo. E o dinheiro, por assim dizer, tinha ficado “no sistema”. Isso é, em boa parte nos cofres dos bancos.

Mas agora as coisas estão a mudar: o projecto da Federal Reserve está prestes a tornar-se realidade. Com o aumentar dos empréstimos, o dinheiro invadirá o mercado: e a inflação? Aumentará.

A teoria.é simples.

  • Com mais dinheiro em circulação, o valor do dinheiro cairá.
  • Dinheiro menos caro significa mais dinheiro nas carteiras dos cidadãos.
  • Mais dinheiro nas carteiras significa mais despesas.
  • Mais despesas significam mais procura de bens e, consequentemente, uma economia que volta a funcionar.

De facto, um dos graves problemas os Estados Unidos é que os Americanos gastam pouco. Com o desemprego em crescimento, as pessoas limitam as despesas, o que é normal.

Solução da Fed: mais dinheiro aos cidadãos.
Isso porque Ben Bernanke está convencido de que os Estados Unidos entraram na Grande Recessão dos anos ’30 por causa do pouco dinheiro em circulação.

Mas é um ponto de vista historicamente errado, as causas foram outras (uma das quais, um Bolsa “desligada” da economia real: tal como hoje).

Entrámos em crise, em 2008, por causa dum sistema económico-financeiro baseado na falsidade do dinheiro vazio, sem valor. A solução proposta pela FED é bombear ainda mais dinheiro “falso”.

Depois haveria o discurso da inflação: que cresce perante o aumento da massa monetária. E inflação mais alta significa preços mais altos. Não apenas isso, mas aumentar a inflação para estimular a economia significa corroer os patrimónios dos cidadãos: quem tiver 100 na conta bancária hoje, com a inflação terá 90 no final do ano.
Isso porque com os 100 de Janeiro, em Dezembro já não é possível comprar as mesmas cosias, que entretanto aumentaram o preço. Ainda uma vez, os privados sacrificados no altar das empresas.
Mas não vamos por aí agora, pois o ponto central é outro.

O ponto central é que se para solucionar uma crise a solução fosse imprimir mais dinheiro, então o Zimbabwe seria o País mais rico do planeta. Mas não é, pelo contrário, é um dos mais pobre.
Porque será?

Os últimos indicadores do sector bancário anunciam a possibilidade de tempos perigosos para as economias dos Países desenvolvidos: estes podem destruir a riqueza com o aumento da inflação, para estimular a produção.
É exactamente o projecto da Federal Reserve.

Melhor fechar as janelas, vem aí uma ventania…

Ipse dixit.