Cia, droga e outras ninharias

A droga: é boa? É má?
Basta, não interessa, e que raio.

Interessa, pelo contrário, é que alguém utilize a droga para enriquecer ou para outros fins.

O que não é uma novidade: já falámos do caso México e de como os bancos ajudem os traficantes na delicada operação da reciclagem de dinheiro, obtido com a venda das substâncias estupefacientes.

Está tudo escrito, aqui no blog.
Não leram? Pois não, claro que não, eu estou aqui, escrevo para o boneco, assim, porque não tenho nada para fazer na vida, não é? Que dizer, um gajo faz pesquisas, tenta escrever num idioma que nem é o seu, afasta o cão que quer festinhas, desculpa lá, não vês que estou a escrever?, achas que não tenho mais nada para fazer a não ser festinhas?

Ok, desculpem, a culpa é de Guida que comprou uma carne rija como a sola dum sapato. É que quase não comi, fiquei enervado. O quê? A culpa não é de Guida, pois era a carne a estar rija? Ahe? Então agora é culpa minha não é?, é isso que querem dizer?

O que estávamos a dizer? Ah, sim a droga, pois.

A CIA e a área cinzenta

Assim, droga: traficantes e bancos. Ninguém mais?

Uma pergunta: como é que com os talibans as plantações de ópio no Afeganistão tinham sido destruídas e com a chegada das tropas norte-americanas a produção retomou? Um acaso? Sim, pode ser.
Mas também pode não ser.
Aliás, não é.
Como assim?

Temos conhecimento, há muito, dos enormes gastos da Defesa dos EUA (que, sozinha, absorve 50% do orçamento das Defesas de tudo o mundo, ilhas incluídas); Defesa que é instrumento de política externa desde o simpático Presidente Ronald Reagan até agora.
Já aqui seria possível gastar algumas palavras acerca do conceito de “defesa” quando é utilizado para invadir outros Países, mas vamos esquecer por enquanto, pois aqui o assunto é outro.

Existe uma zona cinzenta neste orçamento de Washington. Ou, se calhar, seria melhor falar num poço negro e sem fundo, na base do qual encontramos não apenas a CIA (que, enquanto intelligence, é parte da Defesa), mas muitas outras estruturas (dezasseis, pela precisão).

A zona cinzenta é relativa aos financiamentos destas organizações.
Tais organizações sobrevivem graças ao orçamento federal? Não, por diferentes razões. A mais banal: seria muito complicado justificar os gastos de determinadas operações das quais nem a Administração tem conhecimento. Ou achamos que CIA e companhia contam tudo a indivíduos como Bush (filho) ou Obama?


Então surge um problema: onde conseguem encontrar os fundos?
Eis várias hipóteses:
1. doações de entidades de caridade
2. rifas organizadas entres os reformados do Alabama
3. proventos de operações ilícitas.
4. produzem dinheiro a partir do ouro dos Annunaki

Solução: a resposta correcta é a número 3. Quem escolheu a número 4 deveria mudar de blog.

Entre todas as actividades ilícitas, a mais rentável, segura e cómoda é o mercado da droga.
Rentável porque o preço das drogas no mercado negro é elevado.
Segura porque estas organizações estão acima dos controladores.
Cómoda porque as explorações estão mesmo aí ao lado, no México. Mas não apenas no México, claro.

Podemos juntar a ajuda dos bancos e dos paraísos fiscais para ter uma ideia do nível de lucro que a droga é capaz de fornecer.

E se alguém pensar que tudo isso pode ter tido origem nos relacionamentos perversos entre serviços secretos e máfia, está errado: a história é muito mais antiga.

A droga do Imperador

China, fumadores de ópio, 1893

Procurem com Wikipedia a voz “Guerra do ópio”: é uma página iluminante e ainda não censurada.

O quê? Sentem-se demasiado cansados para abrir uma nova aba? Mas não têm vergonha?

Bom, então eis um resumo: o Reino Unido conseguiu impor o próprio monopólio em matéria de droga. E isso apesar do Imperador da China ter proibido o consumo do ópio, coisa que enervou bastante Sua Majestade. Problema resolvido com duas guerras (1839-1842; 1856-1860).

Assim, aprendemos: a droga vale bem uma guerra. Até duas.

Mais tarde os estupefacientes permitiram abrir os contactos com a grande criminalidade no interior das próprias fronteiras. A máfia agradeceu e contra-cambiou com mão de obra barata (ver participação de Jack Ruby no após assassinato de John Fitzgerald Kennedy, Dallas, 1963).

Em tempos mais recentes temos o caso do México, País ajudado pelas forças dos Estados Unidos no combate à droga (razão pela qual os Mexicanos não conseguem livrar-se das plantações de cocaína); o melhor aliado de Washington na América do Sul, a Colômbia (por mero acaso: um dos maiores produtores mundiais de drogas); e o Afeganistão que, após ter conseguido quase eliminar as plantações de ópio com o Islão, viu o mercado reflorescer em grande com a chegada da democracia.

Perguntas

Talvez este panorama possa contribuir para explicar uma coisa esquisita: como é que os Estados Unidos, donos da mais potente máquina militar, antiterrorista e de espionagem do planeta, consomem 60% da droga mundial, apesar desta prática ser ilegal?

Outra pergunta, parcialmente ligada ao universo das drogas: porque quando na última reunião do G20 foi avançada a proposta dum maior controle sobre os paraísos fiscais, Estados Unidos e Reino Unido votaram contra?

Respostas

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Algumas respostas às perguntas podem ser encontradas num relatório divulgado recentemente por Russia Today: documentos desclassificados americanos, dos anos Setenta e Oitenta, dado que os mais recentes permanecem inacessíveis:

Mais de 8.000 documentos secretos recentemente desclassificados revelam que a CIA manteve relacionamento com diversos cartéis de droga no mundo para financiar as suas operações. A informação coincide com aquela relata na altura pelo jornalista Gary Webb, “suicidado-se” com duas balas na cabeça em 2004.

Ah, pois, Gary Webb: Prémio Pulitzer, era um jornalista investigativo que teve a infeliz ideia de analisar os relacionamentos CIA-Contras-droga e publicar até um livro acerca do assunto: Dark Alliance.
Entristecido pelo sucesso da publicação, em 2004 decidiu suicidar-se.

Mas como era uma pessoa bastante precisa, após ter morrido com o primeiro tiro na cabeça, preferiu ressuscitar para disparar o segundo, sempre na cabeça, porque nunca se sabe na vida (e na morte). Que fosse suicídio era coisa evidente e o patologista não teve dúvida acerca disso, pelo que não foi precisa alguma investigação.

Voltamos ao assunto.

A CIA envolvia-se no comércio da droga para encher os seus cofres e viabilizar assim as próprias operações clandestinas, como aparece claro no relatório com tanto de carimbo federal.

Os mais de 8.000 documentos desclassificados graças à Lei da Informação Pública, revelam os detalhes destes controversos relacionamentos. Nos anos Oitenta, para combater a presença militar soviética no Afeganistão, os EUA gastaram mais de 2.000 milhões de Dólares para financiar a resistência afegã com os cartéis da droga. Esses mesmos documentos também indicam que a CIA estava envolvida com traficantes de drogas da América Latina.

Afirma o ex agente do FBI, Michael Ruppert:

No panorama da América do Norte, o dinheiro da droga chegava do Cone Sul e tornava-se dinheiro limpo em Wall Street. Na América Latina, o mesmo dinheiro, uma vez lavado, voltava para a região como fundos para os paramilitares

Estes os factos. Mas dos anos ’70 e ’80. E agora?

Nada de pressa

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Agora a situação é bem pior: só no México, em dois anos, mais de 35.000 crimes que têm como pano de fundo o mundo dos estupefacientes.

Na Colômbia milhares de mortos e milhões de deslocados pelos paramilitares e guerrilheiros financiados pelas drogas.

No Peru, com o renascimento do Sendero Luminoso, administração da droga nas áreas montanhosas.

Na Bolívia, que está constantemente sob ataque dos EUA juntamente com a Venezuela, por ser uma das estradas preferenciais da difusão dos estupefacientes nos mercados da América do Norte.

Na Argentina e no Brasil vale a pena lembrar a preparação da “massa” de base e o envio dos produtos para a Europa.

Estamos perante uma máquina complexa, feita não apenas de produtores e vendedores, mas também de empresas, profissionais bancários, consultores financeiros, seguradoras, notários, fundos fiduciários, políticos e militares corruptos.

Pois a droga é um instrumento de geopolítica; instrumento que o Império utiliza para controlar e/ou condicionar as escolhas de vários Países. Isso, obviamente, sem contar os lucros que financiam as operações clandestinas e os estupefacientes utilizados como forma de condicionamento psicológico.

Mas fiquem descansados. Daqui a 20 anos novos documentos serão desclassificados e será possível escrever um outro artigo como este.
O importante é não ter pressa.
Pois a pressa é má conselheira, como reza o ditado.

Acho que vou preparar um pouco de massa. 

Ipse dixit.

Artigos velhos, mofados e malcheirosos:
Bancos e drogas – Parte I
Bancos e drogas – Parte II
Bancos e drogas – Parte III
No Inferno do México
Las drogas, la muerte y la vida en México
Religião e droga

Fontes: Wikipedia (Português), Russia Today (Espanhol), SCF (Inglês),  

10 Replies to “Cia, droga e outras ninharias”

  1. Puts!!! eu escolhi a opção 4
    vou ter que mudar de pagina….droga___
    Como ele conseguiu se suicidar, com dois tiros na cabeça????????
    Eu hein, coisa de maluco!!!!
    vou air daqui….fui“““

  2. Uma pergunta: como é que com os talibans as plantações de ópio no Afeganistão tinham sido destruídas e com a chegada das tropas norte-americanas a produção retomou? Um acaso? Sim, pode ser.
    Mas também pode não ser.
    Aliás, não é.
    Como assim?
    Resposta : Muito Simples! ,Eles os talibam acabaram com a plantação, mas nao mataram a raiz, ai cresceu denovo , uai.

  3. Muito bem colocado Max, também aproveitam para deixar uma geração inteira demente pelo vício das drogas, fica mais fácil manipular e também diminuir a população, aqui no Brasil jovens morrem todo dia em razão do uso do Crack. Eu sei bem o que é isso, trabalhei em psiquiatria e ví muitos jovens sendo destruídos pela droga.
    Acho que você esqueceu da hipótese
    5. doações de "Ongs" (que estão em todos os países principalmente no Brasil tentando fazer uma lavagem cerebral na cabeça dos jovens).
    Ótimo texto Max, esclarece muitas dúvidas que temos sobre esse assunto.

    Abraços

    (não esquece de fazer uma festinha para o Leo} Um abraço também para o Leo

  4. As drogas são tão ou mais lucrativas que próprio petróleo,
    é apenas 1 das cartas no jogo das elites:

    1:

    2:

    3:

    4:

    5:

  5. Excelente artigo!

    Só um cego é que não vê!

    Onde os EUA colocam a pata aparece logo montes de droga, armas e violência!

    Sabem qual é o local mais lucrativo para abrir um negócio de armamento?
    – No Texas, bem perto da fronteira com o México!

    Excelente negócio para os Américas, fornecer armas para a matança!

    Cumprimentos a todos

    Vitor

  6. Por isso e por outras que quando fiz um comentário sobre drogas fui tão radical aqui durante as férias de Max…

  7. Por isso que sou a favor da descriminalização da cannabis! Assim poderia plantar meu pézinho aqui em casa e não dar dinheiro para ninguém, seja traficante ou governos! kkk!

    Acho que os EUA descobriram uma mina de ouro quando viram seus veteranos voltando de guerras dementes por causa de drogas pesadas como ópio e seus derivados. Seus soldados foram meras cobaias em seus planos.

    Lembrando que o álcool também é droga. E o tabaco também. E a televisão, idem.

  8. Será que a verdadeira função de Henry Anslinger, ao invés de criminalizar as drogas via ONU, seria criar uma fonte de dinheiro para a CIA e afins?

    Gostaria de recomendar um documentário chamado Grass, de Ron Mann. Ele fala da criminalização da maconha, mas sobretudo fala como as drogas foram mundialmente criminalizadas. Para quem se interessar, aí vai o link do vimeo:

Obrigado por participar na discussão!

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