Khadafi em pijama

Khadafi e guarda-costas

Tripoli está conquistada, a Líbia nas mãos dos rebeldes, mas a guerra continua.
Esquisito.

Vamos em frente.

O diário italiano La Repubblica, supostamente próximo da oposição, publica um interessante artigo do correspondente Pietro Del Re. O bom Pietro acaba de recolher o testemunho arrepiante da doutora Siham Sergewa, de Bengasi.

O que conta a simpática Siham?
Conta que a vida das “amazonas”, as guarda-costas do regime líbio, era um inferno: repetidamente violadas pelo leader líbio e pelos filhos dele.

Na prática, o regime utilizava as guarda-costas como uma espécie de harém, à disposição da família do Coronel.

Realmente assustador.

Então é mais fácil perceber as ordens dadas por Khadafi aos próprios milicianos: violar todas as mulheres da oposição, esposas, filhas, irmãs, amigas, tias, primas, mães, avós e bisavós dos rebeldes.
Bom, algumas dúvidas acerca das avós e bisavós, mas continuemos.

Significativo o depoimento duma rapariga que, uma vez expulsa da Universidade, foi contactada pela equipa de Khadafi com a promessa de poder ser readmitida no curso graças à intercessão do Coronel. A rapariga, obviamente, aceitou e foi então levada até a residência de Khadafi, Bab al-Aziziya em Tripoli, onde o Coronel estava à espera em pijama (sic!!!).


A inocente rapariga ficou em choque pois ela sempre tinha considerado Khadafi como um pai, mas este decidiu viola-la repetidamente até ficar farto e ir violar outra mulher.

São relatos terríveis, que causam revolta e obrigam a pensar.
Sobretudo, são relatos idiotas.

A simpática doutora Siham Sergewa afirma ter sido contactada por dezenas de mulheres violadas. Decidiu então desenvolver um inquérito, enviando 70.000 questionários e obtendo 60.000 respostas numa semana.

Sim, leram bem: em plena guerra, a doutora decidiu enviar 70.000 questionários via correio e recebeu 60.000 respostas, sempre via correio, num País devastado pelos combates, com os rebeldes em Bengasi, as tropas do Coronel em Tripoli e a No Fly Zone da Nato no meio.

Mas quem é que entrega as cartas na Líbia, Batman e Robin?

Siham Sergewa

Mas não é tudo. Até a comunidade internacional ficou ligeiramente suspeitosa perante tamanhas afirmações; e o enviado da ONU, Cherif Bassiouni, pediu para ver os documentos.

O Leitor acha que a simpática doutora Sergewa entregou os documentos?
Não, claro que não, pela simples razão que tais documentos não existem, como nunca existiram.

Todavia, a mesma Sergewa aprontou um dossier, já transmitido ao Tribunal Internacional de Haia, Holanda: um dossier onde evidentemente não há rastos do inquérito mas onde não faltam declarações “espontâneas” de mulheres violadas.

E muito interessante parece ser a posição do mesmo Tribunal: o Procurador Luis Moreno-Ocampo afirma ter informações segundo as quais houve uma política de violações entre os soldados da Líbia, com distribuição de comprimidos anti-impotência e centenas de vítimas em todo o País.

Uma afirmação, continua o Procurador, suportada por meses de “vozes”. Que como prova não são nada mal, de facto.

E tudo isso apesar de Amnisty International ter afirmado que os seus pesquisadores não encontraram qualquer evidência que possa suportar estas vozes. E sem esquecer as palavras do enviado da ONU, Cherif Bassiouni.

Em que estão baseadas, então, as palavras do Procurador? Não é difícil entender que as “informações” na posse do Procurador do Tribunal Internacional não passam do “inquérito” da simpática doutora Sergewa.

Este nada mais seria senão o enésimo caso de desinformação actuado pelos media de regime.
Mas o que interessa aqui é realçar a origem de tudo: um correspondente do principal jornal da oposição italiana, aquela parte política que, em teoria, deveria conceder espaço a quem pensa de forma diferente.

E que, pelo contrário, demonstra ter uma atitude ainda mais pró-regime de que outros diários filo-governativos.

A guerra contra a Líbia é coisa boa e justa: e todos, mas mesmo todos, temos de ficar convencidos disso.

Ipse dixit.

Fontes: La Repubblica, The New York Times

7 Replies to “Khadafi em pijama”

  1. Olá Observer,

    eu não sei que tipo de pessoa é o Sr. Khadafi, mas isto é ridículo. Ao que parece ele comandava bem o país e as pessoas gostavam dele. Depois, vêm estes energumes (a.k.a. mídia ocidental) conspurcar a mente das ovelhas com afirmações terríveis a jeito de 'estocada final'.

    Chega disso!

    Chega de guerra e de armas…chega, chega, CHEGA!

  2. Txi, para mal dos meus pecados, experimentei, e funcionou…mas depois reactualizei a página e voltou a não funcionar…digamos que … está "intermitente".

    eheheheh

    Abraço,
    — —
    R. Saraiva

  3. hiiiiip! Estava mesmo à sair quando vi a mensagem. Logo escrevi um mail para o suporte de Google e antes de carregar no "Enter" pensei "vamos ver uma última vez": e agora funciona.

    ATI: Alta Tecnologia Intermitente.

    Ou uma nova medida da troika para as contas de Portugal: cada três minutos de conexão, um de pausa.

    Não é mal, no fim do dia dá uma hora de electricidade poupada em todo o País…

    Abraço!!!

  4. Esta guerra na Libia tresanda e gostei ainda mais da urgência prioritária com que os "rebeldes" quiseram fazer um banco central privado.

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: