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O ouro de Tripoli

Nada, não há nada a fazer: uma pessoa vai de férias e pronto, as Bolsas precipitam, Khadafi cai, Strauss-Khan é ilibado e o Brasil derrota Portugal no campeonato do mundo de futebol sub-21.

Milagre! Fátima? Não, Tripoli.

Tentamos perceber. Aliás, reparamos num facto: ninguém tenta perceber.

A notícia é que os rebeldes conquistam a capital da Líbia, Tripoli, e ameaçam o simpático Khadafi.

E ninguém, mas mesmo ninguém, explica uma coisa: como é que uma cambada de incapazes (Nato mais “rebeldes”), que ao longo de seis meses ficaram a contemplar as dunas, de repente torna-se um exército invencível?

Eis as respostas possíveis, cabe ao Leitor escolher a opção que parece mais adequada:


1. A Nato e os rebeldes decidiram aproveitar das férias de Informação Incorrecta para atacar sem o risco de serem criticados. O que faz sentido.
2. A Nato e os rebeldes quiseram acabar esta guerra antes da chegada do cometa Elenin, que como sabemos trará grandes novidades para todos os seres humanos.
3. A Nato e os rebeldes organizaram uma rifa para a recolha de fundos, graças aos quais puderam adquirir meio quilo de munições e 10 litros de gasolina para os tanques. Desta forma conseguiram atacar Tripoli.
4. Após Hugo Chavez ter retirado 100 toneladas de ouro do Banco de Inglaterra, era preciso encher os cofres vazios com 143,8 toneladas de ouro; casualmente a mesma quantia guardada pelo simpático Khadafi.

Eu ainda estou na dúvida.
Em qualquer caso, em breve os Líbios poderão festejar a chegada da democracia.
Estão feitos.

Os Estados Unidos já se empenharam para pôr em segurança o arsenal químico do Coronel. Doutro lado, são de confiança, pois tinham feito o mesmo com as armas de destruição maciça de Saddam Hussein.
Só não se percebe como é que estes malvados, mesmo ao dispor de armas terríveis, nunca escolhem utiliza-las.
Deve ser por serem malvados e estúpidos também.

A França convidou oficialmente o leader do Conselho de Transição, Mahmoud Jibril, em Paris, onde encontrará o marido de Carla Bruni.

E o governo italiano convidou Abdessalam Jalloud, ex número dois de Khadafi, possível futuro primeiro ministro.

Os abutres cheiram a refeição.

Bolsas: qual novidade?

Das Bolsas nem vale a pena falar. Aliás, é esquisito que esta seja uma notícia tão realçada: uma  nova recessão (a segunda parte da crise começada em 2008) está a chegar, seria esquisito para os mercados não pressentir isso.

Como a Europa abranda (caso Alemanha, com crescimento zero), a América à procura dum milagre, as outras praças mundiais em fase de espera, o que podemos obter? Proibir o short é a solução? “Doutor, fui atropelado pelo comboio, perdi duas pernas, um braço e uma mão, socorro!” “Calma filho, tudo está controlado, tome uma aspirina”.

A coisa melhor é estar preparados para um final de 2011 quente (bolha imobiliária na Europa, entre as outras coisas?).

Strauss-Khan é virgem?

Strauss-Khan. Afinal o coitado é um santo.
O advogado de Nafissatou Diallo, a alegada vítima:  

Na audiência [judicial] de 16 de Maio o próprio Ministério Público considerou que as provas contra Strauss-Kahn eram substanciais e que o exame médico confirmava a ocorrência de um ataque sexual

Mas a Procuradoria considera agora como duvidosas as conclusões da perícia médico-legal, pois descobriu que Diallo manteve relações sexuais na noite anterior ao alegado ataque.

Fica portanto uma dica: se a intenção das Leitoras é serem violadas, melhor não ter relações na noite anterior, pois as perícias não são capazes de distinguir entre um acto consensual e uma violação.

Brasil 3 – Portugal 2

O que sobra? Ah, pois: Brasil 3 Portugal 2.

Os Leitores brasileiros podem não saber, mas aqui o evento ganhou uma ressonância de todo o tamanho.

Na minha óptica, quando um País fica acordado até 4 da manhã para poder encontrar alguma razão de orgulho, então significa que não apenas chegámos ao fundo do poço, mas que começámos também a escavar.
Mas é isso que se passou.

Parabéns ao Brasil.
E eu volto de férias. Até amanhã, claro.

Ipse dixit.