Passatempo Nibiru

– Bom Dia, sou Max de Informação Incorrecta, conhecem?
– Tragatabaz durum!

– Eh?
– Trabaga…uh? Ah! Desculpe, não tinha programado o tradutor simultâneo. Sim, Max de Informação, caramba, é muito conhecido aqui, claro que é.

– Obrigado. Mas só como curiosidade: porque decidiram contactar-me via internet?
– Epá, sabe como é aqui em Nibiru: sempre no espaço, sozinhos…o espaço é um lugar frio e escuro, quando voltamos nas redondezas da Terra, a cada 3.000 anos mais ou menos, tentamos sempre contactar alguém. Eu estava a ler o artigo sobre a sua prisão, nas revoltas de Almada, por isso decidi falar consigo.

– Desculpe mas eu nunca fui preso…
– Ainda não, mas fique descansado, os trabalhos forçados não são tão maus como podem parecer.

– …ah…obrigado… Bom, como pode imaginar, gostaria de fazer algumas perguntas sobre o vosso planeta e a vossa sociedade, os Annunaki.
– Annuke?

– Annunaki.
– É assim que nos chamam? Realmente, 3.000 anos são demais…Nada disso: o nome correcto é Nibirenses. Faz sentido, não é? Nibiru, Nibirense…Annunaki não tem nada a ver.


– Pois, de facto…é que as nossas fontes são bastante antigas. Como é na realidade o vosso planeta?
– Bonito, bonito mesmo. É uma esfera perfeita.

– Uma esfera?
– Isso mesmo. Sabe, aqui não temos um sol como na Terra, por isso Nibiru é uma bola de gelo, perfeitamente esférica.

– E não há nada? Nem uma colina, nada?
– E ainda bem. Como não temos sol, também é tudo escuro. Há 52 anos caiu um asteroide que ficou no meio da praça da capital, Rio de Gelo. Nunca houve tantos feridos, todos batiam contra o asteroide. Foi na altura que inventámos a bengala. De gelo, óbvio.

– E os Nibirunenses, como são? Pode descreve-los fisicamente?

Um Nibirunense

– Eh, não é por vangloriar-me, mas somos bonitos também. Nibiru é maior do que a Terra, também a força gravitacional é maior: isso permitiu que fosse atingida a altura perfeita. Um Nibirunenes é em alto em media 348 Frinch.

– 348 Frinch?
– Sim, mais ou menos 33 dos vossos centímetros.

– Mas são muito baixos!
– Não, são vocês que são demasiado altos.

– Será…e a sociedade? Como funciona a vossa sociedade?
– Olhe, nem me fale disso. Até alguns séculos atrás era uma maravilha. Depois começaram as reformas e tudo começou a desmoronar. Sabe, o nosso planeta não tem estações como o vosso. Aqui é sempre Inverno, uma chatice, mas com o tempo uma pessoa fica acostumada. E depois poupamos com o frigorífico. O problema é que, há 2.000 anos, uns daqueles que vivem em Nibiru de Baixo repararam que em Nibiru de Cima a temperatura era um pouco mais elevada. Até cresciam os frataplaz nos anos bons.

-“Frataplaz”?
– Sim, tipo os urganit, mas um pouco mais doces.

– Ah, estou a ver…
– Então começaram os discursos de tretas: basta com as inúteis divisões, Nibiru deve ser cosmopolita, multicultural, o frataplaz não tem cidadania, e milhões de pessoas migraram dum lado para outro. Uma confusão.

– De facto, são problemas.
– Sim, mas isso é nada. Como os frataplaz eram muito procurados, começaram a nascer as variantes: frataplaz com molho de quiriti, frataplaz com trabinet assados….sabe qual o problema? É que depois estas coisas têm de ser vendidas. Então começou a publicidade. Em Nibiru temos três canais televisivos: Nibiru 1, Nibiru 2 e Nibiru International.

– Só três?
– “Só”??? Até são demais! Mas sabe o que significa ter três canais com publicidade a cada 5 minutos? “Com frataplaz Osmio 21 comes bem e não ficas velho”, “Leve 3 frataplaz, pague 6”, todo o dia, 24 horas por dia…um inferno, acredite.

– Pois parece…
– E quando já não há ouro para comprar os frataplaz? Eis a outra invenção: o crédito! Compra o frataplaz agora, paga em 35 mensalidades. Com juros, óbvio. E os juros custam. E as pessoas têm que trabalhar mais pois se um frataplaz vale 20 Neuros, com o crédito podes pagar 35. Uma vergonha. Isso sem falar da criminalidade.

– Nibiru tem problemas de criminalidade?
– Problemas? Uhi! O que acontece quando todo o dinheiro acabar em frataplaz e já não houver crédito? A gente rouba. Bandas de jovens que assaltam lojas, partem montras…

– Electrodomésticos?
– Não, frataplaz. Nós temos só lojas de frataplaz. E ao mesmo tempo Nibiru fica cada vez mais afastada das coisas espirituais. Sabe, nós costumávamos ser um planeta bem fiel, mas agora…

– Como se chama o vosso Deus?
– Como “o nosso”? Orput é o Deus de todo o Universo, não seja blasfemo. 

– Peço desculpa, não queria ofender Orkut.
– “Orput”, não “Orkut”, não se brinca com estas coisas!

– Desculpe, outra vez.
– Já não faltam os de Nibiru de Baixo?

– Como assim?
– Ah, pois, você não sabe. Os de Baixo acham que afinal Orput não é o único e verdadeiro Deus, mas apenas um profeta, o profeta de Matrak. Já viu?

– Terrível…
– Pois é. E rezam, e rogam: os fratplaz têm de ser comidos crus, porque quando cozidos perdem a essência de Matrak…

– Matrak está nos frataplaz?
– Claro, se for um Deus está em todos os lugares, não é?

– Ah, pois…
– Mas como podem pensar isso? Alguma vez foi visto Matrak num frataplaz?

– Porquê, já viram Orput no frataplaz?
– Mas que raio de pergunta é esta? Acabei de dizer-lhe que um Deus está em todos os lugares! Orput está em tudo e todos. Não conhece o Livro Sagrado Das Sete Maravilhas da Bondade de Orput? Não leu do milagre da velha cega-surda-muda e do frataplaz possuído?

– Ah, sim, agora lembro, claro que lembro…
– Aí está explicado tudo, ora essa. Mas a religião nem é o principal problema. O pior é a degradação dos costumes. Porque para vender mais frataplaz começaram com os filmes.

– Também aqui temos filmes!
– Com frataplaz?

– Não sem frataplaz.
– Ah, aqui os filmes estão cheios de frataplaz. até criaram um lugar, Frataood, onde gravam todas aquelas porcarias…e passe o termo. É uma vergonha: mostram mulheres nuas no meio de campos de frataplaz, homens ricos com casa onde há frataplaz em todos os lugares, até na casa de banho. Depois uma pessoa que pensa? Vê o filme e pensa que se não tiver montes de frataplaz é um falido. Então vai à procura de mais créditos e se não encontra rouba.

– Uma tragédia…
– Pode bem dizer isso. E ainda bem que acabou a guerra.

– Em Nibiru houve uma guerra?
– Uma? Duas guerras, as Grandes Guerras Nibirenses. Terríveis…

– Deixe adivinhar…foi por causa dos frataplaz?
– Como é que sabe?

– Assim, intuição…

Loja de frataplaz

– Foi por isso mesmo. A primeira começou quando um grupo de Nibirenses de baixo atacaram uma loja de frataplaz no centro de Nova Nibiru. Um horror: milhares de frataplaz no chão, esmagados. Então o nosso governo decidiu uma retaliação, para defender a liberdade de todas as lojas que querem vender frataplaz cozidos, aqui, em Nibiru de Cima. Mas as coisas não correram bem, e a guerra durou 10 anos. Até que conseguimos matar o leader deles, Takama Pis Badel. Um sacana. Sabe o que foi descoberto? Que este Takama cultivava também cogumelos de frataplaz, uma potente droga para destruir os nossos jovens.

– Assim, destruíram as plantações?
– Não, aliás há mais do que antes, e ninguém percebe a razão. É um facto bastante esquisito. Mas sabe o que me custa ainda mais? É que Nibiru acabou de produzir coisas bonitas. Uma vez havia artistas, que criavam coisas fantásticas. Já viu a Piedade Fripanada de Nibirangelo? Ou a Monna Frita de Leonardo da Nibiru?

– Não, ainda não.
– Tem que ver. Mas aviso: só coisas antigas. Porque Nibiru hoje é refém do materialismo e perdeu o gosto do bonito.

– Outra coisa: estamos preocupados aqui, pois há quem diga que a vossa raça é bastante má e que poderia invadir a Terra…
– Vocês têm frataplaz?

– Não, nem um.
– Então fiquem descansados, já temos problemas que sobram aqui. Somo alienígenas, não burros. Agora tenho que ir, em breve vai haver uma eclipse de Trumpa, um dos nossos 54 satélites, e as comunicações ficam interrompidas.

– 54 satélites? Mas não eram 7?
– 7? Mas quem bzzzzz porque bzzzzzz história? Nibiru bzzzzzz próxima bzzzz…..

8 Replies to “Passatempo Nibiru”

  1. hahahaah , muito bom realmente muito bom esse analogia de nibiru com nosso mundo. e max , tem algo que me pergunto . sabe o mundo atual parece tao errado e corrupto e tal , e as vez me olho para passado e vejo que o mundo parecia mais bonito e moralmente correto e me venho a seguinte duvida: o homen atual e corrupto por seus meios que eles mesmo criou certo ? no passado a corrupção era menor ou inixistente certo ? antiguamente não existia a questão de capitalismo e multicuturalismo ( nao da forma atual , massiva ) e tal ,mais havia seu problemas certo , mais chegavam a esse ponto que nem hj em dia ?

    ser for sim para questão então sem sombra de duvida o problema não está no exterior mais sim no interior , ou seja no proprio homen então o homen está fadado a merd@.

    se não , então qual e a origem desse problema ? dessa male qua atinge a humanidade ?

    eh… eu acho que galton tava certo com relação a questão de eugenia e disgenia , pelo rumo do mundo atual tamos sofrendo uma disgenia.

    eugenia e talvez a solução.

    meio radical talvez … mais no meu ponto de vista e solução…

  2. Desculpe caro Max,

    Mas seria zombaria à tese de um cara respeitado até por quem discorda de tópicos de seu trabalho sobre os registros sumérios? Tudo bem, Nibiru é uma incógnita em todo o estudo de Zecharia Sitchim, mas no demais, seu trabalho é um relato muito consistente. E afinal, é o relato encontrado nas tábuas de argila, onde Sitchim apenas teve o trabalho de desvendar o significado de seu conteúdo. Não podemos nos esquecer que outros personagens também passaram pelo descrédito de seus semelhantes, para depois serem resgatados pela história. Talvez o caso mais famoso o de Galileu. Isso lógico, sem compará-los. Sitchim a princípio foi apenas um tradutor daqueles escritos, seu grande mérito, foi o de ter decodificado a escrita suméria. Confesso que Nibiru também não se encaixa na minha lógica. Mas à poucos dias cientistas descobriram vida baseada em arsênico. Algo inconcebível pela própria ciência até há bem pouco tempo. Max desculpe o tom crítico, mas este blog desperta nossa razão, assim como, nosso lado lúdico. Grato Max!

  3. Típico de quem deseja mas não consegue compreender e reage com escárnio. Como lembrou o amigo acima, muitos passaram por descredito e com absoluta certeza, o senhor em pouco tempo, se retratará.

    Se não entendes deste tópico não escrevas sobre ele, continue na economia.

  4. Anônimos que se sentiram ofendidos,
    espero que reflitam sobre isso.

    Não estou dizendo que os textos sobre Nibiru que o Max escreveu sejam verdade, pois NINGUÉM É DONO DA VERDADE, então tratem de pesquisar mais sobre este assunto e escrevam aqui, eu ficaria grato em ver "o outro lado da moeda"

    Vamos lá, seguidores de Nibiru,
    postem aqui suas objeções e teorias sobre esta história. Acho muito interessante esta teoria, apesar de não acreditar nela. A verdade é que não acredito em nada que não tenha sido provado. Vamos manter a mente aberta.

    Verdade absoluta não existe.

  5. divertidíssimo!! Acredito que seu blog tem um objetivo louvável… esse Post nada mais é do que uma ironia á essa história de Nibiru… Não posso afirmar que ele não existe, mas posso dizer que em todas as partes do mundo existem pessoas que buscam criar histórias polêmicas afim de serem lembrados, e o pior de tudo isso é na cabeça deles isso faz sentido! (kkkkkkk!) não digo que esteja certo ou errado, mas acredito que Nibiru seja mais uma utopia inventada pelo homem para fugir da realidade que é a sujeira humana! homens que se aprofundam em histórias para esquecerem seus problemas… Ja temos problemas demais aqui! Deixemos Nibiru para os Nibirenses….

  6. Por conveniência aceitamos as constantes como meio para formular complexas equacões que não nos levam a nenhuma parte mais que a comoda racionalização/negação das realidades transcendentes que não por serem transcendentes ou metafísicas, são menos reais, se não mais evidentes em quanto a sua percepção de localização espacial. A negação do empírico, conduz ao sem sentido de negar o evidente quando não é racional, e esta atitude de algunos, é anticiência, por mais que se empenhem em nega-lo.

    Se nosso mundo interior é um universo e adquirimos conciencia dele, descubriremos que aqueles axiomas que a razão não nos permite explicar, uma vez ilhados do contexto global, podemos analisar separadamente do resto das variáveis, que nos afastam da configuração real do Universo. Quando ilhamos o conhecimento de seu contexto, cometemos o erro de crer que metodológicamente as variáveis se convertem em constantes. E esse, precisamente esse é o “grande erro” da ciência de nossos dias, especialmente das análises quantitativas e qualitativas que se formulam nas teses doutorais contemporâneas.

Obrigado por participar na discussão!

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