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A tragédia do povo hebreu

A Nova Ordem Ocidental tem sabido insinuar-se nas nossas mentes, ocupar áreas originariamente concebidas para hospedar valores, produzir pontos de vista distorcidos que nada têm a ver com a definição de “humano”.

E os que mais gritam e insultam são os que menos entendem de ser parte dum jogo bem maior, cujas finalidades estão muito além das declarações oficiais.

No site hebraico Ynet, por exemplo, é possível encontrar os frutos deste condicionamento.

Os comentários

Após o artigo de Ziv Lencher, um artista de Tel Aviv, que realça o que define como Schadenfreude, termo alemão que podemos traduzir com a expressão “prazer provocado pelo azar dos outros”. Alvo desta Schadenfreude são os recentes atentados na Noruega, que, longe de ter angustiado os cidadãos hebraicos,  conseguiu até provocar uma mal escondida satisfação.

E os comentários ao artigo de Lencher constituem a melhor prova disso, como podemos ler (com relativa ordem de aparição e username):


15. Almog, Beer Sheva: Eles mereciam, ponto final. O seu artigo não faz sentido. Todos aqueles que não têm misericórdia por nós, não há razão para sentir pena! Deixem que continuem a respeitar e a honrar os Muçulmanos.

54. Roi Bet Shemesh: Ziv Lenchner, és de Esquerda! Se ainda não percebeste, és de Esquerda como todos aqueles nos media! Basta com os sermões da Esquerda! Não há dúvidas de que a Noruega tem sido sempre contra o estado de israel, não desde agora, e sempre será! Não apoiamos o ataque, mas talvez vão entender melhor depois do que aconteceu que é completamente legítimo!

103. Yossi:  em Oslo … Talvez vão entender de não ser imunes, vão sentir o que muitos israelitas sentem e alguns deles não podem provar nada para as actividades dos israelitas e dos Noruegueses em Oslo.

104. Ilan, acerca do apedrejamento de gays [sic]: Anti-judeus? Você já ouviu falar do “olho por olho, dente por dente”? De repente há alguns meninos que saíram e dizem que “inventaram” uma nova Torá! Antes da moral, a Torá serve principalmente para a sobrevivência e para a destruição do inimigo! Canto o Senhor porque triunfou, lançou o cavalo e o cavaleiro no mar [Êxodo 17:21, após o afogamento do exército de Faraó]

303. Effie: Eu não sinto qualquer dor! Todos aqueles que não sentem dor pelo o meu povo não devem pedir compreensão para o deles.

392. Somos mais afortunados: Basta com a demagogia! Os Noruegueses e os Europeus em geral são ultra-semitas. E se uma centena de pessoas morreu, há sete bilhões no mundo todo. Eu não sinto pena deles, são meus inimigos, que odeiam israel e obtiveram o que merecem!

Na Sexta-feira, quando surgiram as primeiras notícias, no site Yediot Ahronot (o mais frequentado em israel) os comentários não demoraram: e, no geral, a média era de 3-1 ou 4-1 em favor da hostilidade contra a compreensão ou a pena.

181. Noam: Ha Ha Ha! Europeus, este é o vosso “liberalismo” 

242. Dreamer Radical: Que possam assar no caldo deles. 

268. Shimon: Boas notícias para o Shabat (Sábado). Assim poderão começar a usar as “maneiras fortes”.

285. Nir, Hasel Ha’adom: Permitam-me alguns momentos de prazer.

315. Moshe, Haifa: Lamento, estou nas tintas. Do meu ponto de vista, deixem que afoguem no sangue deles.

No Sábado, eis que aparece a notícia de que o killer não é muçulmano. Sentimentos mudados? Nem por isso.  

12. Gandhi: O rapaz queria enviar uma mensagem. Extremo, sim, mas não entendem outros. 

AA: Vocês de Esquerda deveriam ser todos eliminados. Isso vai acontecer em breve. Quando o castelo económico de cartão vier para baixo, vocês de Esquerda nem com um sapato ficam.

18. Anti-esquerda: Claro que condeno este crime brutal, mas num sentido mais amplo ele estava certo!

Estas são apenas amostras, pois nos sites originais há muito mais. Mas já dá uma ideia.

A verdadeira tragédia do povo hebreu

A ideia de que os israelitas são monstros?
Não: a ideia de que o regime nazista no qual vivem conseguiu condicionar a mente deles, ao ponto de terem abandonado os princípios básicos que deveriam ser património de qualquer ser humano.

O regime de Tel Avive conseguiu instalar o ódio, ódio contra todos: Muçulmanos, Europeus, sem distinção.
Aos olhos do hebreus, os Muçulmanos não passam de criminais e os Europeus são todos anti-semitas. Seria interessante saber o que pensam dos outros também.

A mistura explosiva da religião com a política criou uma sociedade que vive no ódio, que concebe a guerra como única forma de sobrevivência. Não são bestas, são pessoas como nós, apenas crescidos no seio duma sociedade que tem dois pilares inabaláveis:

  1. fomos escolhidos por Deus
  2. todos odeiam o nosso País

Estas duas simples considerações, repetidas ao longo da vida toda, conseguem justificar tudo. Cúmplice o apoio dos hebreus americanos, criaram uma sociedade que entende a guerra como um estado natural e perpétuo, uma infinita cruzada contra os “outros”. Que são todos maus (pois, ainda uma vez, nós somos o Bem).

Temos que odiar o povo hebreu?
Acho que isso seria um erro. Aliás, “o” erro. Significaria entrar no mesmo jogo, o jogo não de israel mas da classe política, militar e religiosa de israel.

Temos de distinguir entre o estado de israel e o Povo Hebraico. Temos de entender o que significa nascer, crescer, viver num regime que não deixa alternativas, que tenta de qualquer forma (com a política, com a religião, com o controle dos media) “construir” cidadãos à medida das próprias exigências.

Temos, isso sim, de sentir pena, juntamente à esperança de que cedo o povo israelita possa livrar-se e encontrar um novo rumo.

E podemos também aprender algo: aprender que quem gere o poder pode não apenas controlar a política ou a economia, mas até moldar os pensamentos dum povo. É um trabalho que demora, lento, mas que resulta.

E atenção: ninguém é imune.

Ipse dixit.

Fontes: InformationClearingHouse
Artigos em língua original: Ynet, NRG,