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Paciência

Desemprego real 17%?
Paciência.
44 milhões de cidadãos que dependem dos foods stamps para viver?
Paciência.
14 trilhões de dívida pública?
Paciência.
Minnesota e companhia que suspendem milhares de salários?
Paciência.
Economia do País que abranda?
Paciência.
País à beira do default?
Paciência.

Não são estas as coisas que contam.
O que conta é que Coca-Cola, IBM, Intel, Google, Volkswagen e BMW, Boeing e muitos outros ainda possam apresentar úteis recordes, com previsões (outlook) positivas e um mar de dinheiro nos cofres.

Achuthan e Reich

Lakshman Achu

Lakshman Achuthan, um dos poucos capaz de poder “ler” o mercado (trabalha com o ECRI, o indicador que “mede o pulso” da economia), prevê um abrandamento da economia americana?

Paciência.

E depois qual o problema? Os Estados Unidos são apenas um dos mercados, tal como a Europa, e cada vez o seu peso específico será menor.

Robert Reich é o ex-Secretario do Trabalho da época Clinton: é o autor de livros (eis algumas dicas editoriais) como Supercapitalism: The Transformation of Business, Democracy, and Everyday Life (2007) e Aftershock: The Next Economy and America’s Future (2010), mas sobretudo é um dos poucos analistas que consegue ver o que se passa nos Estados Unidos:


deslocalização selvagem
desemprego estruturalmente elevado
destruição do tecido produtivo americano
polarização ricos-pobres, com desaparecimento da classe média

Escreve Reich:

Robert Reich

O Presidente deve dedicar uma parte significativa do seu discurso à economia, mas qual economia?
Os lucros das empresas continuam a subir enquanto empregos e salários permanecem no pântano.
As pessoas que têm muitos activos financeiros ou que são considerados “úteis” nas empresas multinacionais desfrutam duma sólida recuperação.
Mas a maioria dos Americanos tenta apenas viver da melhor forma possível.
Para entender o que deve ser feito, o Presidente deve ter claro o que está a acontecer e as razões.
As empresas multinacionais estão a acumular lucros principalmente por causa das vendas em mercados fora os EUA, em particular Índia e China.
Aqui, em casa, proporcionando as necessidades dos Americanos ricos.
Mas outra chave importante para a interpretação deste lucros é a redução dos custos, particularmente em termos de mão de obra.
O resultado é menos empregos e salários mais baixos.
A Grande Recessão acelerou as tendências que tinham começado há 30 anos: deslocalização para os Países emergentes,automação do trabalho, trabalho full time convertido em trabalho temporário, enfraquecimento dos sindicatos, etc.

Tudo, mas não os militares

E como responde a Administração do simpático Obama?
O governo está a considerar a possibilidade de vender alguns dos seus activos: o ouro de Fort Knox, edifícios estatais, propriedades e até mesmo alguns parques nacionais. 

Vida muito complicada também para o programa de saúde pública, Medicaid, uma das bandeiras da campanha eleitoral do Presidente.

E as despesas militares? 
Ah não, estas não se mexem: são previstos 1.000 bilhões de Dólares para 2011, o montante mais elevado entre todos os Países do mundo. E assim ficará, pois com estas coisas e com certas castas não se brinca.

Ipse dixit.

Fontes: Il Grande Bluff, Pragmatic Capitalism, Stampa Libera