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Lobisovelhas?

Há algo no ar. E não é só poluição.

O mundo árabe está em chamas.
Eu sei, pouco, às vezes nada aparece nos media.

Mas a verdade é que no Egipto, Praça Tahrir está de novo cheia: as pessoas ficaram desiludidas pela falta de reformas.

Zahi Hawass, Ministro da Antiguidade, apresentou as demissões e fugiu nos Estados Unidos (mesmo o lugar melhor, parabéns).

Da Síria sabemos o que sabemos: a versão ocidental, feita dum regime odiado pelo povo, de pessoas que querem liberdade; e as dúvidas ocidentais, em primeiro lugar: mas se todos odeiam o regime, porque não fazem como no Egipto ou nos outros Países?

Não deveria ser tão difícil, considerado o apoio dos Estados Unidos.

Não recebidos

Do Bahrein nada se sabe. O País que alberga a frota de Washington no Médio Oriente vive numa outra dimensão, feita de puro esquecimento. De vez em quando chegam fotografias ou vídeos de protestos, de confrontos, de mortos. Mas nada mais.
Ainda bem que existe Google Earth, caso contrário seria difícil acreditar até na existência dum País chamado Bahrein.


Da Líbia nem vale a pena falar. Há dias em que nem chegam notícias. Deveria haver uma guerra algures, fala-se dum homem chamado Khadafi enquanto outros lembram palavras estranhas como “Nato”, “rebeldes”, “No Fly Zone”, Zona Sem Voos ou Zona Sem Moscas, já nem lembro.
Quando num telejornal é pronunciada a palavra “Líbia” eis que começa a publicidade. Às vezes é suficiente “Na Líb…” e parte a nova oferta da Fiat.

Argélia? Marrocos? Não recebidos.
Yemen? Yemen é Al-Qaeda, esta é a última notícia que tinha chegado antes de perder os contactos.

As novas fronteiras da ciência

Mas também na Europa há zonas estranhas, deformações espaço-temporais onde a realidade não consegue ser lida.

O caso da Grécia é dos mais interessantes do ponto de vista científico.
Existem agora duas Atenas: numa há um governo que tudo faz para salvar a economia do País (estragado por desconhecidas forças malignas), na outra há cidadãos que um dia sim e outro também estão nas ruas a protestar, a fazer greves, empenhados em confrontos com a polícia.

Ao seguir um telejornal qualquer podemos saber tudo acerca da primeira versão, mas nada da segunda.
A suspeita é que algo de terrível deve ter acontecido: a Grécia precipitou num universo paralelo?
Os media estão apenas a esconder esta realidade para não assustar o público?

Mas a dúvida é que seja uma situação contagiosa.
Há sinais de que em Espanha aconteça algo de parecido. Em Madrid, em Barcelona, em outras cidades.

A Italia está sob ataque. Não económico, mas terrorista.
Alguém, tal Spider Truman, está a publicar em internet todas as contas dos políticos. Contas reais, documentos oficiais, com tanto de carimbo.
Os diários tentam acalmar o público, pegaram num deficiente qualquer, um fulano que matou a namorada, e procuraram tornar isso o “caso do Verão”. Mas não funciona, todos querem saber como pode uma classe política gozar de tantos privilégios, deitar todo aquele dinheiro no lixo e depois pedir sacrifícios.

No Reino Unido, pelo contrário, sabemos o que se passa. Cameron, o Primeiro Ministro, afirma ter sido um erro assumir o servo de Murdoch e realça como os cidadãos estejam a afastar-se da política. Acrescenta que o fogo queima, a água é molhada e que na Primavera voltam as andorinhas. Se Murdoch assim quiser, óbvio.

O fim do Universo e as ovelhas enervadas

Ah, hoje é prevista uma super reunião das Mentes Pensantes em Bruxelas.
Assunto do dia: “Temos pouco dinheiro e uma série de Países falidos, alguém quer avançar com uma esmola?”.
Por enquanto poucas as ofertas.

Barroso, o chefe das Mentes, afirma que um eventual fracasso seria uma catástrofe para a Europa e o Mundo todo.

Sim, deve ser assim. Lembro agora ter ouvido a Nasa dizer que também o rover Opportunity, em Marte, está bastante preocupado com o êxito da reunião.
Aliás, já fez saber que em caso de fracasso irá despenhar-se voluntariamente no fundo duma cratera.

O amigo Felice, de Informazione Scorretta, afirma:

Há menos cheiro de medo e renúncia. Há mais cheiro das Pessoas, talvez seja o cheiro da força do desespero que obriga-te a repensar na ideia de obediência, o cheiro da certeza de que há algo de terrivelmente errado neste mundo e agora cada vez mais pessoas dizem isso de forma clara.

Talvez.
Eu desconfio destas coisas. Será pelo facto de ter sempre vivido como uma ovelha no meio de tantas ovelhas.
Mas até uma ovelha pode enervar-se, não acham?

Ipse dixit.

Fonte: Informazione Scorretta