Magma Assassino

Syfy é um canal televisivo dedicado à ficção científica.
A qualidade das películas transmitidas é médio-baixa, por vezes chega a ser ridícula por causa de enredos dignos duma turma de atrasados mentais bêbedos e efeitos especiais dos quais na Danone ficariam envergonhados.

Mas Sycy é o reflexo dum fenómeno mais amplo, o dos filmes catastrofistas. O género é bastante antigo: o primeiro é nada menos que Deluge, uma produção americana de 1933, filme com terramotos e tsunami que ameaçam destruir o planeta.

Mais tarde, o género incluiu algumas variantes, como os incêndios localizados (mas sempre apocalípticos) no caso de The Towering Inferno (no Brasil: Inferno na torre, em Portugal: A torre do inferno. A propósito: seria tão difícil um telefonema entre as distribuidoras de forma que os filmes tivessem os mesmos títulos?) ou toda a série dos aviões em perigo (Airport, Airport 75, Airport 77, Airport 79…e ainda bem que os anos ’70 acabaram).

Mas os filmes catastrofistas fieis ao enredo “primordial” (com o Mundo em perigo como protagonista) continuaram a existir, até com bastante sucesso em alguns casos: Armageddon (Armagedom no Brasil) de 1998, Deep Impact (Impacto Profundo: milagre, o mesmo título nos dois lados do oceano) sempre 1998, Children of Men (Filhos da esperança no Brasil, Os filhos do homem em Portugal) de 2006, Outbreak (Epidemia no Brasil) de 1995 e muitos outros ainda.

Nós por cá também vamos contribuir com um enredo original. Uma superprodução de Informação Incorrecta, “Magma Assassino”, gravada nos Estados Unidos, na Ásia, no meio dos oceanos e no espaço.
No espaço??? Eu disse: é uma superprodução…

Prontos? Já sabem: desliguem as luzes e pipocas.

Deadly Magma
(“Magma Assassino” em Portugal, “Assassino Magma” no Brasil)

À porta dum laboratório científico das Ilhas Hawai pára um carro. Uma pesquisadora (Nicole Kidman) cumprimenta o namorado (eu) e sobe até o próprio escritório.

Enquanto está a beber um cafezito, a pesquisadora percebe que algo no computador dela não bate certo: valores esquisitos, que provocam preocupação.
Algo de estranho acontece no fundo do oceano: grandes massas de magma estão em movimento, perto da superfície. E isso pode provocar terramotos e o despertar de vulcões submarinos.

A pesquisadora fala com o Director do laboratório (Jack Nicholson) que, todavia, não presta atenção, enquanto ciumento das eventuais descobertas dos próprios dependentes.

Além disso, o Director não gosta do namorado dela por causa do blog dele, Incorrect Information, que julga pouco sério apesar do enorme sucesso.

Frustrada, a pesquisadora agarra no telemóvel e liga o namorado (sempre eu) e conta tudo.
O namorado tranquiliza a namorada e aconselha rever os valores: em qualquer caso, Incorrect Information contactará algumas universidades do Mundo para tentar recolher alguns dados.

Haarp

A pesquisadora continua o trabalho e chega à mesma conclusão do namorado que, entretanto, tinha falado com o maior especialista da área, agora reformado: antes de 2020 actividades das placas tectónicas (empurradas pelo magma) e dos vulcões (consequências dos movimentos geofísicos) estarão no máximo.
O resultado será uma série de enormes tsunami.

A pesquisadora abandona o escritório e vai ter com o namorado. Ambos decidem que a única solução é informar o Presidente dos Estados Unidos, velho colega do namorado no college, embora não seja fácil, pois o Director do laboratório pode tentar sabotar o encontro.

Começa assim uma viagem antes de avião até San Francisco (entretanto atingida por um terramoto particularmente violento), depois de carro com destino Washington.

Enquanto o namorado está a conduzir, a pesquisadora completa os cálculos e fica espantada: a simulação do seu computador portátil (interpretado por um Sony Vaio) mostra que várias cidades do continente serão totalmente destruídas.
Entre elas New York, Washington, Boston, Philadelphia, Miami, Houston, Los Angeles, San Francisco, Seattle.

Denver: o aeroporto

Uma vez em Washington, o Presidente (Morgan Freeman) aceita encontrar o casal pois bem lembra do rapaz bonito, simpático e inteligente que tinha conhecido no college e que hoje é o namorado da pesquisadora. Mas fica duvidoso: será verdade? Será um alarme desnecessário?

Então decide desfrutar a noite para pensar: no dia seguinte, após consultar os especialistas, tomará uma decisão.

A pesquisadora e o namorado procuram assim um hotel onde descansar um bocado, mas não é simples pois é época alta e o único com um quarto livre está sob custódia da Polícia por causa da Directora do Fundo Monetário Internacional (Meryl Streep) que tentou violar um empregado.

E quando já estão resignados a passar a noite no carro, são abordados por um homem chinês (Jackie Chan) que oferece hospitalidade na quinta dele, poucos quilómetros fora da cidade.

O homem é gentil, sem dúvida, mas há algo de esquisito na quinta: porque a camareira de casa (Jet Li) é na verdade um homem camuflado? E porque está uma câmara vídeo escondida na torneira do duche? E porque Taffy, o cão do homem (Leonardo), segue sempre o casal com um microfone mal disfarçado ligado à coleira?

Denver: interior do aeroporto

De repente o namorado percebe: será esta uma base dos serviços secretos chineses?

O casal decide fugir, logo após as luzes terem sido desligadas, mas Taffy começa a ladrar e o homem mais a camareira que camareira não é travam a passagem para a única saída da quinta.

E quando o destino da pesquisadora e do namorado não parece outra coisa a não ser uma viagem forçada até Pequim, eis que o namorado extrai do bolso a massa não cozida duma pizza (o namorado é de origem italiana) que, atirada para o chão, faz cair os dois Chineses.

O casal entra no carro e depois velocidade máxima até a Casa Branca: o Presidente tem que saber e perceber.
E o Presidente percebe.

Agora entende a razão das cidades chinesas construídas bem no interior e totalmente desabitadas. Pequim sabe, chegou às mesmas conclusões do casal e agora é preciso agir.

Um dos campos da FEMA

Em primeiro lugar liga uma estação do Alaska, chamada Haarp: que monitorizem tudo o que se passa nas camadas mais baixas da atmosfera.

A seguir o Exército: é preciso um novo centro de controle, em Denver, localidade longe das costas e no coração do País.

Mas é preciso sigilo para não difundir o pânico também melhor disfarçar o novo Centro como se dum aeroporto se tratasse.

Não chega: não há como evitar a catástrofe e tudo o que é possível fazer é organizar o “depois”.

O Presidente, sentado e pensativo, manda que vários centros de acolhimento sejam construídos com a máxima rapidez e cria a United States Federal Emergency Management Agency (FEMA) que terá também a tarefa de fortificar os centros, pois a situação será de autentica Apocalipse.

FEMA: 500.000 caixões de plástico

E, por último, os mortos: caixões de plástico será a solução, milhares deles prontos para ser utilizados.

Sobra uma pergunta: com quais recursos poderá ser reconstruido o País?

É numa grande sala, com dezenas de especialistas, que é a reunião.

Os militares (Tommy Lee Jones, Michael Caine, Ed Harris) pedem uma intervenção resolutiva na Líbia, onde podem ser encontradas grandes explorações petrolíferas e reservas de gás natural.

O Presidente, apesar dos quatro Nobel da Paz recebidos, parece quase disposto a autorizar o envio de novas tropas, mas é nesta altura que o namorado toma a palavra e com um grande discurso (seguido por 5 minutos de aplausos e lágrimas) convence os presentes: nada de guerra na Líbia, se guerra deve ser então melhor atacar Israel que sempre foi bastante antipático.

China: uma cidade fantasma

O filme parece quase ter chegado ao fim, mas eis o golpe do mestre: enquanto todos na grande sala festejam, o telemóvel do Presidente toca.

É o Secretário de Estado (Robert Duvall), com uma notícia espantosa: um terramoto de 9 graus atingiu o Japão, e o consequente tsunami destruiu 3 centrais nucleares (interpretada pelas centrais de Fukushima).

Uma notícia triste?
Não, uma “dica” para os espectadores mais espertos, pois haverá os sequels: “Magma Assassino o regresso”, “Magma Assassino contra todos”, “Magma Assassino: batalha final”.

Sempre que não haja algo de verdadeiro neste estúpido enredo…

Ipse dixit.

3 Replies to “Magma Assassino”

  1. Max,

    francamente, que desilusão: um filme apocalíptico desta envergadura e não arranjaste nem um papel para o Chuck Norris, o Steven Seagal e o Bruce Willis?

    🙁

    Ainda assim está bom, enredo muito simples que me faz lembrar algo (não sei mesmo o quê, a realidade, talvez?!) e bons personagens. 🙂

    Grande abraço,
    — —
    R. Saraiva

  2. Concordo com o Saraiva. Estes tipos (aliados a todos que fizeram Mercenários [BR e PT]) devem fazer parte da tropa de elite que do nada viram atores e fazer um filme fingindo a morte de um famoso líder islâmico.

    Muito engraçado o roteiro do filme, esperamos continuações kkk!

    🙂

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