Oui, je suis le FMI

Pouco antes de ser eleita novo SuperMegaDirector do Fundo Monetário Internacional, a simpática Christine Lagarde foi entrevistada pelos jornalistas Elizabeth Braw e Alexandre Zalewaski, do diário Metro.

Vamos ver os principais pontos desta conversa.

Agora que foi eleita a nova directora-geral do FMI, o que se pode esperar de si? 

O FMI tem duas tarefas específicas: supervisão e gerir a crise. É nisso que me quero concentrar. E tem de haver sempre actualizações para que saibamos responder às necessidades dos seus Estados-membros, que são 187. 

O FMI tem de ser relevante para todos os Estados-membros, seja na África, América Latina ou na Europa, pois todos têm necessidades particulares e todos devem receber o apoio de que necessitam. Receber ajuda do FMI não deve ser um estigma. 

Todos os países podem ser beneficiados e devem ser vigiados pelo FMI, situação que até melhorou bastante com o anterior director-geral. Não vejo o FMI como um polícia mau. Para mim é uma instituição que presta o melhor serviço possível aos seus membros.

Tradução: Continuidade. 

Como vê a situação económica actual?

Há uma recuperação assimétrica de pós-crise. 

Os países industrializados, como os EUA, Japão ou Estados europeus estão a ter um crescimento e uma recuperação mais lenta. Estes países estão concentrados na dívida soberana, mas não podemos generalizar. A Suécia, por exemplo, está incrivelmente bem, a crescer, e pertence à UE.
Se olharmos para outros pontos do globo a preocupação nem é a dívida, mas a inflação e o aumento dos preços. Na China, o preço da comida aumentou cerca de 10% só no último mês.

Outra preocupação que a maioria dos países partilha é como criar empregos, especialmente para os mais jovens. Temos de garantir que criamos o ambiente macro-económico necessário para os mais jovens terem esperança que existe lugar para eles no mundo. 

Tradução: Estamos ainda em crise e ninguém pode ver o fim. Depois há casos misteriosos como o da Suécia, mas são coisas pontuais, pois onde não houver o problema da dívida há a inflação, a subida dos preços, o desemprego.
Mas nós continuamos na mesma, sempre a cuidar dos interesses de poucos.

O que fazer globalmente?

A grande preocupação de quase todos os países é criar emprego, sobretudo, para os jovens. Se eu tivesse só um objectivo centrava-me em garantir a criação de emprego para os jovens. Parece um grande sonho, mas temos de nos perguntar ao fim do dia em que é que gastámos 15 horas. Penso que se remarmos todos na mesma direcção encontraremos soluções.

Tradução: A melhor receita é ter boas palavras e bons proclamas. Depois algo acontecerá.

Em Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha há muito desemprego jovem. Pode o FMI ajudar se estes países não conseguirem lidar com os seus problemas estruturais? 

O FMI tem de lhes providenciar apoio financeiro e técnico. Portugal, por exemplo, concordou em reformular o seu mercado de trabalho. É um factor chave do seu programa. Na Grécia aconteceu a mesma coisa. É nestas reformas estruturais que o FMI pode ajudar. 

Tradução: Não. Pelo contrário, trabalhamos para aumentar a precariedade.

Há motins na Grécia devido ao pacote de austeridade…

Na situação actual a Grécia não se consegue auto-financiar, logo procurou ajuda na comunidade internacional. A UE e o FMI ajudaram. Mas os gregos têm de se ajudar a si próprios, primeiro, resolvendo a sua situação financeira, reduzindo o seu défice e tornando-se mais competitivos.

Tradução: Os Gregos só devem fazer duas coisas: ficarem calminhos e obedecer. Nós tratamos do resto, como cortes dos salários, dos serviços, destruir o Estado.

A UE, que tem vários países com empréstimos do FMI. Não há aí um conflito de interesses por ser da União Europeia? 

Não representarei um grupo de países, mas sim toda a instituição e os seus 187 Estados-membros. Obviamente estou familiarizada com as pessoas que decidem e estive envolvida em muitas discussões. Há que recordar que todas as regiões do mundo beneficiam de programas do FMI.

Tradução: Conflitos? Epá, conheço todos, são anos que trabalho com os bancos e as corporações, não, nenhum conflito.

A UE quer aprovar uma lei que obrigue as empresas a contratar mulheres para cargos executivos. As mulheres dão melhores líderes? 

Tenho de ter cuidado pois aqui sou acusada de dizer que existe muita testosterona sobretudo na negociações. Para mim, deve haver mais diversidade no FMI. Ter só homens no FMI é uma fraqueza. Qualquer organização fica mais forte se tiver diversidade de sexo, académica ou geográfica.

Tradução: Deveriam perguntar a uma mulher, mas sim, quando for o caso de dizer coisas bonitas cá estou: viva a diversidade, mais espaço para as mulheres.

O mundo ainda se encontra em retracção económica. Partindo do princípio que é eleita, pode conseguir evitar outro colapso económico? 

Sim. Na realidade, identificar onde é que se estão a formar as bolhas é uma das competências do trabalho para o qual me candidato. É claro que os países também têm de ouvir o que o FMI tem para lhes dizer.

Antes de 2008, o FMI apresentou relatórios que avisavam para o colapso que se deu. É por isso que, além de um staff competente, o FMI necessita de um director-geral que seja politicamente astuto e que avise governantes dos países: “Cuidado, está para acontecer qualquer coisa.”

O FMI não deve ser só o bombeiro, deve ser também um sistema de alerta.

Tradução: O truque está em fazer e acreditar em tudo o que dissermos.
Por exemplo, antes de 2008 o FMI tinha visto alguns sinais esquisitos, mas foi o primeiro a dizer que tudo estava sob-controle.
Agora temos que encontrar um director  que de vez em quando diga: “Cuidado, está para acontecer qualquer coisa”, assim será possível reclamar um pouco de credibilidade.  

Foi apontada para liderar o FMI devido ao escândalo de Dominique Strauss-Kahn. Como é que isto mudou a cultura política francesa?

Tornou as mulheres mais fortes, dando-lhes confiança para falar e serem respeitadas.

Tradução: As mulheres perceberam que podem ser envolvidas em escândalos sexuais que têm como pano de fundo jogos de poder.

Recebeu algum tipo de conselho de Strauss-Kahn sobre como governar o FMI?

Obviamente que não.

Tradução: Conselhos? Pudesse mataria-me.

Ipse dixit.

Fonte: Metro

4 Replies to “Oui, je suis le FMI”

  1. "A grande preocupação de quase todos os países é criar emprego, sobretudo, para os jovens. Se eu tivesse só um objectivo centrava-me em garantir a criação de emprego para os jovens. Parece um grande sonho, mas temos de nos perguntar ao fim do dia em que é que gastámos 15 horas."

    Tradução: Temos de arrumar qualquer coisa para os jovens fazerem: mesmo um sub emprego já basta. Não podemos correr o risco de algum engraçadinho organizar alguma revolta e esses pestinhas começarem a protestar em praça pública.

  2. Se a economia não colaborar e não ter emprego para esses pestinhas, ok, temos muito intorpecentes sendo produzidos no afeganistão… no méxico… na colômbia…

    É só fazer propaganda que ser ativista é ser contra o sistema… e com isso usar todas as drogas ilícitas possíveis… assim vocês estará lutando contra o sistema…

    E ficará louco o suficiente para não organizar revolta alguma…

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