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Monsanto mata. UE sabe. E não fala.

Já a partir dos anos Oitenta e Noventa, a indústria química e os comissários da União Europeia tinham as provas de que o Roundup da Monsanto, o mais vendido do pesticida no mundo e utilizado principalmente como um complemento para os OGM, provoca defeitos de nascimento.

Mas ninguém falou e os cidadãos nada souberam.Também é verdade que o cidadão pouco se interessa dos pesticidas, por isso importunar-lo para quê?

Esta é a conclusão dum novo relatório,o Roundup and birth defects: is the public being kept in the dark?, redigido por um grupo internacional e publicado no passado dia 7 de Junho. Obviamente é inútil procurar alguma coisa nos media: não há.

Desde os anos Oitenta as investigações da indústria química (incluído uma comissão da Monsanto) mostraram que o glifosato ((N-(fosfonometil) glicina, C3H8NO5P, um herbicida sistémico não selectivo desenvolvido para matar ervas, principalmente perenes) do Roundup causa malformações em fetos de animais de laboratório.

A Comissão Europeia tem conhecimento destes relatórios, pelo menos desde 2002, quando os estudos foram submetidos à atenção da Comissão para a aprovação do produto. Aprovação que foi concedida e que ainda está em vigor, ora essa: desejamos que a Monsanto fique mal? Não.


Mas esses estudos não foram tornados públicos. Pelo contrário, os comissários deliberadamente enganaram o público sobre a segurança do glifosato.
Por exemplo, a agência federal de defesa do consumidor e da segurança alimentar da Alemanha reiterou que “não há evidência de teratogênese” (desenvolvimento anormal de determinadas regiões do feto) provocado pelo glifosato.

Afirmação, esta, proferida em resposta a um estudo de pesquisadores independentes argentinos, os quais tinham mostrado que o Roundup é responsável por malformações em rãs e aves em concentrações muito mais baixas daquelas que são normalmente pulverizadas nos campos.

Uma pesquisa que tinha surgido com base em estudos sobre a alta taxa de defeitos congênitos e de câncer na população da América do Sul, uma área onde se faz uso extensivo da soja transgênica Roundup, criada para tolerar grandes quantidades do pesticida Roundup.

Uma soja criada para tolerar grandes quantidades dum pesticida que provoca malformações nos fetos. Sim senhor, faz sentido: desejamos que a soja fique mal? Não.

Claire Robinson, co-autor do estudo sobre o Roundup,explica:

Parece ter havido uma tentativa deliberada de encobrir a verdade por parte da indústria química (compreensível, mas não desculpável) e de quem era suposto controlar (inexplicável e indesculpável). Tudo sobre a pele da segurança pública. Também porque o Roundup é usado não só na agricultura mas também em jardinagem, parques e áreas verdes nas escolas, graças à falsa informação de que é seguro.

Uma regulamentação mais rígida sobre os pesticidas deve ser aprovados pela UE este mês.

E o glifosato, em teoria, deveria ser banido de forma definitiva., dado que desta vez serão tidos em consideração os estudos independentes, que mostram que a substância causa defeitos congénitos, câncer, disfunção endócrina e outros efeitos, mesmo em baixas concentrações.

O problema é que a autorização do glifosato tinha que ser revista em 2012, mas a Comissão Europeia, no silêncio total, aprovou uma directiva que estabelece a revisão só em 2015, juntamente com outros 38 outros pesticidas.

Desejamos que os 38 pesticidas fiquem mal? Não.

Ipse dixit.

Link: O relatório Roundup and birth defects: is the public being kept in the dark? é disponível em versão integral e língua inglesa neste link (Scribd)

Fontes: HuffPost Social News, GMWatch