Site icon

Comunicação de serviço

Breve OT, Off Topic, como dizem os Ingleses.

Os leitores já terão perguntado: “Mas este mal criado de autor não responde aos comentários? O que é isso?”
Peço desculpa, de facto nos últimos dias não respondi e estou atrasadíssimo com os e-mails também.
Não é falta de consideração, pelo contrário: leio tudo, mas tudo mesmo. E com imenso prazer. Mais: aproveito para agradecer!

A verdade é que ainda estou a trabalhar nas obras de casa.

“Ainda???”
Pois, ainda.

Aliás, uma dica: se alguém tenta vender-vos uma casa com uma infiltração de água, podem cuspir-lhe na cara. Digam que autorizei eu.


Tentar repara uma infiltração é muito parecido com a espeleologia. Cava-se com gotas que pingam, mesmo que a infiltração seja pequena, como no meu caso (e ainda bem), no meio dum material que um tempo deveria ter sido uma substância conhecida, como o cimento, mas que hoje é uma espécie de pudim sólido acinzentado.

E, de vez em quando, aparece uma forma de vida: algo que a ciência ainda ignora, evidentemente, e que observa o novo chegado (eu) enquanto pensa “Olha, uma nova forma de vida, algo que a ciência ainda ignora, evidentemente”.

E lembramos das nossas palavras proferidas nos tempos felizes, isso é, antes das obras começarem: “Ah, é uma pequena mancha, vou resolver isso em meia hora, talvez menos, nem vale a pena chamar alguém”. 

É uma boa ocasião para os vendedores das lojas especializadas apresentarem os productos mais exóticos (exóticos para quem não é do ramo, claro). Como a espuma.
A espuma faz tudo: impermeabiliza, solidifica, reforça, se necessário até canta uma canção. Mas sobretudo enche. Enche de maneira incontrolada.

Ao posicionar a espuma (spray), pensamos: “só isso”? De facto, o que sai da embalagens é uma subtil tira parecida com a nata dos doces. Então esvaziamos o conteúdo, dirigimos maus pensamentos ao vendedor, com votos dum futuro pouco risonho para ele e a sua família também.

Depois, de forma devagar mas inexorável, a nata ganha vida e volume. Descobrimos assim que a espuma quer espaço, muito espaço: aliás, a espuma quer todo o espaço disponível, não apenas na fenda da infiltração, mas parece intencionada a visitar o mundo nas redondezas. O resultado é que onde havia um pequeno buraco, agora há uma escultura amarelada, de dimensões assinaláveis, e rija. Que precisa de ser cortadas.

Esta é a infiltração.
Depois será a vez de pintar as paredes e posicionar o chão flutuante.

Vou ficar velho aqui.

Mas o leitor ignore, tudo isso. Continue a comentar. Entre uma nova forma de vida e a espuma assassina, terei a possibilidade de ler, com prazer, algo de interessante.

E por isso, ainda uma vez, agradeço.

Ipse dixit.