BitCoin?

Bitcoin, um projecto open source criado em 2009 por Satoshi Nakamoto, é a primeira moeda do mundo digital, distribuída e anónima. parece uma afirmação um pouco complexa, mas na realidade não é muito difícil de compreender.

Desde que existe internet, vimos passar todos os tipos de dinheiro virtual.
As moedas de Facebook, por exemplo, com as quais é possível comprar produtos virtuais nos jogos, ou o Microsoft Point, a moeda do mercado para Xbox Live e a loja Zune. É possível troca-las por Dólares ou Euros.

Mas, ao contrário do dinheiro “real”, o dinheiro online precisa sempre de um intermediário que garanta a confiabilidade da operação. E isto porque o dinheiro digital é diferente numa característica muito importante: se eu entregar uma nota de 100 Euros, fico sem ela.

Mas não podemos ter a mesma segurança quando o meu dinheiro for feito…de nada, sendo virtual. Portanto, sempre foi necessário ter uma terceira parte de confiança, que apague o montante transferido da conta do pagador.

Bitcoin é o primeiro dinheiro digital que resolve o problema do Double Spending (literalmente, “gastar duas vezes”, NDT) sem o uso de um terceiro.

A idéia é distribuir os bancos de dados de todas as transações através duma rede Peer2Peer. Isto permite manter-se a par de todas as transferências de modo a evitar que a mesma moeda possa ser utilizada várias vezes. E sendo o sistema distribuído com serviços tipo BitTorrent, não há nenhuma autoridade central.

Isso torna Bitcoin igual aos Dólares ou aos Euros: uma vez gastos, não podem ser utilizados uma segunda vez, sem a necessidade dum terceira parte que controle.

Mas há mais: o dinheiro Bitcoin tem um comportamento muito semelhante ao das notas no sentido tradicional, que são anónimo.
Se formos a feira da ladra a comprar um velho Commodor 64, pagando em dinheiro, não há qualquer vestígio da operação. Não é preciso conhecer o nome do vendedor, e este não precisa de saber qual o nome do comprador.
O contrário do dinheiro eletrónico convencional que fornece várias informações acerca de quem vendeu e quem comprou. O uso de  Bitcoin apoia-se na criptografia de chave pubblica, por isso não há maneira de descobrir quem enviou o dinheiro.

Um novo conceito

Bitcoin é potencialmente revolucionária por várias razões.

Para começar, não é possível inflaccionar a moeda à vontade.
Na maioria dos Países, um banco central controla a emissão de notas e moedas e pode decidir de “injectar” mais dinheiro na economia.
O banco central faz isso, essencialmente, com a simples impressão de dinheiro. Mas mais dinheiro no sistema implica que o dinheiro que terá menos valor, por isso: inflacção.

BitCoin não tem nenhuma autoridade central, ninguém pode decidir aumentar a oferta de moeda. A taxa de novos BitCoin inseridos no sistema é definida por um algoritmo público e, portanto, perfeitamente previsível.

Mas, provavelmente, ainda mais revolucionário é o facto de não precisar dum intermediário para as transações e, portanto, os governos não podem impor leis arbitrárias. E o completo anonimato Bitcoin torna difícil perseguir os utilizadores.

No seu novo livro, Kingpin, Kevin Poulsen explicar como os hackers desfrutassem o e-gold para as suas transações comerciais.
Embora centralizado, e-gold não exigia identificação para abrir uma conta, tornando de facto anónimo o seu uso. Isso até o FBI entrar nos escritórios da empresa e a empresa ter começado a colaborar. As informações obtidas a partir do estudo das operações levou a várias detenções e afinal e-gold foi fechada, com os proprietários acusados ​​de reciclagem de dinheiro.

No caso de BitCoin, este é um projecto open source, livremente disponível na internet: não há empresas, ninguém que possa ser processado, tudo está à vista.  Mesmo ao colocar offline BitCoin.org e ao remover o software, hospedado actualmente no Sourceforge, o dinheiro e suas operações continuariam a funcionar exatamente como antes.
Sendo um PeerToPeer, parar um dos indivíduos que compõem o sistema teria um impacto mínimo sobre o mesmo sistema.

E sendo o dinheiro anónimo, não há ninguém que possa ser rastreado. 
As implicações

Nesta altura, alguns leitores já estarão com os cabelos em pé: “Mas isso é o paraíso das fraudes, dos cartões de créditos roubados, dos terroristas, dos pedófilos!”

Como para qualquer nova tecnologia, existem boas e más implicações.

Entre as más, óbvio, o facto de BitCoin poder facilitar as operações ilegais

Mas as boas implicações são boas mesmo.
Os cidadãos honestos podem realizar os próprios negócios sem que ninguém possa espia-los, como acontece agora, sem que ninguém possa dizer-lhes o que podem ou não podem fazer.

O leitor quer ajudar WikiLeaks ou alguma outra organização politicamente inconveniente? Agora há problemas, pois as contas de Wikileaks, por exemplo, foram bloqueadas (e, de facto faz sentido: dinheiro para quê? Já há a CIA que paga).

Com BitCoin nenhum problema.

O leitor vive num regime opressivo e quer comprar um livro ou um documentário censurados? Com BitCoin é possível. E não admira que Electronic Frontier Foundation defina Bitcoin define como “a moeda digital a prova de censura”.

Isso sem contar o facto dos bancos centrais não poderem gerir a moeda; dos bancos privados verem a própria margem de manobra drasticamente reduzida. BitCoin é uma grave ameaça para o actual sistema especulativo e para todas as instituições que lucram enormemente com as transacções económicas e financeiras. 

Claro, é apenas o começo e com certeza há muito trabalho a fazer. No entanto, o valor da economia de BitCoin é actualmente estimado em cerca de 5 milhões de Dólares e encontra-se em continuo crescimento, assim como o número de comerciantes que aceita o pagamento em BitCoins.

Fonte: BitCoinTechland

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